O que vos motivou a regressar a Portugal e a abrir uma clínica privada com este perfil tão especializado?
O que nos fez regressar a Portuga foi sobretudo motivos familiares, uma vez que temos três filhos pequenos. Apesar do nosso ritmo frenético e dos compromissos profissionais que continuamos a ter no estrangeiro acreditávamos que em Portugal iriamos conseguir ter e proporcionar melhor qualidade de vida à nossa família.
A MS Medical Institutes surge da vontade de querermos oferecer o melhor serviço e a melhor experiência aos nossos pacientes. Para nós, era fundamental trabalharmos num sítio que refletisse os nossos valores e princípios enquanto médicos, mas sobretudo enquanto seres humanos.
A MS Medical Institutes surgiu de um cruzamento entre competências médicas e visão empreendedora. Como foi o processo de transformar uma ideia clínica num negócio estruturado e com marca própria?
Tendo em conta a nossa experiência profissional além-fronteiras e pessoal, porque também nós vamos ao médico, sabíamos bem o que queríamos, mas sobretudo o que não queríamos. Por isso, acreditámos que este seria o nosso caminho. Não queremos uma clínica de massas, para não perder a essência do serviço ao cliente, mas queremos muito poder receber e ajudar todos aqueles que nos procurem, proporcionando um tratamento multidisciplinar e ajustado a cada caso. Felizmente, os nossos pacientes percebem as diferenças e as mais valias daquilo que chamamos slow medicine, da experiência que proporcionamos e acima de tudo ficam satisfeitos com os resultados que alcançam.
Sabíamos que queríamos ser diferentes, por isso rodeamo-nos de uma equipa muito especializada, que partilha os mesmos valores que nós, que dá atenção aos detalhes e que valoriza a experiência do paciente. A par disso, assumimos o compromisso com a inovação, ao oferecermos tecnologias inovadoras, únicas em Portugal, e muito eficientes. Por fim, queríamos também diferenciarmo-nos ao nível dos serviços, o que fez com que nos especializássemos ao nível da saúde íntima da mulher e do homem, sobretudo ao nível da saúde sexual, deixando cair os tabus que têm contribuído para o agravamento desnecessário de muitas doenças. Procurámos também oferecer soluções para doenças altamente predominantes, mas que ninguém fala, como é o caso do lipedema.

Qual foi o investimento inicial para lançar a MS Medical Institutes em Portugal?
O investimento inicial para lançar a MS Medical Institutes em Portugal foi de 1,3 milhões de euros, destinados à primeira fase do projeto. Este valor reflete o nosso compromisso com a excelência, desde a seleção criteriosa das instalações até à aquisição de tecnologia médica de última geração e à constituição de uma equipa altamente especializada.
A MS Medical Institutes posiciona-se como uma referência nacional e internacional em medicina integrativa, regenerativa e sexual, com um enfoque holístico, personalizado e profundamente centrado no bem-estar como pilar fundamental da saúde. Trabalhamos com especialidades médicas altamente específicas e complementares, sempre sustentadas por evidência científica e com o objetivo de promover a longevidade saudável, o equilíbrio hormonal, a funcionalidade sexual e a regeneração tecidular.
Acreditamos que cuidar da saúde é muito mais do que tratar doenças, é antecipar desequilíbrios, potenciar a vitalidade e oferecer ao paciente soluções completas e seguras, que respeitem a sua individualidade e melhorem efetivamente a sua qualidade de vida.
Cerca de 30% do vosso orçamento anual é destinado a novas tecnologias e inovação. Que retorno é possível estimar?
Com este investimento pretendemos aumentar em cerca de 40% o número de pacientes e em 60% o volume de negócios até ao final de 2025. Estes resultados só são possíveis porque investimos igualmente no reforço da estrutura e corpo clínico, assim como apostamos em novos serviços e áreas terapêuticas.
Tornaram-se representantes oficiais da Inmode em Portugal, uma referência em tecnologia de radiofrequência. Como surgiu essa parceria e o que ela representa para o posicionamento da vossa marca?
É um enorme orgulho para nós sermos representantes oficiais da InMode em Portugal. Esta parceria surgiu naturalmente, uma vez que, quer eu, quer a Professora Mónica Gomes Ferreira temos uma vasta experiência na utilização das tecnologias de radiofrequência fracionada. O nosso trabalho nesta área é reconhecido internacionalmente e somos frequentemente convidados a ministrar formações e a partilhar o nosso conhecimento em diversos países. Por consequência, e porque existe uma identificação plena com os valores da InMode, esta parceria foi inevitável. Ficámos muito felizes com este convite porque simboliza o reconhecimento da excelência clínica e científica com que trabalhamos diariamente.
Com a InMode, partilhamos o compromisso com tratamentos de alta qualidade, clinicamente eficazes e com um perfil de segurança muito elevado. Os procedimentos são minimamente invasivos, o que se traduz em tempos de recuperação mais curtos, menos cicatrizes e resultados consistentes — características com as quais fazemos absoluta questão de estar associados. Quer para a InMode, quer para a MS Medical Institutes, a evidência científica é fundamental, por isso, são muitos os artigos que publicamos em revistas científicas, como a Aesthetic Plastic Surgery Journal, alguns sobre as técnicas MICRO-Lift e SAFEST Lipo e que reforçam estes nossos valores. Esta aliança com a InMode não só fortalece o posicionamento da nossa marca, como também reafirma o nosso compromisso com a inovação, a excelência e a segurança na medicina estética.

