Hoje arranca o Campeonato Europeu de Basquetebol, o EuroBasket 2025, na qual, a seleção portuguesa conquistou a participação quebrando um jejum de 14 anos. Os Linces comandados pelo selecionador Mário Gomes começam a driblar o percurso no europeu que decorre até 14 de setembro, sendo que estão integrados no Grupo A onde figuram as equipas da Sérvia, Estónia, Letónia, Turquia e Chéquia.
Em Riga, capital da Letónia e um dos palcos do Eurobasket 2025 que acontece também no Chipre, Finlândia e Polónia, a seleção das quinas defronta a Chéquia. Antes do arranque do Campeonato Europeu, a Forbes Portugal e Forbes África Lusófona conversou com uma das estrelas dos Linces, Neemias Queta, atleta que marcou a estreia de um português na competitiva liga norte-americana de basquetebol, NBA. O luso-guineense foi protagonista da capa da revista Forbes África Lusófona, também detida pela Media9 Participações, onde falou das expetativas face a esta participação. Aos 10 anos Neemias Queta “nasceu” para o basquetebol levado pela irmã Miriam que já era jogadora. Desde então conseguiu fazer um percurso de vitórias em equipas de elite em Portugal até concretizar o sonho maior: ser escolhido no draft da competitiva NBA, em 2021, pelos Sacramento Kings. Atualmente está ao serviço dos Boston Celtics. Aqui fica um excerto da entrevista que pode ler na íntegra na Forbes África Lusófona que está nas bancas.
Estamos perto do arranque do Campeonato Europeu de Basquetebol Masculino, o EuroBasket 2025. Que expectativas é que se pode ter da participação da Seleção portuguesa sabendo que vão estar os grandes tubarões, mas Portugal conquistou a presença na competição?
A expectativa é jogo a jogo. Sabemos que, na teoria, não somos favoritos para ninguém, mas acho que temos muito por provar, quer seja individualmente, para cada um de nós, quer seja coletivamente. Acho que temos bastante para provar ao mundo que temos uma boa equipa, temos bom basquete, temos bons jogadores e acho que é a oportunidade perfeita para nos mostrarmos ao mundo.
E um bom desempenho no EuroBasket vai ajudar a cativar mais jovens para o basquetebol?
Sim, se esse for um dos resultados do Europeu, fico muito contente com isso e dá-nos um sentimento de realização ainda maior. Mas o objetivo não é esse. O objetivo é ir lá e ganhar jogos e a partir daí tudo o que vier é por acréscimo. Sabemos que não é um grupo fácil. Temos imensos jogadores que já jogaram ou na Liga ou que jogam ao mais alto nível na Europa ou no mundo. A nossa meta é mais ir jogo a jogo do que pensar muito à frente porque só causa mais distrações.
O que é que falta ao basquetebol português, na tua visão, para que possa crescer de forma mais estruturada e possa atrair mais jovens como acontece com o futebol?
Em Portugal o objetivo do basquetebol nunca deve ser de se comparar ao futebol. Acho que em Portugal o futebol tem um sentimento, tem um historial bem diferente, mais consistente, com mais até mais afeição ao povo português do que qualquer outra coisa. Agora o que podemos dizer sobre o basquete é que temos de evoluir em termos da forma como atacamos o dia a dia, como se investe nas camadas jovens, como se faz a transição da camada jovem para as equipas seniores de uma maneira, digamos que, mais suave. Acho que é mais aí que temos de pensar do que ficar na comparação com o futebol. E acho que estamos num bom caminho. Se formos a ver, desde há muitos anos até agora, temos vindo a crescer no basquete em termos de jogadores de formação federados e acho que estamos num bom caminho nesse aspeto. Desde as seleções nas camadas jovens a fazer resultados históricos acho que estamos, sem dúvida, num bom caminho. E é continuar, vamos ter de levar um pouco o comboio e continuar a seguir.
Qual foi a sensação de, finalmente, ter sido uma das escolhas para o draft para a NBA?
Devo dizer que foi um momento muito marcante para mim. Acho que me deu um bocado o sentimento de que foi uma realização total. Foi um coming full circle. Digamos que estava há muito tempo a trabalhar para chegar àquele momento. Ter eu ter o meu nome e ser chamado pelo comissário e ter uma equipa a apostar em mim. Foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira e acho que vou levá-lo para sempre.
Ao longo deste tempo que tens estado na NBA, como é que descreves esta experiência num palco que, para muitos jovens, ainda é um sonho um bocadinho longe?
Tem sido incrível, única. Tudo o que eu sempre imaginei que iria ser tem sido ainda melhor. A NBA é um mundo
bastante competitivo em que sabes que todos os dias tens de estar pronto para jogar. E acho que isso dá-te vontade de trabalhar, dá-te mais motivação. Todos os dias estás pronto para vir dar tudo porque traz aquele espírito competitivo ao de cima. Ter de jogar contra os melhores do mundo todos os dias só te faz melhor. E acho que estou bem encaminhado porque tenho vindo a crescer todos os anos e com mais confiança, mais à vontade, mais estabilidade. Acho que ainda é o melhor que está por vir.
Como é que vai ser a tua próxima temporada na NBA?
Para a próxima temporada o objetivo é ser competitivo à mesma. Não interessa quem cá está, quem não está. Vamos tentar fazer o nosso trabalho. Sabemos o peso de usar o símbolo dos Celtics no peito e quão importante é para a cidade [Boston] que os Celtics estejam bem. Então vamos trabalhar sempre com esse objetivo em mente. Mas por agora não estou virado para os Celtics, estou mais virado para o [Campeonato] Europeu. Temos um grande desafio pela frente e acho que já estamos bastante entusiasmados com isso.