A primeira-dama de Cabo Verde abordou diversos temas relacionados aos desafios enfrentados pelas mulheres africanas, sublinhando a importância de reconhecer a diversidade cultural e social presente no continente africano.
Debora Carvalho falava durante a sua apresentação na segunda edição da 2ª edição do Forbes Women’s Summit que juntou com o tema “O poder da diferença”
“Quando falamos da mulher africana, a imagem que muitas vezes vem à mente é a de uma mulher com um filho às costas e lenha sobre a cabeça. No entanto, essa não é a realidade de todas. Existe uma enorme diversificação entre as mulheres africanas que dominam vários sectores”, sublinhou.
“A África é um continente multicultural, com 54 países, cada um com as suas próprias particularidades. Cabo Verde, por exemplo, é o único país do mundo que obteve a sua independência fora do seu território. É crucial perceber que os desafios das mulheres africanas são diferentes, e por isso as soluções também devem ser diferenciadas. Ainda lidamos com questões como a pobreza menstrual”, afirmou.
A primeira-dama destacou ainda a sub-representação das mulheres na economia, referindo que o trabalho das mulheres na economia do cuidado muitas vezes não é contabilizado no Produto Interno Bruto (PIB). “Eu não tenho dúvidas do poder da mulher. As mulheres fazem uma diferença significativa na economia do cuidado, mas isso não entra nas estatísticas do PIB.”
Ao abordar a política, a primeira-dama notou que as mulheres ainda ganham menos e trabalham mais do que os homens, mesmo ocupando os mesmos cargos.
Além disso, destacou que a política feita por mulheres muitas vezes não difere da realizada pelos homens. “Mulheres que que trabalham na politica com os mesmos métodos homens não estão a fazer a diferença, não precisamos agir como eles para sermos aceites no mundo dominado por eles”, sublinhou.
A primeira-dama salientou a necessidade de uma mudança na percepção global sobre a África. “Quando falamos da Europa, diferenciamos os países; o mesmo acontece com o continente americano. Mas, muitas vezes, a África é vista como um bloco homogéneo, o que não é verdade. Cada país africano tem a sua própria identidade e desafios. Por isso, é importante acordar para a diversidade e especificidade das nossas histórias e realidades”, concluiu.
Com estas declarações, a primeira-dama de Cabo Verde destacou a importância de reconhecer e valorizar as múltiplas realidades das mulheres africanas, e a necessidade de soluções específicas e adequadas para enfrentar os seus desafios únicos.