Ao ver a sua fortuna ultrapassar a marca dos mil milhões de dólares em 2020, Cristiano Ronaldo tornou-se no primeiro futebolista a entrar para o clube dos multimilionários, do qual faziam já parte outras duas lendas do desporto: o golfista Tiger Woods e o pugilista Floyd Mayweather.
Aos 37 anos e ainda sem fim anunciado para uma carreira de 20 anos repleta de glória – cinco Bolas de Ouro, outras tantas Ligas dos Campeões, um título europeu por Portugal, títulos nacionais em Inglaterra, Espanha e Itália – o craque português, que dividiu nos últimos 15 anos com o argentino Lionel Messi o lugar mais alto do Olimpo do desporto-rei, conquistou um peso comercial quase sem igual. Cristiano Ronaldo é uma verdadeira máquina de fazer dinheiro, entre salários, patrocínios, investimentos e participações. Em 2020, CR7 ocupou o quarto lugar na lista das 100 celebridades mais bem pagas da Forbes, com 92,5 milhões de euros. Acima da estrela da Juventus e da selecção portuguesa estão apenas Kylie Jenner (520 milhões de euros), Kanye West (150) e Roger Federer (93,7).O top 5 fecha com o rival, Leo Messi (91,6). O contrato assinado em 2018 com a Juventus fez dele o jogador de futebol mais bem pago da Europa: 31 milhões de euros por temporada, embora o jogador português tenha aceitado depois uma redução de salário em de cerca de 3,75 milhões de euros para fazer face à crise financeira que a pandemia fez também abater sobre o futebol profissional. Atualmente no Manchester United, assinou um contrato de duas temporadas num total de 50 milhões de euros. Ou seja, o craque português ganha, por temporada, 25 milhões de euros do clube inglês.
De entre os vários patrocínios que formam uma fatia substancial do rendimento do craque português, o mais rentável é, sem dúvida, o da Nike. A marca de desporto norte-americana fez com Cristiano Ronaldo o que só antes fizera com Michael Jordan e LeBron James, as maiores estrelas da NBA : um contrato vitalício, que dará a CR7 cerca de 20 milhões de euros por ano. A Nike não está propriamente a atirar dinheiro pela janela: já em 2016, a marca estimou que só a presença social de Cristiano Ronaldo tinha gerado 474 milhões USD em receita, 418 milhões de euros ao câmbio actual.
Segundo a plataforma especializada Hopper, por um único post patrocinado nas redes sociais, Cristiano Ronaldo ganhará quase 800 mil euros, um valor que temos todo o direito de considerar como exagerado mas que temos de ver como sinal dos tempos: Cristiano Ronaldo tem 412 milhões de seguidores no Instagram, 150 milhões no Facebook e 98 milhões no Twitter.
Não é só à Nike que o capitão da selecção nacional “empresta” a sua imagem. Entre as várias marcas que patrocinam Cristiano Ronaldo está a Altice desde 2015 (o contrato foi renovado em 2019), a Herbalife Nutrition (um negócio de meio milhão de euros por ano), a Clear Haircare, marca líder na produção de champôs e produtos para o cabelo da qual Cristiano Ronaldo é a cara desde 2014, ou a American Tourister, empresa do grupo Samsonite à qual o jogador deu o rosto em 2018 a troco de aproximadamente 400 mil euros por ano.
A isto tudo junta-se ainda a própria marca CR7 através de uma série de investimentos e produtos em nome próprio. A começar pelos Hotéis Pestana CR7 Lifestyle, uma parceria com a conhecida cadeia hoteleira nacional com duas unidades, uma na Madeira natal do jogador e outra em Lisboa. Para este ano está prevista a abertura de um hotel em Madrid, cidade onde Cristiano Ronaldo passeou a sua classe futebolística entre 2009 e 2018 ao serviço do Real Madrid.
A impressionante forma física é uma das imagens de marca de Ronaldo e não pode, naturalmente, ficar fora dos seus negócios. Desde 2017 que o craque mantém uma parceria com a cadeia de ginásios norte-americana Crunch, com o nome de CR7 Fitness by Crunch. A cadeia, que já está presente em Espanha, prepara-se para chegar agora a Portugal, com a abertura de dois ginásios, em Lisboa e no Porto. Juntemos ainda aos negócios da marca CR7 o CR7 Footwear, a marca de calçado lançada em 2015, a CR7 Underwear, a linha de roupa interior lançada em 2013, sem esquecer a Cristiano Ronaldo Legacy, o perfume em nome próprio em colaboração com a Eden Parfums, ou a Insparya, a clínica de transplante capilar que o jogador da Juventus abriu em Madrid em março de 2019.
Muitas outras marcas no passado recente aproveitaram o nome e o estatuto de Cristiano Ronaldo. Eis uma lista, não exaustiva: Panzer Glass, Smaaash Entertainment, Abbott, Banco Espirito Santo, Castrol, Emporio Armani, Soccerade, Konami, KFC, Samsung, Jacob and Co, Sport Lobster, Emirates Airlines, ZTE, Xtrade, Exness, Toyota, Save The Children, TAG Heuer, Poker Stars e Egyptian Steel.
As casas de Ronaldo
Dinheiro ganho, dinheiro gasto. Cristiano Ronaldo já acautelou o futuro – e dos seus – depois de arrumar as botas e a fortuna que arrecadou é suficiente para o craque desfrutar a vida. E aqui entram as muitas propriedades que CR7 tem espalhadas pelo mundo.
