O fim do programa dos vistos gold aprovado pelo Governo e em vigor desde janeiro de 2022 continua a gerar celeuma entre os promotores e investidores imobiliários que se mostram contra o término deste regime. “Não há nenhuma razão para acabar com os golden visa”, afirmou Nuno Durão é senior managing partner da Fine & Country Portugal, durante o evento “Outlook 2024” que se realiza esta quarta-feira, 4 de outubro, na Nova SBE e que marca o sétimo aniversário do “Jornal Económico”.
O responsável da empresa que atua no segmento do imobiliário de luxo relembrou que em 2012, Portugal tinha uma grave crise e cidades abandonadas. “Na Ribeira do Porto, no Cais do Sodré em Lisboa, ninguém lá morava, eram prédios abandonados. A ideia que dá é que só Portugal tem vistos gold, mas vários países têm. É uma forma de atrair investidores”, salientou.
Nuno Durão destacou o facto dos golden visa terem financiado a reabilitação de edifícios e ajudado muito o mercado de arrendamento, questionando porque não se aproveita o golden visa para habitação acessível. “Portugal foi promovido para todo o mundo através dos golden visa e isso funcionou para o imobiliário em prédios inteiros que estavam construídos e perto da falência”, realçou.
Por outro lado, o responsável recordou também que havia golden visa para apoios à cultura. “Conhecem alguém que tenha feito um projeto de apoio à cultura e colocado ao dispor do investidor? Não houve um, e é esse o desconhecimento que custa. Isso tem de ser empacotado para chegar ao investidor. Ninguém fez isto na cultura, mas fez-se no imobiliário”, enfatizou.
Ainda sobre o tema dos vistos gold, o partner da Fine & Country Portugal defendeu que é preciso saber separar os vários locais de residência onde cada um pode viver. “Os portugueses normais não têm, nem podem viver no Chiado. Nenhum inglês normal vive em Kensington. Isto é um pouco de provincianismo português. Confundir estes dois mercados é um disparate. Ninguém consegue construir abaixo dos três mil euros\m2”, afirmou.
Sobre o mercado imobiliário em Portugal, o responsável defende que há um desconhecimento enorme do sector. “Não conheço nenhum país em crescimento económico onde o imobiliário ande para trás. Quando querem estancar ou desvalorizar o imobiliário é sinal que a economia tem algum problema”, referiu.
Para Nuno Durão o preço para construir uma casa é igual em todo o mundo, considerando que existe um “número mágico” do mercado imobiliário. Seria de três mil euros\m2, mas com um salário de mil euros, temos uma margem para a habitação de 350 euros. Com 350 euros não se consegue comprar nada acima de 70 mil euros que é mais ou menos 30m2. O problema da habitação em Portugal tem tudo a ver com os baixos salários”, salientou.
O tema na demora do licenciamento foi outro dos pontos abordado. “Um ano de atraso no licenciamento custa 500 euros\m2, quatro anos já são dois mil euros. O custo de construção são 1.500 euros, já vamos em 3.500 euros\m2. O mercado de habitação é de três mil euros”, realçou.