O homem responsável por manter o mundo entretido frente a um écrã consegue fazer isso sozinho, pelo menos hoje, sentado a um computador, no quarto do filho, um espaço simples e despojado. Ou seja, um cenário tão despretencioso quanto Reed Hastings, co-fundador e co-CEO da Netflix, cujo exército global de inovadores revolucionou o entretenimento doméstico. Enquanto Hollywood mede os escritórios das pessoas pela sua gradiosidade e prémios nas prateleiras, o analítico Hastings, um intruso de Silicon Valley, prefere a funcionalidade às armadilhas.
A Netflix funciona aualmente à escala mundial. E, enquanto a pandemia está a arrasar os grandes estúdios da indústria do entretenimento – dos despedimentos nos parques temáticos da Disney, ao fim dos blockbusters da Warner Bros, passando pelo fecho das salas de cinema da AMC –, a Netflix vive o seu momento áureo.
Ganha prestígio, com um recorde de 160 nomeações para os Emmy Awards, ofuscando a HBO, há muito dominante, e conquista mais nomeações para os Óscares que qualquer outra empresa de media. Ganha influência, ao conquistar quase tantos clientes nos primeiros seis meses como em todo o ano de 2019, chegando perto de 200 milhões de subscritores em 190 países. E acumula receitas. Com as vendas a crescer 25% ao ano, os lucros mais do que duplicaram e as ações subiram 50%. A sua recente capitalização bolsista foi de 213,3 mil milhões de dólares (cerca de 1,832 mil milhões de euros).
Todos estes dados provêm de dados analíticos, e são uma síntese perfeita de Hollywood e Silicon Valley, na medida em que criam conteúdos com base num conhecimento profundo dos gostos dos seus utilizadores. “Queremos ser melhores a criar histórias sobre aquilo que as pessoas querem falar e ver do que todos os nossos concorrentes”, diz Hastings à FORBES. A história para ler na sua Forbes 53.