Com um ano de 2024 incerto a nível económico e geopolítico, o crescimento das vendas a retalho da indústria da moda deverá abrandar e situar-se entre os 2% a 4%, sendo que o segmento do luxo conseguirá manter um crescimento mais rápido, que poderá situar-se entre os 3% e os 5%. Os executivos desta indústria estão divididos quanto ao que esperar para 2024, sendo que 26% têm expectativa que as condições melhorem, 37% entendem que se vão manter e 38% acreditam que vão piorar.
A conclusão é do estudo The State of Fashion 2024, o relatório elaborado em conjunto pela The Business of Fashion (BoF) e pela McKinsey & Company que identifica as principais áreas chave para a indústria no próximo ano. O estudo aponta ainda que as viagens internacionais deverão ultrapassar os níveis pré-pandemia em até 10% em relação a 2019, criando oportunidades para as marcas reconquistarem assim os compradores internacionais perdidos durante a crise pandémica. Ou seja, os consumidores estão a preparar-se para o seu maior ano de viagens desde a pandemia, prevendo-se que o turismo global cresça 10% em 2014, o que representa uma janela de oportunidades para as marcas, uma vez que as compras estão no topo das viagens. Segundo o estudo, 80% dos inquiridos dos Estados Unidos, reino Unido e China planeiam fazer compras de moda nas férias e estimam gastar mais. Além disso existe uma mudança de comportamento nos consumidores de como se relacionam com as marcas no pós-pandemia, pelo que os gestores deverão ajustar as suas estratégias globais.
Inteligência Artificial generativa será uma prioridade
Outra das conclusões refere que 73% dos executivos de moda afirmam que a Inteligência Artificial (IA) generativa será uma prioridade no seu negócio, sendo que esta representa 25% do valor potencial na área de design e desenvolvimento de produto. Este ano foi de ascensão para a IA generativa, com uma alavancagem de 14,1 mil milhões de dólares (12,9 mil milhões de euros), apenas no primeiro semestre, em financiamento para startups focadas em IA.
Além disso, as alterações climáticas representam a maior ameaça de curto prazo para a indústria da moda, já que se estima que, até 2023, os fenómenos extremos possam impactar cerca de 65 mil milhões de dólares (59,6 mil milhões de euros) de exportações de vestuário. Ou seja, a frequência destas catástrofes representa um risco significativo para o crescimento da indústria da moda, e podem até ameaçar cerca de um milhão de postos de trabalho nas quatro grandes economias até 2030. Cerca de 90% das mercadorias exportadas dependem do transporte marítimo, estimando-se que 122 mil milhões de dólares (111,9 mil milhões de euros) de atividade económica nos portos estejam em risco devido a perturbações causadas por fenómenos meteorológicos extremos. O relatório também mostra quer que apenas 12% dos executivos citam a sustentabilidade como uma oportunidade principal para 2024, uma vez que os executivos de topo da indústria da moda reconhecem que uma série de outros desafios irão disputar a sua atenção no próximo ano.
“Da intensificação da crise climática ao potencial transformador da inteligência artificial, o State of Fashion 2024 analisa os desafios e oportunidades chave para a indústria mundial da moda no próximo ano. No entanto, os executivos não se devem acomodar. Ao mesmo tempo que devem abordar 2024 com cautela, é crucial continuarem a procurar oportunidades direcionadas para o crescimento e inovação”, afirma Imran Amed, Fundador e CEO da The Business of Fashion.
Também Achim Berg, sócio sénior da McKinsey e editor-chefe do estudo, refere: “A indústria da moda mais uma vez demonstrou uma notável resiliência em 2022. O segmento de luxo, em particular, impulsionou o crescimento através de aumentos de preços, compensando parcialmente as fragilidades de outros segmentos. Embora haja muitos desafios pela frente para a indústria mundial da moda no próximo ano, principalmente impulsionados pela volatilidade e incerteza devido aos desenvolvimentos macroeconômicos, esperamos um crescimento global limitado a cerca de 2% a 4%, em 2024. O crescimento global das vendas no segmento de luxo deverá desacelerar para entre 3% a 5% no próximo ano, devido à contenção de gastos dos consumidores após um aumento nas compras pós-pandemia“.