Os semicondutores – ou chips – destinados à Inteligência Artificial estão a transformar-se no novo campo de batalha da indústria. É um mercado que vale cerca de 31 mil milhões de dólares (cerca de 26,3 mil milhões de euros), mas que se estima que venha a valer mais de 850 mil milhões de dólares (cerca de 723 mil milhões de euros) na próxima década. Empresas como a Nvidia tornaram-se, em pouco anos, estrelas da bolsa mundial, com valorizações astronómicas, tornando bilionários acionistas como Jensen Huang, atualmente na lista dos oito homens mais ricos do mundo.
Também a Micron Technology, que atua no mesmo setor, está a fazer a sua caminhada ascendente. A empresa valorizou em bolsa cerca de 25% só no último mês, logo após apresentar os seus resultados trimestrais, estando a cotar perto dos 285 dólares (242 euros). Nos últimos cinco anos a companhia valorizou mais de 300%, e atualmente a sua capitalização bolsista ascende a qualquer coisa como 320 mil milhões de dólares (272 mil milhões de euros). É a sétima companhia mais valiosa do mundo na setor dos semicondutores, ranking liderado pela Nvidia avaliada em 4,65 biliões de dólares (cerca de 3,95 biliões de euros).
A Micron foi fundada em 1978, em Idaho, nos Estados Unidos, numa cave de uma clínica dentária, por quatro especialistas em design de semicondutores. Em 2025 a empresa celebrou um importante marco na sua história: atingiu as 60 mil patentes.
Segundo uma análise da plataforma de investimento online XTB à performance da companhia, esta apresentou os resultados mais fortes de todo o setor, superando as estimativas dos analistas de mercado. E acrescenta que esta é atualmente uma das empresas mais interessantes do setor de semicondutores. “Os resultados do último trimestre não só evidenciaram um crescimento expressivo da receita, como também revelaram uma mudança qualitativa na estrutura do negócio da empresa. Esta evolução tem sido impulsionada, em grande medida, pelo forte crescimento da inteligência artificial e pela expansão da infraestrutura de centros de dados, segmentos onde a procura por soluções de memória de alto desempenho continua a intensificar-se”, pode ler-se no relatório.
A empresa foi fundada em 1978, em Idaho, nos Estados Unidos, numa cave de uma clínica dentária, por quatro especialistas em design de semicondutores. A primeira unidade industrial veio a surgir em 1980, e em 1994 a tecnológica já fazia parte das listas internacionais de líderes em tecnologia. Em 2025 a empresa celebrou um importante marco na sua história: atingiu as 60 mil patentes.
Micron está a operar acima do mercado
Os resultados do primeiro trimestre fiscal de 2026 – que terminou em novembro – mostram que a empresa alcançou uma receita de 13,64 mil milhões de dólares (cerca de 11,6 mil milhões de euros), o que compara com os 11,32 mil milhões de dólares (9,62 mil milhões de euros) do trimestre anterior. Já o fluxo de caixa operacional atingiu os 8,41 mil milhões de dólares (7,14 mil milhões de euros).
Segundo os analistas da XTB, o valor das receitas trimestrais confirma que a Micron Technology está a operar de forma significativamente acima das previsões do mercado. “Um dos principais motores deste desempenho continua a ser a crescente relevância das soluções HBM, que se afirmam como um componente central da infraestrutura de inteligência artificial e dos centros de dados. Paralelamente, este movimento tem contribuído para uma alteração favorável do mix de vendas, com maior peso de produtos de valor acrescentado e margens mais elevadas”. A plataforma de investimento refere ainda que após um período de forte expansão em 2021 e 2022, o setor atravessou uma recessão profunda em 2023, marcada pelo excesso de oferta de memória e pela consequente pressão sobre os preços, fatores que penalizaram significativamente os resultados.” A principal diferença face ao passado é que o crescimento atual não depende exclusivamente da normalização dos preços de DRAM e NAND. Desta vez, o motor da procura é predominantemente estrutural, impulsionado pela expansão da Inteligência Artificial, pelo crescimento dos centros de dados e pela modernização da infraestrutura informática de última geração. Importa sublinhar que esta melhoria não é pontual nem meramente cíclica”.
As previsões de receitas da companhia para os próximos anos são muito positivas, já que é de esperar que a procura por memória destinada a aplicações de IA e data centers continue a crescer de forma sustentada.
Aliado a esta alteração de mercado, a Micron fez uma transição estratégica e passou a comercializar produtos tecnologicamente mais avançados e de maior margem, com destaque para as soluções HBM e para memórias DRAM de última geração destinadas a centros de dados e aplicações de inteligência artificial. Conforme explicam os especialistas, estes segmentos apresentam elevadas barreiras à entrada, um número limitado de fornecedores e contratos de maior duração, o que torna as receitas mais previsíveis e mais resistentes a desacelerações económicas de curto prazo. Como consequência, a empresa encontra-se hoje substancialmente menos vulnerável a quedas abruptas do ciclo do que em períodos anteriores.
Assim, as previsões de receitas da companhia para os próximos anos são muito positivas, já que é de esperar que a procura por memória destinada a aplicações de IA e data centers continue a crescer de forma sustentada, mesmo que segmentos mais cíclicos, como PC ou smartphones, apresentem uma evolução mais moderada.





