A Web Summit anunciou o novo CEO do evento, que tem lugar em Lisboa, entre 13 e 16 de novembro, isto depois da demissão de Paddy Cosgrave após comentários sobre o conflito em Israel, os quais geraram celeuma. Trata-se da norte-americana Katherine Maher, 40 anos, natural de Wilton, do Estado do Connecticut.
Maher trabalhou no HSBC em Londres, no Banco Mundial e na UNICEF, tendo ainda ocupado a função de diretora executiva da Fundação Wikimedia, a organização sem fins lucrativos global por trás da Wikipédia, de março de 2016 a abril de 2021.
Foi Diretora de Advocacia da organização internacional de direitos digitais Access em Washington, onde trabalhou em questões políticas globais relacionadas com a liberdade de expressão, acesso à informação e privacidade.
A Web Summit 2023 vai decorrer em Lisboa de 13 a 16 de novembro, sendo esperadas 2.600 ‘startups’ e cerca de 70 mil participantes.
Anteriormente, desempenhou funções de apoio aos esforços de cidadãos e governos de todo o mundo para adotarem a transparência e tecnologias, trabalhando com ativistas e defensores dos direitos humanos no uso da tecnologia para apoiar reformas democráticas e os direitos humanos, e concebendo programas ICT4D de apoio a comunidades em desenvolvimento.
Tendo Paddy Cosgrave se demitido por declarações a propósito do clima de guerra que se vive em Israel e na Faixa de Gaza, não deixa de ser curioso o facto de Maher se ter formado no Programa Intensivo de Língua Árabe do Instituto de Língua Árabe da Universidade Americana do Cairo em 2003, que ela aponta como uma experiência formativa que lhe incutiu um profundo amor pelo Médio Oriente. Maher posteriormente estudou no Institut français d’études arabes de Damas na Síria e viveu ainda no Líbano e na Tunísia.
Em 2005, Maher recebeu o diploma de bacharel pela Universidade de Nova Iorque em estudos islâmicos e do Médio Oriente.
Numa carta aberta, a agora CEO da Web Summit diz que a conferência entra na sua próxima fase: “Tenho o prazer de anunciar que me juntarei ao Web Summit como CEO, porque acredito na missão do Web Summit de conectar pessoas e ideias que mudam o mundo. A nossa tarefa imediata é voltar a focar-nos naquilo que fazemos melhor: facilitar discussões entre todos os envolvidos no progresso tecnológico”.
De acordo com Katherine Maher, “num presente onde a tecnologia está interligada em todos os aspetos das nossas vidas, e num futuro em que representa a nossa maior esperança e o nosso maior disruptor, o papel da Web Summit como local de ligação e conversa é mais urgente do que nunca”.
“Desde a sua criação, há 14 anos – 150 pessoas numa sala de conferências apertada em Dublin – a Web Summit tem como objetivo reunir pessoas: inovadores, investidores, decisores políticos, pensadores, líderes empresariais e todos aqueles que irão moldar o mundo de amanhã. Todos os anos, é a sua participação que cumpre esta promessa. Quero agradecer a todos pelo apoio ao longo dos anos e espero vê-los em breve”, conclui Katherine Maher, numa altura em que dentro de duas semanas irão reunir-se em Lisboa até 70 mil pessoas.
A administração anunciou também que nomeou Damian Kimmelman como administrador não executivo da Web Summit.
Kimmelman foi cofundador de diversas empresas e organizações nos Estados Unidos e na na Europa, incluindo a startup Batelle e a organização sem fins lucrativos FoundersPledge.com.
A história da demissão de Paddy Cosgrave
Paddy Cosgrave demitiu-se do cargo depois de várias empresas cancelarem a participação no evento, na sequência de afirmações que fez sobre Israel.
Em 13 de outubro, o ex-presidente executivo escreveu na rede social X (antigo Twitter) uma publicação que deu origem a várias críticas.
“Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais que, com a exceção particular do Governo da Irlanda, pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados e devem ser denunciados pelo que são”, disse, em alusão conflito entre Israel e o Hamas.
Depois da onda de críticas, Paddy Cosgrave pediu desculpas, o que não impediu que várias empresas cancelassem a sua participação na Web Summit.