O Terracota branco, um vinho “sem regras” e sem um “modus operandi definido”, que faz jus ao lema da empresa produtora, a No Rules Wines, acaba de chegar ao mercado com o objetivo de mostrar que “as fronteiras vínicas são apenas linhas imaginárias” e que é possível fazer-se no Dão um vinho, sob a certificação IGP Terras do Dão, com recurso a um material invulgar na região, as talhas, maioritariamente utilizadas na região do Alentejo.
Oriundo de duas vinhas velhas da sub-região da Serra da Estrela, situadas em Lagarinhos, a uma cota de 490 metros, e em Rio Torto, a 450 metros, este vinho resulta de um blend, onde reina o Bical, o Arinto do Interior e o Fernão Pires. “Neste local, encontramos um perfil de fruta complexo e uma ‘raiz’ de acidez fresca que nos permite construir um vinho linear, ao qual acrescentamos, no processo de curtimenta e maturação em barro, várias camadas de sabor e textura”, salienta o enólogo Tiago Macena.
Ao mercado, chegam 1300 unidades deste Terracota branco. Vinho já está disponível em alguns restaurantes em Lisboa, Porto e Algarve.
Referem os responsáveis desta produção que este vinho resultou de um processo de vindima manual e transporte de uvas, em caixas de 15 quilos para a adega da No Rules Wines, em Nelas, em setembro de 2022. No local, as uvas foram “desengaçadas” e encheram-se “duas talhas e uma tarefa, isto é, uma talha mais pequena que serve para o atesto posterior à fermentação das talhas maiores”, explica Tiago Macena.
Segundo adianta, a fermentação decorreu durante cerca de duas semanas, com “leveduras nativas e sem controlo de temperatura”. Volvidos cerca de dois meses, a equipa de enologia decidiu proceder à “remoção do vinho novo das películas, loteou os vinhos das duas talhas, aproveitando, apenas, o vinho lágrima saído da prensa” e colocou-o em estágio de barro por mais quatro meses.
Deste processo resultaram cerca de 1000 litros de vinho, que, posteriormente, foi depositado em barricas. O objetivo foi “afinar as arestas soltas que lhe sentimos” durante mais três meses, completa o enólogo, até conseguirem atingir a simbiose perfeita entre “a junção do granito das uvas ao barro da talha”, o que que resultou num “vinho único”, com engarrafamento realizado no verão passado.
Como deve ser bebido
Há cerca de 11 meses em garrafa, o Terracota branco encontra-se “num excelente momento de consumo”. O ideal é que seja bebido entre os 12 e os 14ºC, num “copo largo que permita uma expressão total da sua complexidade”, acompanhando bem com pratos de forno, queijos maturados e/ou carnes grelhadas.
A sua complexidade e acidez tensa permitir-lhe-ão uma “evolução harmoniosa” em garrafa durante mais três ou cinco anos, garante Tiago Macena. Segundo a empresa este vinho foi produzido a pensar em enófilos aventureiros e cosmopolitas, dispostos a arriscar em texturas diferentes, chegando ao mercado com um PVP de 50 euros. Há 1300 garrafas disponíveis para venda.