A forma mais simples de entender a dimensão do sucesso de Margarida Corceiro nas redes sociais é pensando que Portugal tem cerca de 10 milhões de habitantes, e a atriz tem 1,5 milhões de seguidores. A acompanhá-la diariamente, Margarida tem o equivalente a 15% da população portuguesa. “Nem sequer consigo imaginar o que é ter 1,5 milhões de pessoas à minha frente. Eu acho que não conseguia falar publicamente para 1,5 milhões de pessoas, e faço isso de forma natural nos Stories porque nem sequer as vejo”, conta à Forbes.
Começou na representação um pouco por acaso, mas Margarida já tinha avisado que a televisão iria fazer parte do seu futuro: “Eu dizia aos meus pais quando era pequena que um dia me iam ver na televisão, não sabia a fazer o quê, se era a apresentar ou como atriz, fascinava-me o ecrã talvez”, diz. O jornalismo ainda foi opção, mas desde que, em 2019, conseguiu o seu primeiro projeto, a paixão pela representação foi crescendo todos os dias. De tal forma, que, quando pensa na sua vida daqui a 10 anos, a expetativa é clara.
“Sempre que não estou a gravar, procuro fazer formação. Daqui a 10 anos adorava estar a trabalhar lá fora, mas é difícil, é preciso muito trabalho. Espero que consiga, mas tenho noção de que não é só esperar 10 anos que a coisa se faz”, afirma.
Inicialmente, também o trabalho como influenciadora digital foi uma coisa gradual. Já tinha alguns seguidores antes de entrar na sua primeira novela, mas depois tornou-se mais conhecida do público, e o número foi crescendo. Até que o crescimento ganhou dimensões muito grandes.
“Já aconteceu bloquear o site de algumas marcas, isso costuma acontecer bastante com a Missus, quando sai uma campanha. Ou os produtos de repente terem esgotado e a marca avisar-me, agradecer-me muito e dizerem que vão ter de produzir mais peças porque as pessoas estão a pedir”, conta.
A conta do Instagram é hoje a sua maior fonte de rendimentos. “Posso viver bem do Instagram, aliás o Instagram é a minha maior fonte de rendimento, ganho mais no Instagram do que como atriz”, afirma. Os valores envolvidos variam entre contratos, e normalmente não se negoceia apenas um conteúdo, mas, sim, vários ao longo de um período. Também não existe um preço de tabela no universo das redes sociais, até porque cada conta tem as suas estatísticas, mas se tivesse de dizer quanto recebe por uma publicação, Margarida aponta para os 10 mil euros.
“Um conteúdo meu por post, uma fotografia, pode ficar à volta dos 10 mil euros, sim. Mas lá está, é muito raro uma marca pedir só uma post, normalmente é sempre um pack, digamos”, detalha.
Para o bem e para o mal
Como consumidora, Margarida gosta de várias plataformas, mas para trabalhar é o Instagram que tem lugar de destaque, visto ser a rede social que mais facilmente lhe permite um contacto direto com o público. Gosta de partilhar sobre as suas viagens, a rotina, o backstage do seu trabalho, mas não deixa de ter algumas restrições. “Há muita coisa que não mostro, por exemplo, a minha irmã odeia aparecer, a minha família no geral não gosta muito de aparecer”, diz Margarida.
Se estiver a fazer conteúdo para uma marca, segue um planeamento, senão prefere que seja genuíno. “Tudo o que não é publicidade, eu sinceramente não penso muito no que ponho. As pessoas gostam de ver o meu conteúdo mais genuíno”, conta.
O lado menos positivo deste trabalho é que a mesma vantagem que Margarida atribui ao Instagram tem as suas desvantagens. A proximidade que as redes sociais facilitam é a mesma que leva algumas pessoas a ultrapassar limites. Algo que, ainda assim, a atriz tem bem resolvido. “Normalmente os comentários negativos que me fazem nem sequer são pessoas que me seguem, são pessoas que vão lá só para falar mal, e a essas pessoas eu nem dou hipótese. Não me conhecem, não vale a pena”, diz, realçando que é no Twitter que esses comentários mais surgem.
E há apenas uma coisa que Margarida Corceiro gostava que essas pessoas soubessem sobre ela: “Que eu sou igual a elas”, diz. “Há dias em que não estou tão bem-disposta e se vejo algum comentário menos bom fico menos animada ainda, e não há necessidade. As pessoas que vêm invadir as minhas redes sociais e comentam coisas menos boas, eu sinto quase que vão a minha casa e têm o descaramento de falar mal. Acho que gostava que percebessem isso”.
O que não falta a Margarida, e talvez seja essencial para lidar com tudo isto, é uma base de apoio. A atriz não publica a família, mas faz questão de mencionar que, apesar de não lhes ter seguido os passos a nível profissional, conta com todo o apoio dos seus. “Os meus pais sabem que eu sou feliz no que faço. A minha irmã então vê todas as novelas. Tenho a sorte de ter este apoio familiar”, diz.
E para quem está de fora, o que é que ainda falta entender sobre o seu percurso no digital?
“Muitas pessoas não entendem este meu crescimento tão grande em tão pouco tempo. E eu percebo essa questão. Tenho uma relação com uma pessoa com muita exposição e não posso dizer que isso não interferiu em nada. Por um lado, este crescimento por causa da minha relação aconteceu, mas, se eu não tivesse este trabalho constante e se eu não fosse quem sou, as pessoas não ficavam e não consumiam assim tanto. Acho que isso as pessoas não percebem”, conclui.
Artigo publicado na edição de abril/maio 2023 da Forbes Portugal.