Mimicat foi a vencedora do Festival da Canção de 2023 e por isso será a representante de Portugal na Eurovisão, que vai acontecer em maio. É com a canção “Ai Coração”, que a artista considera uma mistura de modernidade com o registo de Portugal no Festival antigamente, que vai a Liverpool, no Reino Unido, com o objetivo de aproveitar a experiência ao máximo.
Como é que foi o seu percurso na música até aqui?
O percurso tem sido longo. Comecei a cantar quando tinha nove anos, gravei o meu primeiro disco, depois durante a fase da adolescência andei sempre a produzir coisas que nunca viram a luz do dia, até que depois fiz parte de uma banda em Coimbra, os Casino Royal, onde estive durante oito anos mais ou menos. Depois sai para fazer o meu projeto, a Mimicat. Como Mimicat gravei dois álbuns e estou a caminho do terceiro, tenho o terceiro para lançar este ano. Entretanto meteu-se aqui o Festival pelo meio.
Como foi a experiência de participar e vencer o Festival da Canção?
Só o participar em si já era uma grande vitória para mim porque andava há muito tempo a tentar ser convidada e a tentar entrar no Festival e nunca conseguia. O facto de ter conseguido entrar, ainda por cima pela livre submissão, foi maravilhoso. Fiquei muito feliz por terem escolhido a minha canção. Depois o processo todo senti como uma vitória a partir do momento em que nós apresentámos as canções e eu vi o feedback das pessoas. Foi incrível. As pessoas adoraram a canção e faziam questão de me dizer, defendiam a canção como sua. Só o simples facto de ter conseguido passar a minha música a pessoas que de facto gostam dela e a sentem como delas já é uma vitória. Depois o bónus é de facto aproveitar a experiência do Festival da Canção, o contacto com outros colegas, a hipótese de fazer uma apresentação diferente daquilo que já tinha feito. A vitória claro que é a cereja no topo do bolo, mas toda a experiência em si para mim já foi uma grande vitória.
A forma como a música foi recebida pelos portugueses era algo que esperava?
Foi totalmente inesperado, foi a primeira vez que consegui passar a minha música a uma plataforma tão grande e chegar a tanta gente. Não estava à espera da receção que tive à canção, mas fiquei muito feliz quando vi que estava a acontecer. Eu vi que de facto as pessoas estavam a gostar. O mais incrível de tudo é isso, é o contacto com o público e chegar a novas pessoas.
Porque é que a “Ai Coração” é a canção ideal para este formato?
Eu nunca tinha feito outra deste género e quando a fiz soube imediatamente que era uma canção que relembrava muito o Festival antigo, o Festival de há 20 anos, as grandes canções do Festival que ficaram marcos da nossa história, da nossa cultura musical. Para mim fazia todo o sentido.
Será que foi esse relembrar das canções de outros tempos que fez os portugueses gostarem tanto da música?
Não só a canção e a melodia relembrarem esse Festival antigo, mas temos depois os elementos modernos da canção. Acho que foi o cruzamento entre as duas coisas que funcionou. Acho que as pessoas perceberam o que tinham à frente e a conexão foi muito rápida.
Já começou a preparação para a Eurovisão?
Sim, na verdade ainda não parei de preparar a apresentação para a Eurovisão. Nós tivemos muito pouco tempo, dois ou três dias. Hoje [15 de março] já vai ter de seguir tudo. Não foi o tempo que estávamos à espera de ter, mas temos que lidar com o que temos. Ainda estamos a terminar, mas o que posso dizer é que vamos manter esta vibe cabaré que a música tem, meio burlesca, mas tentar modernizar ainda mais na Eurovisão. Vamos tirar partido de toda aquela panóplia de opções de LED e luzes que temos para fazer uma atuação o mais marcante possível.
Qual é a expetativa para a Eurovisão?
De ir lá fazer o melhor que conseguirmos, darmos os nossos 1000%, da equipa toda que está por trás e da equipa toda que vai estar em palco. Mas acima de tudo, isto é uma experiência que acontece uma vez na vida, isto não acontece duas ou a poucas pessoas acontece duas vezes. Eu não estou à espera que me aconteça uma segunda vez, portanto vou aproveitar esta vez e divertir-me ao máximo, aproveitar a experiência, absorver tudo o que poder e potenciar a minha carreira o máximo que conseguir.
De que forma é que isto pode contribuir, ou já está a contribuir, para a sua carreira?
Já está a contribuir. O facto de ter ganho o Festival já está a contribuir imenso na exposição mediática, marcação de concertos. Mas acho que, acima de tudo, vai ajudar muito a nível internacional a chegar a canais que eu sempre quis chegar e nunca consegui de outra maneira. Eu vou ter uma exposição que nem nunca sonhei ter na vida. Acho que isso me vai ajudar a chegar a pessoas que se vão identificar com a minha música e provavelmente novas oportunidades virão daí.