Em 2011, quando Garrett McNamara surfou a onda que deu origem ao primeiro recorde de ondas grandes (23,77 metros) e colocou a Nazaré nas bocas do mundo, falava-se de alguém que tinha acabado de fazer o “impossível” ou o “impensável”.
Hoje, não há impossíveis na Nazaré.
“É um momento único”, conta Lucas Chumbo à Forbes. “Estás com a tua vida nas mãos, a sentir a maior adrenalina. Sabes que se saíres vivo dali, vais ter uma onda muito especial para ti. Quando eu solto a corda e desço a onda, é um dos momentos em que me sinto mais vivo. Eu vivo para isso, passo o ano inteiro à espera desse momento de novo”.
Para os que definitivamente não se imaginam a enfrentar a força da Praia do Norte, muitas vezes é difícil entender o que leva estes surfistas a fazê-lo. Mas quando se ouve Lucas Chumbo falar sobre o desporto pela qual se confessa “muito apaixonado”, fica-se, pelo menos, com a certeza de que se ele sente o que descreve, então vale a pena vivê-lo.
No Nazaré Big Wave Challenge, prova de ondas grandes da Liga Mundial de Surf (WSL), da temporada de inverno que agora termina, o surfista brasileiro venceu pela quarta vez. Além do sucesso individual, Chumbo venceu também o título coletivo, ao lado de Pedro Scooby. Mas não ficou por aqui. Umas semanas depois, surfou aquele que poderá vir a ser o novo recorde mundial.
Depois de McNamara, os recordes da maior onda do mundo continuaram a ser batidos na Nazaré. Duas vezes por Maya Gabeira, uma vez por Rodrigo Koxa e outra por Sebastian Steudtner. Do lado feminino Maya é a atual detentora do recorde (22,4 metros) e no masculino é Sebastian (26,21 metros).
O sítio
“Na Nazaré nós temos um canhão debaixo de água, que começa nas Berlengas”, diz António Laureano à Forbes. “Basicamente as ondulações vêm a ganhar cada vez mais energia até à Nazaré. Há uma altura em que a ondulação que vem de lá, que se propaga mais rápido, vai colidir com a ondulação normal, que é quando cria aquele efeito daqueles picos gigantes”, afirma.
Ou seja, a Nazaré pode ser o plano ideal para um almoço em família e um passeio num dia quente, ou a lembrança de que ninguém controla a força da natureza. Um contraste que se nota também quando se compara os dados do turismo, da Câmara Municipal. Se em 2014 a Nazaré contabilizou 41.876 visitas ao Forte de São Miguel Arcanjo, em 2022 foram 371.391. Em relação ao número de dormidas em unidades hoteleiras, em 2011 a Nazaré somava pouco mais de 100 mil, em 2022 esse número esteve perto das 250 mil.
“Eu descrevo a Nazaré como o lugar onde se pode realmente aprender sobre si próprio. Na Nazaré não há limites, tornamo-nos nos nossos próprios limites. É um sítio louco, é uma arena, é tão intenso. E pode ser muito bonita quando não há ondas e o tempo está ensolarado. É um sítio fantástico”, afirma Justine Dupont
(Artigo completo na edição de abril/maio da FORBES, já nas bancas)