A pandemia da COVID-19 provocou uma queda de 22% no mercado de luxo pessoal e de 50% no mercado de luxo de experiências, a nível global, em 2020, e um decréscimo do valor médio de compra de 39.000€ para 33.000€. As conclusões foram divulgadas no estudo True-Luxury Global Consumer Insight, desenvolvido pela Boston Consulting Group em conjunto com a ALTAGAMMA.
Apesar da recuperação já registada em 2021 e das previsões de crescimento até ao fim do ano (é esperado um crescimento anual que poderá variar entre 20% e 30% para o luxo pessoal e entre 60% e 70% para o luxo de experiências, quando comparado a 2020), os analistas salientam que esse movimento de retoma não será suficiente para se alcançarem os valores registados em 2019. “Só em 2022 se prevê a recuperação dos valores pré-pandemia e até um possível crescimento moderado dos mercados, muito impulsionado pelos consumidores americanos e chineses”, refere este estudo.
Só em 2022 se prevê a recuperação dos valores pré-pandemia no mercado de luxo, indica a Boston Consulting Group.
O relatório mostra ainda uma diferença geográfica no que respeita às características mais valorizadas pelos consumidores nas marcas de luxo – enquanto os consumidores dos países ocidentais procuram sobriedade, elegância e exclusividade, os de regiões orientais procuram atributos mais visíveis, como o glamour e a extravagância.
De acordo com este documento, verifica-se também um crescimento do impacto das gerações de Millennials (a Boston Consulting Group considerou esta faixa como os nascidos entre 1978-1992) e Geração Z (nascidos entre 1993-2001 segundo esta análise da Boston Consulting Group) nesta indústria, sendo que é esperado que estas gerações venham a representar mais de 60% do mercado global de luxo pessoal até 2025, com um valor de mercado estimado entre 235 e 265 mil milhões de euros.
Para os Millenials e Geração Z, os valores de sustentabilidade da marca são essenciais, com quase 7 em cada 10 pessoas a afirmarem que é um fator que influencia as suas decisões de compra.
Indica este estudo que estes consumidores (Millennials e Geração Z) estão também a liderar o crescimento de novos modelos de negócio no mercado de luxo (como aluguer ou aquisição de bens em 2ª mão). “Por exemplo, 18% dos consumidores Millenials e Geração Z testaram a opção de aluguer de itens de luxo, um aumento de 13% face ao ano anterior”, afirma a Boston Consulting Group.
Virtualização do luxo, uma tendência
Entre as tendências do setor está a virtualização do luxo. O crescimento da indústria dos videojogos, por exemplo, proporciona novas oportunidades de geração de receitas para as marcas. Um em cada dois, dos 39% de inquiridos que dizem ter conhecimento de marcas de luxo que interagem com os seus clientes através de videojogos, diz já ter adquirido itens de luxo por esse canal. Também o live streaming abre novas possibilidades para as marcas proporcionarem experiências de compra altamente interativas.
Outra tendência que se acentua é o aumento da importância de as marcas proporcionarem aos clientes uma experiência omnicanal. De acordo com o estudo, em 2020, 46% dos consumidores de luxo concluíram as suas compras em loja, dos quais 30% tinham feito uma pesquisa prévia sobre os artigos online.
O estudo foi produzido com base num inquérito realizado entre os meses de março e abril de 2021 a 12 mil pessoas de 12 países.