A Cushman & Wakefield, consultora em serviços imobiliários, refere que 2022 será um dos melhores anos de sempre para o setor.
A propósito da divulgação do Marketbeat Outono 2022, publicação semestral que vai na sua 39ª edição e resume a atividade do mercado imobiliário nacional e as suas perspetivas, Eric van Leuven, Diretor Geral da consultora em Portugal, acentua, precisamente, essa “alta” que se vive: “Até ao momento, o mercado imobiliário nacional tem um dos seus anos de maior atividade e dinamismo, em que a absorção de escritórios já ultrapassou o recorde anterior (de 2018), sendo possível que também no caso do investimento institucional seja um dos melhores de sempre”.
Efeito da guerra na Ucrânia
Eric van Leuven adverte, contudo, que tudo pode mudar: “Vivemos, no entanto, um momento peculiar pois, por outro lado, aproxima-se cada vez mais o espectro da recessão devido à guerra na Ucrânia, e aos altos níveis de inflação e taxas de juros, o que, no caso do investimento institucional, poderá resultar em menores níveis de atividade e alguma diminuição de valores dos imóveis”.
Diz Eric van Leuven: “No ano que se avizinha, a guerra da Ucrânia e as suas consequências a vários níveis irão continuar a contribuir para um clima de instabilidade da Europa e, consequentemente, menos propensão ao investimento. O abrandamento da atividade e a subida das yields, já hoje sentidos na maior parte da Europa, deverão também chegar a Portugal”.
No caso do investimento institucional, “em que o valor do imóvel é condicionado pelo prémio de risco versus investimento denominado ‘sem risco’ (como obrigações do estado alemão, por exemplo), o aumento substancial das taxas de juro fará com que a taxa de rentabilidade exigida pelos investidores seja também mais elevada, afetando o valor”.
Atenuantes a favor de Portugal
Eric van Leuven salienta que “o mercado português tem muitos fatores atenuantes a seu favor, nomeadamente uma forte procura, sobretudo nos setores de escritórios e logística, sendo que o país continua a atrair empresas que pretendem instalar-se em Portugal, num contexto de falta de oferta de espaços de qualidade, o que nos faz prever aumentos de rendas”.
Na visão da Cushman & Wakefield, outros temas transversais para 2023 serão a manutenção de elevados custos de construção e as cada vez maiores exigências em matéria de sustentabilidade, tanto por parte de ocupantes como de investidores.