A final do Campeonato do Mundo de Futebol, este domingo, em Lusail, no Qatar, entre Argentina e França é também a final entre duas estrelas maiores: Lionel Messi, do lado dos argentinos, e Kylian Mbappé, do lado dos franceses.
E se um está na fase final da sua já lendária carreira (Messi, 35 anos), o outro está ainda na fase ascendente do seu percurso (Mbappé, 23 anos).
Será também um desafio entre os futebolistas que disputaram este Mundial que mais faturam por ano.
#1. $128M
Kylian Mbappé
IDADE: 23 | PAÍS: França | NO RELVADO: $110M • FORA DAS QUATRO LINHAS: $18M
#2. $120M
Lionel Messi
IDADE: 35 | PAÍS: Argentina | NO RELVADO: $65M • FORA DAS QUATRO LINHAS: $55M
A relevância da prova não é apenas coletiva; também terá implicações em termos individuais, podendo fazer com que aquele que, entre Messi ou Mbappé, sair vencedor deste duelo possa vir a conseguir ainda mais chorudos contratos publicitários e a estar a dar um passo em frente para vir a ganhar a próxima Bola de Ouro.
O jogo de domingo será a 26ª e última partida de Lionel Messi num Mundial. A final de domingo será o 14º jogo de Kylian Mbappé.
O capitão da Argentina, Lionel Messi, para muitos o maior futebolista da história, confirmou que a final de domingo será o seu último jogo num Mundial, algo que o próprio confirmou, após a vitória da seleção albiceleste na meia final contra a Croácia (3-0, com um dos golos a ter a sua assinatura): “Ainda faltam muitos anos até ao próximo [Mundial] e não acho que consiga. Terminar assim é o melhor. [Sinto] muita felicidade por conseguir isso. Terminar a minha carreira no Mundial, jogando o meu último jogo numa final”.
O futebolista com mais jogos num Mundial
Este é o quinto Campeonato do Mundo de Messi, de 35 anos, e a final de domingo representará a sua 26ª participação numa partida na competição – um recorde entre todos os jogadores do sexo masculino, superando o máximo do alemão Lothar Matthäus que disputou mundiais entre 1982 e 1998.
Messi, o nº 10 da Argentina, fez três jogos em 2006 (um golo e uma assistência), cinco desafios em 2010 (uma assistência), sete partidas em 2014 (quatro golos e uma assistência), quatro jogos em 2018 (um golo e duas assistências) e fará sete jogos em 2022 (somando, para já, cinco golos e três assistência).
Messi foi finalista derrotado em 2014 (a Argentina perdeu com a Alemanha por 1-0) e, na perspetiva do colaborador da Forbes, Robert Kidd, especialista em futebol, “ao longo do torneio, houve a sensação de que os jogadores argentinos estão como que ‘desesperados’ para que o seu capitão realize o seu sonho no Qatar”.
Seria a “cereja em cima de um bolo” para um craque que tem em casa sete Bolas de Ouro que distinguem o Melhor Jogador do Mundo (2009, 2010, 2011, 2012, 2015, 2019 e 2021), quatro das quais ganhas consecutivamente, e um recorde de seis Botas de Ouro, para o melhor marcador a jogar na Europa.
À procura de dois títulos mundiais consecutivos
Kylian Mbappé está, claro, também de olho na taça de ouro mais cobiçada no mundo de futebol.
Se triunfar, a França, atual campeã do mundo, irá tornar-se a primeira nação a vencer dois Mundiais consecutivos desde o Brasil, há precisamente 60 anos (triunfos em 1958 e 1962).
E, nesse cenário, Mbappé passará a ter no currículo dois Mundiais, contra zero de Messi.
Esta será a segunda final de um Mundial quer para Messi, quer para Mbappé. Mbappé ganhou a sua primeira e Messi perdeu a sua primeira.
Na eventualidade da França levantar o troféu, Mbappé igualará Pelé, e ambos serão os únicos futebolistas a conquistar o Mundial em duas oportunidades com menos de 24 anos.
O troféu individual de melhor marcador do Mundial também será disputado, ao que tudo indica pelas estrelas mais cintilantes de Argentina e França: Messi e Mbappé. Estão ambos empatados com cinco golos no torneio, até ao derradeiro jogo. Antes da final, o argentino parte com a vantagem de ter feito três assistências, uma a mais que Mbappé.
Se marcar na final de domingo, Mbappé, que marcou o último golo da França na vitória do título sobre a Croácia em 2018, pode tornar-se o quinto jogador a marcar em várias finais do Mundial depois de Vavá, Pelé, Paul Breitner e Zinedine Zidane.
E se marcar um golo de fora da grande área, Mbappé passa a ser o primeiro jogador a marcar dois golos de fora da área em finais de mundiais.
Caso a Argentina vença a final, Messi igualará o recorde de Miroslav Klose como futebolista com mais vitórias em Mundiais (17).
Outra curiosidade: se Mbappé e Messi marcarem no domingo, será a primeira vez que adversários na final, mas colegas do mesmo clube (Paris Saint Germain), marcam numa final de um Mundial. A última vez que dois colegas de clube marcaram foi em 1974, quando Paul Breitner e Gerd Muller, dupla do Bayern de Munique, apontaram golos pela Alemanha Ocidental.