Ser centro formador oficial em Portugal para a tecnologia da Inmode é também uma responsabilidade. Que impacto tem esta posição na vossa reputação e no vosso modelo de negócio?
Esta tecnologia é reconhecida em todo o mundo, pelo que é um enorme orgulho e uma responsabilidade ainda maior sermos os seus representantes e entidade formadora em Portugal. Mas, esta responsabilidade só nos dá vontade de continuar a fazer mais e melhor e o que queremos é formar o maior número possível de profissionais, porque isso significa mais oportunidades de tratamento para um maior número de pacientes. Todos os meses temos dias certos para estas formações, são sempre teórico-práticas e a procura tem sido cada vez maior.
Como identificam novas oportunidades de expansão?
Acabámos de inaugurar um novo espaço em Lisboa, no mesmo edifício onde já operamos, porque percebemos que a procura já era superior à oferta. E como queremos manter o mesmo nível de serviço e experiência, estava na hora de aumentarmos as instalações, os serviços e o corpo clínico. Mas, sabíamos que este ainda não era o momento para outras cidades ou países. Assim, a oportunidade surgiu e nós agarramo-la. A prudência será sempre uma aliada nas nossas decisões.
O Instituto Português do Lipedema é uma das vossas apostas mais recentes. Porquê investir numa área ainda pouco conhecida em Portugal?
Exatamente por ser pouco conhecida. O lipedema só foi reconhecido pela OMS em 2019, e não é uma doença lecionada na faculdade. Falta informação, falta conhecimento, faltam especialistas, falta tudo menos pacientes. Essas, estima-se que já sejam 1 milhão de mulheres só em Portugal. Nós temos o conhecimento e os meios, e percebemos o potencial de investirmos na divulgação e tratamento de uma doença complexa, desvalorizada e que não tem cura. Uma doença que causa limitações físicas e emocionais, que está na origem de outras doenças, e que vai muito além da estética. Enquanto profissionais era urgente darmos a mão a estas mulheres que, na maioria já não tem esperança, porque nunca receberam um diagnóstico correto. E a falta de um diagnóstico correto leva à falta de tratamento e ao agravamento da doença. O Instituto Português do Lipedema nasceu deste compromisso que assumimos de tratar todos os pacientes com a dignidade e o cuidado que merecem.

Organizaram o Lipedema International Summit (19-21 de junho), que é financiado a 100% pelo vosso instituto. Como avaliam o retorno deste tipo de investimento, que parece ser mais institucional e científico do que diretamente comercial?
Junho foi o mês para a consciencialização do lipedema, pelo que o Instituto criou muitas ações que envolveram diretamente os pacientes, como rastreios gratuitos e uma caminhada, mas também dirigidos à classe médica. O Summit teve o duplo objetivo de colocar as pacientes em contacto com profissionais reconhecidos e colocar os mesmos profissionais na mesma sala que outros colegas de áreas tão diversas como ginecologia, cirurgia vascular, cirurgia plástica, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos ou personal trainers. E porquê áreas tão diversas? Porque o Lipedema é uma doença complexa que envolve todas estas áreas só para estar controlada. Se no final do evento as pacientes saíram mais informadas e os profissionais com vontade de estudar mais e dedicarem-se a esta doença, então o retorno de investimento foi alcançado.
A médio prazo, quais são os vossos planos de crescimento? Consideram abrir mais unidades, expandir internacionalmente ou investir em novos segmentos dentro da saúde?
Tal como referi, inaugurámos no passado mês de julho novas instalações que nos permitem, para já, duplicar o volume de trabalho que temos. À semelhança da medicina que praticamos, acreditamos num crescimento slow e sustentável, que garanta a manutenção dos elevados padrões de qualidade e personalização que oferecemos aos nossos pacientes.
A médio prazo, o nosso foco estará centrado no fortalecimento e consolidação das unidades de Lisboa e Madrid, que consideramos estratégicas para o desenvolvimento do nosso modelo de medicina integrativa, regenerativa e sexual baseada em evidência científica. Queremos aprofundar a excelência nestes dois polos, antes de considerar uma expansão para outras geografias ou novos segmentos dentro da saúde.