Comecemos pela mais recente, comprada no ano passado por 7,2 milhões de euros no centro de Lisboa, um apartamento T3, com três suites, vista de 360º e piscina particular, situado no 13.º andar do Edifício Castilho 203, com uma área interior de 288 m² e 260 m² de terraço. Os proprietários dos apartamentos no edifício têm à disposição duas piscinas, SPA com sauna, ginásio, segurança 24 horas por dia e estacionamento privativo.
A viver em Itália desde 2018, Ronaldo optou pelas colinas de Turim para se instalar com Georgina Rodriguez e os seus quatro filhos, adquirindo uma villa envolta por árvores e vegetação, longe dos olhares indiscretos. “É como se Turim estivesse aos pés de Ronaldo”, escreveu o jornal Gazzetta dello Sport logo após a chegada de Ronaldo à cidade do norte de Itália.
Em Madrid, onde viveu durante uma década, CR7 deixou a Villa La Finca, avaliada em mais de 5 milhões de euros. Projetada pelo arquiteto Joaquin Torres, está situada numa comunidade exclusiva no noroeste da capital espanhola e inclui um ginásio em casa totalmente equipado e uma piscina exterior.
Espanha é uma das escolhas habituais de Ronaldo para as férias e, por isso mesmo, o jogador comprou no ano passado uma luxuosa moradia de férias em Marbella. A casa, que custou 1,4 milhões de euros, tem uma piscina infinita, ginásio, uma espectacular vista para o Mediterrâneo e está rodeada de campos de golfe. Um dos vizinhos no complexo The Heights dá pelo nome de Conor McGregor.
Juntemos ainda a propriedade de quase 8 milhões de euros que Ronaldo adquiriu no Funchal em 2015, um armazém abandonado que transformou numa mansão luxuosa com vista para o Oceano Atlântico e que para além de duas piscinas, uma delas coberta, possui também um campo de futebol onde pode passar a sua arte a Cristianinho, o filho do craque que já alinha pelos escalões jovens da Juve.
E, para acabar esta viagem pelo património imobiliário de Cristiano Ronaldo, acrescente-se o apartamento na Trump Tower de Nova Iorque, avaliado em 14,5 milhões de euros e adquirido pelo jogador em 2015. Na altura, a compra do espaço de 2.505 metros quadrados no alto do arranha-céus do agora Presidente dos Estados Unidos levou a rumores de que Ronaldo estava prestes a ingressar na MLS, a liga norte-americana mas, para já, o apartamento está vago.
Outros luxos
No império de Cristiano Ronaldo – cuja holding, agora denominada de CR7 Lifestyle, mudou este ano a sua sede fiscal do Luxemburgo para Portugal – cabe também a sua paixão pelos automóveis desportivos, pelo que, naturalmente, a garagem do futebolista guarda alguns dos carros mais caros e exclusivos do mercado. A começar pelo “La Voiture Noire”, um modelo único da Bugatti fabricado para comemorar os 110 anos da marca francesa,que CR7 comprou em 2019 por 11 milhões de euros. Não é, diga-se, o único Bugatti do craque, que já possuía um Chiron, avaliado em 2,5 milhões de euros.
Da colecção automóvel de Cristiano Ronaldo fazem ainda parte “bombas” como o Lamborghini Aventador LP 700-4, o Rolls Royce Ghost, o Porsche 911 Turbo S, o McLaren MP4-12C, um Ferrari 599 GTB Fiorano, o Maserati GranCabrio ou um Aston Martin DB9.
Outro luxo recentemente acrescentado à coleção do melhor marcador da história da selecção nacional é o Rolex GMT Master Ice, apenas o relógio mais caro alguma vez feito pela marca suíça. De ouro branco e incrustações de diamantes de 30 quilates, está avaliado em meio milhão de dólares, cerca de 442 mil euros
O que Ronaldo dá
Cristiano Ronaldo ganha fortunas mas também dá, e muito. A generosidade do craque é visível em muitas áreas. Em 2011, colocou a sua Bola de Ouro em leilão, onde foram arrecadados cerca de 1,5 milhão de euros para a construção de edifícios escolares em Gaza. Para a Save the Chidren, ainda em 2011, uma camisola assinada pelo agora avançado da Juventus foi leiloada por 37 mil euros.
CR7 é também embaixador da Unicef e da ONG World Vision. Foi a favor destas organizações que doou o prêmio pela vitória da Liga dos Campeões em 2014, no valor de 450 mil euros.O prémio de 600 mil euros pela vitória na Liga dos Campeões em 2016 foi também doado para instituições de caridade e, no ano seguinte, leiloou a Bola de Ouro que conquistara em 2013, arrecadando cerca de 600 mil euros para a fundação Make-A-Wish.
Doou ainda 150 mil euros ao hospital em que a mãe, Dolores Aveiro, fez os tratamentos contra um cancro da mama, e assumiu os custos médicos (60 mil euros) da operação ao cérebro de um bebé de 10 meses, Erik Ortiz Cruz. Em 2017, aliás, a Gazzetta dello Sport distinguiu Cristiano Ronaldo como o jogador mais solidário do mundo.
*Com Paulo Narigão Reis