Como conseguirá a França travar a genialidade desequilibradora de Messi? E que plano terá a Argentina para parar Mbappé e negar-lhe espaço para mostrar o seu ritmo explosivo?
O treinador Arrigo Sacchi considera que o método a que recorreu para conter Diego Maradona, na década de oitenta, em Itália (quando Maradona jogava pelo Nápoles e Sacchi treinava o Milan), pode ser utilizada pelos selecionadores Didier Deschamps, da França, e Lionel Scanoli, da Argentina, para travar Lionel Messi e Kylian Mbappé na final: “Havia três maneiras. A primeira era ficar com a bola, então Diego não a tinha. A segunda era pressionar alto, para que Diego não agarrasse a bola. Terceiro, se Diego ficasse com a bola, nós enfrentávamo-lo como uma unidade. O mesmo se aplica a Messi e Mbappé, dois fenómenos”, afirmou à La Gazzetta Dello Sport.
Mbappé | Messi |
Signo: Sagitário | Signo: Caranguejo |
Ídolo de infância: Cristiano Ronaldo | Ídolo de infância: Pablo Aimar |
Jogadores com os quais foi comparado quando jovem: Thierry Henry, Ronaldo | Jogador com quem foi comparado quando jovem: Diego Maradona |
Treinadores com quem trabalhou: Leonardo Jardim, Didier Deschamps, Unai Emery, Thomas Tuchel, Mauricio Pochettino, Christophe Galtier | Treinadores com quem trabalhou: Frank Rijkaard, Jose Pekerman, Alfio Basile, Pep Guardiola, Diego Maradona, Sergio Batista, Alejandro Sabella, Tito Vilanova, Tata Martino, Luis Enrique, Edgardo Bauza, Ernesto Valverde, Jorge Sampaoli, Lionel Scaloni, Quique Setien. Ronald Koeman, Mauricio Pochettino, Christophe Galtier |
Pé preferido: Direito | Pé preferido: Esquerdo |
Altura: 1,78m | Altura: 1,70m |
Há, contudo, mais craques em ambas as equipas, para além das suas principais estrelas. Com efeito, os elencos de apoio a Messi e Mbappé também têm impressionado no Mundial. Os atacantes Julián Álvarez (Argentina) e Olivier Giroud (França) têm cada um quatro golos, estando também na corrida para o melhor artilheiro do Mundial do Qatar 2022.
Para a Argentina, o último oponente para conseguir o golo será Hugo Lloris, 35 anos, capitão da França, e guarda-redes do Tottenham. Para a França, o último obstáculo a desfeitear para conseguir marcar será Emiliano Martínez, 30 anos, guarda-redes do Aston Villa.
Os jovens meio-campistas argentinos Enzo Fernández, 21, e Alexis Mac Allister, 23, também tiveram excelentes torneios, com Enzo a começar a prova como suplente e depois a ascender à titularidade ao terceiro jogo para nunca mais a perder. Pela França, Antoine Griezmann e Aurélien Tchouaméni, 22, têm estado em grande nível.
Se os argentinos Nicolás Otamendi e Enzo Fernández vencerem o jogo com a França, tornam-se nos primeiros jogadores campeões mundiais quando se encontram ao serviço de uma equipa portuguesa, neste caso, o SL Benfica.
Outra curiosidade: na atual seleção da Argentina pontificam ainda dois jogadores que passaram por clubes portugueses: Ángel Di María (no SL Benfica, de 2007/08 a 2009/20) e Marcos Acuña (no Sporting CP, de 2017/18 a 2019/20).
França ou Argentina: uma delas vai sair do Mundial do Qatar com 3 títulos mundiais. A final irá determinar.
Outro dado interessante: na história dos Mundiais, França e Argentina têm, cada uma, duas vitórias na prova. A França venceu os Mundiais de 1998 e 2018, enquanto a Argentina triunfou nos Mundiais de 1978 e 1986.
O país que vencer este domingo, no Qatar 2022, passará a ser três vezes campeão do mundo, isolando-se no ranking no 4º posto, atrás de Brasil (5 vezes), Alemanha (4 vezes) e Itália (4 vezes).
A história está do lado da Argentina
Sendo uma final, tudo pode acontecer. Ainda assim, olhando para os confrontos diretos entre Argentina e França, das 12 ocasiões que estas duas nações se enfrentaram no futebol masculino, a Argentina venceu seis e a França venceu três. Os outros três desafios terminaram empatados. A França, porém, venceu o encontro mais recente entre as duas seleções. Isso foi no Mundial de 2018, quando a França bateu a Argentina por 4-3 numa emocionante partida dos oitavos de final em que Mbappé marcou duas vezes e Messi fez duas assistências. A última vitória da Argentina frente à França foi em 2009.
O Lusail Stadium, que tem capacidade para 80.000 pessoas, será o palco da final. Será ali que o vencedor irá erguer o troféu: uma estatueta de ouro de 18 quilates com uma base de malaquite, com 36,8 centímetros de altura e 6,1 kg de peso.
Tudo se irá decidir a partir das 15 horas, de domingo.