Apesar do verão convocar para a praia, o Instituto Universitário Egas Moniz, instituição privada de ensino superior dedicada à área da saúde localizada em Almada, apostou numa ação solidária neste mês de agosto.
Coordenada por André Mariz de Almeida e Catarina Martinho, médicos dentistas e referências nas suas áreas de atuação em Portugal a missão humanitária levada a cabo pela Egas Moniz School of Health & Science passa por prestar apoio humanitário, dar formação e fornecer cuidados primários de saúde oral a cerca de 3000 pessoas, entre crianças e adultos, em duas regiões do Quénia: Samburu e Nairobi.
A missão já está no terreno, compreendendo duas fases: de 29 julho a 15 de agosto, o apoio é dado na região de Samburu; de 15 a 20 de agosto, a missão humanitária vai trabalhar na capital, Nairobi.
Tendo já estado envolvidos em várias missões humanitárias em África, André Mariz de Almeida e Catarina Martinho coordenam uma equipa que é ainda composta pela médica pediátrica Luisa Lopes, pela psicóloga Rute Gomes e pela farmacêutica hospitalar Lídia Almeida.
A equipa vai trabalhar em colaboração com três organizações não-governamentais e com entidades locais e está focada, essencialmente, em cuidados de saúde oral.
“Vamos trabalhar com cerca de cinco aldeias ao lado de um dispensário médico, mesmo no centro do Condado de Samburu e, depois, iremos descer ligeiramente para uma zona mais ou menos a 50 km de Nairobi, onde vamos trabalhar com uma ONG de crianças com deficiências profundas. Por fim, encerramos a missão na capital, Nairobi, onde vamos trabalhar com o Centro de Acolhimento Wanalea, fundado há 15 anos pela portuguesa Laura Vasconcelos, no rescaldo da guerra civil do Quénia”, descreve André Mariz de Almeida. Este orfanato acolhe cerca de 40 crianças e tem sido um pilar na luta contra a pobreza, mudando o destino de centenas de vidas com realidades difíceis.
Cáries, defeitos de formação dentária e problemas gengivais são uma realidade comum nestas populações, agravada pela falta de acesso a cuidados adequados. “Em Nairobi encontro pessoas com dentes com graves deficiências de formação, não só pela água que é bebida e que é altamente férrea, mas também pela alimentação. Infelizmente é mais barato comer alimentos com alto teor de açúcar e outros ingredientes corrosivos para os dentes”, refere André Mariz de Almeida.
Já em Samburu, mais a Norte do Quénia, “encontramos mais problemas gengivais que afetam a ingestão de alimentos e a nutrição”.
Samburu é das regiões do Quénia mais afetadas pela seca extrema desde 2011, seguida por chuvas intensas e devastadoras, em que 70% da população vive abaixo do limiar de pobreza e 40% não tem acesso a água potável, nem a cuidados de saúde primários.
A missão inclui a construção de um poço para fornecer água potável, reduzindo assim o sofrimento das comunidades que atualmente têm de percorrer grandes distâncias para obter água.
Sem grandes condições do ponto de vista clínico, a equipa vai fazer, nesta população, alguns tratamentos restauradores minimamente invasivos, aplicação de fluor e, essencialmente, literacia em saúde oral. Vai ainda levar equipamento para o único dispensário médico da região, de forma a dotá-lo de condições para a prestação de primeiros socorros. “Vamos levar camas, frigoríficos, material de diagnóstico primário, talas de gesso, que não é a nossa área, mas que permite que a equipa de enfermeiros local possa trabalhar em primeiros socorros”, afirma André Almeida.
Mais do que um problema de saúde pública, a saúde oral tem um impacto social muito grande nestas comunidades, destacam os médicos humanitários portugueses desta missão: “É a diferença entre conseguir ou não um emprego, nomeadamente no setor do turismo, por exemplo”. Além de que agrava ainda mais os problemas nutricionais porque “há pessoas com problemas dentários e gengivais tão graves que não conseguem sequer comer”, descreve o médico dentista.
“A missão humanitária Samburu é um farol de esperança no meio da adversidade e demonstra como a união de esforços pode transformar vidas”, afirmam os coordenadores da missão.
Com o apoio de organizações não-governamentais locais e de donativos que ajudem a financiar desde alimentos e água potável até ao fornecimento de materiais médicos, esta missão pretende não só melhorar as condições de vida da população, mas também garantir uma continuidade no apoio e no desenvolvimento destas regiões.
“A missão humanitária Samburu é um farol de esperança no meio da adversidade e demonstra como a união de esforços pode transformar vidas”, afirmam os promotores desta ação que tencionam regressar no próximo ano, reafirmando o compromisso de continuar a transformar vidas e construir um amanhã melhor para esta região.