A Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) está a crescer rapidamente no local de trabalho e este parece um campo em que a paridade de género na sua adoção é uma realidade. O estudo da Boston Consulting Group (BCG), conclui que no setor tecnológico 68% das mulheres utiliza esta tecnologia mais de uma vez por semana para trabalhar, em comparação com 66% dos homens.
O “Women Leaders Are Paving the Way in GenAI” realça ainda que, apesar desta paridade generalizada na adoção da IA Generativa neste setor “existem variações entre géneros consoante a natureza das funções desempenhadas – técnicas ou não técnicas – e o nível ocupado na escada corporativa, onde gestores juniores, gestores seniores e colaboradores com mais de cinco anos de experiência se enquadram no nível sénior, e colaboradores com menos de cinco anos de experiência no setor fazem parte do nível júnior”.
Áreas técnicas lideram na paridade
De acordo com a BCG, nas funções como engenharia, tecnologias de informação, apoio ao cliente, vendas e marketing, as mulheres em nível sénior estão em média 14 pontos percentuais (pp.) à frente dos seus pares masculinos na utilização de IA Generativa. Mas as juniores estão atrasadas cerca de 7 pp. em relação aos seus homólogos masculinos. Já em funções não técnicas, como em recursos humanos, serviços jurídicos ou financeiros, as mulheres em nível júnior estão mais atrasadas na adoção da tecnologia, ficando em média 21 pp. atrás dos homens. Nas mesmas funções, aquelas que ocupam cargos seniores de chefia – gestoras juniores e seniores – estão 5 pp. e 2 pp., respetivamente, atrás dos homens no uso da IA Generativa, e as colaboradoras seniores ficam 12 pp. atrás dos seus pares masculinos.
Citada no comunicado, a managing director e partner da BCG em Detroit e coautora do relatório, Neveen Awad, realça que “agora, mais do que nunca, as empresas devem focar-se em implementar medidas que aumentem a equidade na adoção da IA Generativa, incentivando todos os colaboradores a adotá-la”. Neveen Awad sugere ainda que “as organizações podem reduzir as lacunas de género e gerar impacto ao direcionar iniciativas específicas para diferentes grupos de profissionais”.
Embora tanto homens quanto mulheres tenham níveis semelhantes de confiança nas ferramentas de IA Generativa e se sintam competentes na sua utilização, o relatório identifica três fatores significativos que contribuem para as disparidades entre géneros, e entre níveis e funções, na sua adoção.
1. Consciência da relevância da IA Generativa. As mulheres em nível sénior estão tão ou mais conscientes do que os homólogos masculinos do potencial impacto desta tecnologia no seu sucesso profissional. Em oposição, as mulheres em cargos júnior ficam atrás dos seus pares homens tanto em funções técnicas (15 pp.) como não técnicas (17 pp.). Esta diferença pode dever-se ao facto de as mulheres juniores não terem o mesmo acesso que os homólogos homens às redes e debates em que a estratégia de IA Generativa é traçada, e de não estarem igualmente representadas nos projetos-piloto relacionados com a tecnologia.
2. Confiança nas competências para trabalhar com IA Generativa. As mulheres em escalões seniores e em funções não técnicas ficam 8 pp. atrás dos seus pares masculinos em relação à confiança nas suas capacidades de utilização de IA Generativa. Também as juniores ficam atrás dos homens em funções técnicas (7 pp.) e em funções não técnicas (11 pp.). O menor grau de confiança pode ser explicado por investigações que revelam a existência de desafios de perceção e exposição para as mulheres em áreas maioritariamente ocupadas por homens, como é o caso do setor tecnológico.
3. Tolerância ao risco. As mulheres em cargos seniores apresentam uma tolerância ao risco igual ou superior à dos seus pares masculinos, independentemente do tipo de funções. Ao invés, as juniores apresentam uma tolerância inferior em 9 pp. face aos homens em funções técnicas e em 16 pp. em funções não técnicas. Estas diferenças podem ser justificadas pelo facto de as mulheres, nomeadamente em funções técnicas, sentirem frequentemente menos liberdade para experimentar tecnologias emergentes devido aos seus níveis relativamente mais baixos de experiência e autoridade.