Os empresários de micro e pequenas empresas portuguesas são os que apresentam os maiores níveis de literacia financeira de entre os 14 países da Rede Internacional de Educação Financeira da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento na Europa (OCDE/INFE). Esta é uma das conclusões do primeiro Inquérito à Literacia Financeira realizado junto de empresários (proprietários e gestores) de micro e pequenas empresas em Portugal, cujos resultados foram divulgados esta manhã pelo Banco de Portugal (BdP).
No referido inquérito os empresários portugueses ocupam o primeiro lugar no indicador global de literacia financeira nas empresas até nove trabalhadores e a segunda posição nas empresas entre 10 e 49 trabalhadores.
De acordo com o Banco de Portugal, os “indicadores de literacia financeira são mais elevados nos empresários de pequenas empresas do que nos de microempresas, aumentando com o respetivo volume de negócios”.
O mesmo relatório conclui que 98,5% dos inquiridos tem uma conta bancária para a sua empresa, gerida separadamente da do seu agregado familiar, enquanto cerca de metade possui seguros de responsabilidade civil (49,2%), e cerca de 41% referem conhecer o financiamento através do mercado de capitais. Quase dois terços dos empresários conhece as linhas de crédito protocoladas com o Estado e mais de um quarto (26,3%) assume que contrata este tipo de crédito.
No que se refere à gestão e planeamento das finanças da empresa, mais de metade dos inquiridos (54,8%) admite que recorre a contabilistas e mais de um terço a intermediários financeiros (38,8%) para ajudar na tomada de decisões financeiras, sobretudo, as relacionadas com contabilidade (69,2%) e impostos (47,7%). No documento pode ler-se ainda que, “a generalidade dos empresários dispõe de meios apropriados (seguros, fundos próprios, dinheiro reservado para emergências) para lidar com imprevistos como o roubo de equipamento”.
O inquérito salienta que a pandemia da Covid-19 “teve um impacto global negativo em cerca de metade das empresas inquiridas, nomeadamente na diminuição dos lucros, no volume de negócios e na liquidez”. Face a este impacto, quase dois terços recorreram a medidas de apoio público.
Em Portugal, o inquérito foi promovido pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros e pelo Ministério da Economia e do Mar, sendo que foi realizado junto de 1541 empresas com menos de 50 trabalhadores.