O jornalista russo Dmitry Muratov, que dirigiu uma das últimas fontes de notícias independentes da Rússia, conseguiu juntar US$ 103,5 milhões (98,2M€) para crianças refugiadas da Ucrânia, ao leiloar a medalha do Prémio Nobel da Paz que ganhou no ano passado.
A medalha de ouro de 23 quilates foi vendida pela Heritage Auctions este domingo, data em que se assinalou o Dia Mundial dos Refugiados das Nações Unidas.
É de longe a medalha do Prémio Nobel da Paz mais cara vendida em leilão, superando o recorde anterior de US$ 4,76 milhões (4,5M€) alcançado em 2014 pela medalha de 1962 concedida ao biólogo molecular americano James Watson, que ajudou a descobrir a estrutura do DNA.
O valor obtido agora será destinado à UNICEF, a agência humanitária das Nações Unidas que ajuda crianças, para ser usada para apoiar as crianças afetadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Antes da venda, Muratov descreveu o leilão como “um ato de solidariedade” com os ucranianos, segundo o New York Times, e disse à Associated Press que estava particularmente preocupado com o futuro das crianças que ficaram órfãs durante a guerra.
O diretor da Academia do Nobel norueguês, Olav Njølstad, apelidou a venda de “ato generoso de humanitarismo”.
Muratov foi inspirado a vender a sua medalha por Niels Bohr, um cientista dinamarquês que vendeu o seu próprio Prémio Nobel da Paz para arrecadar fundos para a Finlândia depois do país ter sido invadido pela União Soviética em 1939, segundo o New York Times.
Muratov é cofundador e editor de longa data do Novaya Gazeta, um jornal independente que foi fundado em 1993 com o prémio em dinheiro do Prémio Nobel da Paz do ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev. O jornal suspendeu a publicação em março depois de enfrentar pressão do Kremlin pelas suas reportagens sobre a invasão da Ucrânia, dizendo que esperava retomar as atividades após o fim do conflito.
Quando Muratov e a jornalista Maria Ressa, que trabalha nas Filipinas, receberam conjuntamente o Prémio Nobel da Paz em outubro, Muratov disse à imprensa que achava que o prémio deveria ter sido entregue ao líder da oposição russa Alexei Navalny.