Margarida Corceiro: “Agora olho de maneira muito diferente para um guião”

Chegou à área da representação em 2019, na novela Prisioneira, e desde então nunca mais parou. Já foi Catarina, Constança, Rita, Gabi, Eva, Maru e Zoe. Conquistou o mercado português e, desde o ano passado, dá cartas no mercado espanhol. Tudo isto enquanto é apenas Margarida Corceiro, a atriz e influenciadora que, em nome próprio,…
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Aos 22 anos, Margarida Corceiro é um dos rostos da representação nacional e já conseguiu internacionalizar a sua carreira. Está nomeada na categoria Arte, da lista 30 Under 30 2025.
30 Under 30 Líderes

Chegou à área da representação em 2019, na novela Prisioneira, e desde então nunca mais parou. Já foi Catarina, Constança, Rita, Gabi, Eva, Maru e Zoe. Conquistou o mercado português e, desde o ano passado, dá cartas no mercado espanhol. Tudo isto enquanto é apenas Margarida Corceiro, a atriz e influenciadora que, em nome próprio, chega a uma audiência de mais de 2 milhões de seguidores no Instagram.

“Não sei se levava assim tão a sério”, lembra a atriz sobre a sua primeira experiência na área. “Sentia que era uma oportunidade inacreditável, achava que era mais um hobby, que me estava a divertir. Na altura realmente não via aquilo que estava a fazer como uma profissão”.

Entre essa primeira novela e o momento atual muita coisa mudou. “A dedicação é muito maior agora. Na altura era um fascínio diferente porque era uma coisa nova, sinto que agora é uma paixão que não tem nada a ver, dá-me um gozo muito maior estar a trabalhar. Agora olho de maneira muito diferente para um guião”, diz.

Na prática, e porque a carreira de Margarida passa por uma série de histórias, foi assim que esta evolução aconteceu.

Cena I

“Quando era pequena, a minha prenda de Natal da minha mãe era uma ida a Lisboa para irmos ver uma peça do Filipe La Féria. Eu adorava e a minha irmã não ligava nenhuma. Era a minha maior prenda”, lembra.

Nessa altura não sabia que ia ser atriz, e é provável que a mãe de Margarida também não soubesse o que o futuro lhe reservaria, mas essa foi a base para uma carreira que levou a atriz ao papel de protagonista com apenas 22 anos. Eva, na novela A Fazenda, nasceu no ano passado e continua presente na casa dos portugueses, apesar de Margarida já ter terminado as gravações do projeto. O que é que mudou? A quantidade de olheiras. “Nunca tinha tido um projeto com tantas cenas por dia. É a maior diferença, porque a entrega, a paixão e a dedicação já lá estavam, mas as olheiras chegaram no ano passado”, conta.

Cena II

Enquanto o público conhecia a história de Eva, surgiram Maru e Zoe. Ou melhor: Margarida internacionalizou a sua carreira. Citas Barcelona e Punto Nemo foram os primeiros projetos da atriz no mercado espanhol, que surgiu mais rápido do que esperava, mas para a qual se estava a preparar há algum tempo

“Não gosto muito de definir um limite: neste ano eu tenho de estar ali. Não sou essa pessoa, nunca fui. Acho que estaria muito stressada se pensasse dessa maneira”, conta. Mas não deixa de definir objetivos e quando, em 2022 e durante as gravações da novela Quero é Viver, começou a receber oportunidades de castings em projetos em Espanha, Margarida decidiu aprender a língua e fazer cursos de representação em Madrid, garantindo assim que estaria pronta quando a oportunidade surgisse. “Nunca tive urgência, sabia que não ia ser para já, estava enganada”, conta.

O primeiro projeto que o público viu foi o episódio em que participou na série Citas Barcelona, mas Margarida gravou esse episódio enquanto já estava a gravar Punto Nemo, ambas as séries disponíveis na Prime Video. “Como estou sempre a dizer, sou uma rapariga com muita sorte. Óbvio que a sorte traz muito trabalho, não é preciso ter só sorte, mas sinto que estou sempre no momento certo, à hora certa”, afirma.

Esse trabalho, no seu caso, passou pelo estudo da língua e os cursos de representação, como mencionado anteriormente, mas também por muitas visitas à capital espanhola para ganhar contactos e observar a forma como se trabalha por lá. Margarida também nunca abdicou de fazer todas as self-tapes que conseguiu: “Uma coisa que já aconteceu comigo foi eu fazer uma self-tape para um projeto, não ficar nesse projeto e um ano depois um diretor de casting ainda se lembrar de mim e chamar-me para outra coisa”.

Além da visão positiva com que ficou em relação ao trabalho que é feito no país vizinho, a experiência em Espanha aumenta-lhe a experiência em outros mercados, mas também foi uma forma de renovar as certezas que tem em relação ao mercado português.

“Acho que, infelizmente, há muitas pessoas em Portugal que olham para o nosso trabalho e não valorizam, acham que não somos tão capazes de fazer como lá fora. Quando nos comparam ao internacional, as pessoas falam de Portugal como um país realmente muito pequenino. E eu, que não trabalhei assim tanto lá fora, mas fiz duas séries, acho que os portugueses têm a mesma dedicação, a mesma paixão, o método de trabalho não é assim tão diferente. A diferença de Portugal e Espanha é que Espanha realmente tem mais meios, tem mais dinheiro. Mas acho que os espanhóis, tal como os portugueses, têm muita vontade de fazer bem, muito gosto naquilo que fazem. E os portugueses deviam olhar para o nosso país de uma forma mais positiva”, defende.

Cena III

Aliado a tudo isto, Margarida Corceiro continua a manter a sua presença no digital, que acaba por ser um complemento ao seu trabalho na representação. “Este pequenino preconceito que às vezes pode existir, nunca senti no meu trabalho como atriz. Eu estou muito segura do caminho que tenho feito, tenho a certeza dos castings que faço, das reuniões que tenho. Acho que o Instagram é uma ferramenta muito importante para partilharmos o nosso trabalho e eu vou partilhando o que posso, porque há projetos que não me deixam”, afirma.

Ao chegar a milhões de pessoas com um clique, a atriz consegue tirar vantagens como o de “ter uma palavra ativa se assim quiser, poder partilhar trabalho e, se calhar, chegar a alguns diretos de casting”. Mas nada tem apenas um lado bom e as desvantagens também são uma realidade neste universo: “A facilidade que hoje existe em tentar prejudicar alguém sem consequências nenhumas”.

Contar a história recente de Margarida, ou Magui como é conhecida, exige passar por todas estas cenas, entre os projetos nacionais, internacionalização e digital. Mas não nos permite um fim. Consciente de que o maior desafio na sua profissão é o facto de não saber se terá um projeto seguinte, neste momento garante: “Vou ter um grande projeto em breve”.

(Artigo publicado na edição de junho/julho da Forbes Portugal)

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