“Entre o acaso e a paixão”. Este foi o mote para o Pitch protagonizado pela CEO da Amazing Evolution, Margarida Almeida, durante a terceira edição do Forbes Women Summit que decorreu sob o tema “O Poder de Acreditar”. A gestora provou o quão importante é o poder de acreditar que, no fundo, é a base da essência daquilo que hoje é a Amazing Evolution, uma empresa de gestão hoteleira independente.
Durante a apresentação, Margarida Almeida lembrou que, aos 42 anos, fundou a empresa, um projeto em relação ao qual “não sonhei, não desejei, não planeei, mas não fechei os olhos quando a oportunidade apareceu”. E que o acaso e o inesperado, por vezes, transformam-se em projetos vencedores como a empresa que criou e que gere mais de 32 hotéis de Norte a Sul do País.
Por isso, não hesitou em afirmar que “se quisermos, podemos ter um mundo nas nossas mãos”. E a fórmula para o conseguir? A CEO da Amazing responde dizendo que “o poder de acreditar dá-nos essa capacidade e o poder de acreditar é sobretudo o poder de fazer acontecer. E há uma mão cheia de possibilidades, de pilares que nos conduzem a esse objetivo”. Isto sem esquecer uma mão cheia de inspiração, já que, sem ela “é muito difícil concretizarmos os nossos sonhos”.
Quanto ao pilares para fazer acontecer, a fundadora da Amazing começou por destacar “a disponibilidade e a abertura para olhar e ver o mundo. Não é à toa que se diz tantas vezes a expressão olhar com olhos de ver. Porquê? Porque muitas vezes há oportunidades que nos passam ao lado porque nós estamos somente a olhar, não estamos a ver”. Lembrando que nunca pensou ter uma empresa realçou que “esta disponibilidade para aceitar o inesperado e aceitar o extraordinário, não fechar os olhos àquilo que é diferente, àquilo que é irregular é extremamente importante nesta nossa viagem, enquanto pessoas e profissionais. E aceitar também aquilo que nos parece à primeira vista menos bonito, mas que tem sempre a sua beleza”. Uma ideia que vai beber à filosofia japonesa milenar, o wabi-sabi, “que define que tudo o que é mais velho, tudo o que é mais usado, tudo o que é mais idoso, tem uma beleza única. Tudo o que é mais feio, tudo se recicla, nada é para deitar fora. E nessa reciclagem está a sua beleza, a sua unidade, a sua autenticidade”.
O segundo pilar é o positivismo. A gestora admitiu que ter uma atitude positiva, “nem sempre é fácil, há momentos extremamente difíceis, complicados em que nós não vemos a luz ao fundo do túnel. Mas temos de acreditar que conseguimos encontrar o melhor caminho para que isso aconteça. Sempre com empatia, que é extremamente importante, não esquecer nunca o sorriso, a empatia com que lidamos com as pessoas, com os projetos, com as coisas”.
Há que aceitar que, por vezes, nem tudo corre bem, mas que há sempre “uma segunda via com positivismo, com energia, conseguimos encontrar esse caminho”. E que a paragem também “é necessária para nos fazer continuar naquilo que projetámos, ou não projetámos, aquilo que ambicionámos, ou que, por acaso, nos aconteceu”, tal como aconteceu com o nascimento da Amazing.
Formada em Direito, Margarida Almeida disse que estudou com o objetivo de fazer Direito Comercial com toda a parte da negociação de contratos do real estate, pelo que nunca pensou que um dia iria ter a oportunidade de criar uma empresa.
Em 2010 era administradora de uma grande empresa que faliu na crise da altura. Tratava-se de um grande projeto turístico no Algarve, na Quinta do Lago, o Conrad Algarve, que estava em desenvolvimento e colapsou com a crise financeira, sendo que já havia muito dinheiro investido e era preciso decidir a continuidade ou não do mesmo. Era preciso perceber se os dois bancos envolvidos – um português e um internacional – continuariam a investir para o concluir.
Tomada a decisão de continuar o projeto, “arregaçámos as mangas, junto sempre com uma equipa muito focada, que tem o privilégio de estar na Amazing, desde o seu início. São quatro pessoas – a Inês Minhoto, o Pedro Chamusco, o Rui Mateus e o João Gonçalves – são pessoas que estiveram sempre neste processo, a par de outras, mas que depois transitaram” para outros projetos.
E aqui dá-se o acaso. “Sabíamos que tínhamos um período de tempo curto para a nossa vida profissional. E, ainda assim, desafiámos as equipas para concretizar esse projeto até ao fim. E ficaria no nosso currículo como um grande projeto hoteleiro que nós acharíamos que ia ser. Mas sabíamos que depois iríamos ficar desempregados e que iríamos procurar outras oportunidades. E, a determinada altura, faz-se a abertura do projeto”.
Passadas duas ou três semanas, “recebo um telefonema de Londres, de um senhor que eu nunca vi, e que me diz: “Margarida, gostamos tanto do trabalho que a sua empresa fez no Conrad, que gostávamos de a contratar para mais dois ou três projetos que temos em Portugal, em situação similar à do Conrad, não tão difícil, mas, ainda assim, a precisar da ajuda profissional”. E eu disse, com certeza, vamos, então, apresentar a nossa proposta, e, em dois ou três dias, estará a proposta no seu e-mail”. Eu desligo o telefone e digo, em voz alta, não tenho empresa nenhuma. Ele estava em Londres e não percebeu as dinâmicas do que é que nós trabalhávamos, e nós trabalhávamos com tanto afinco, como se o projeto fosse nosso, que ele achou que nós tínhamos mesmo uma empresa. E, portanto, no dia seguinte, fomos à Empresa na Hora, e estava o nome chamado Amazing Evolution”.
Apesar de ter detestado o nome uma grande amiga da área da publicidade convenceu-a que um dia iria adorar o nome. Deste acaso, nasceu uma solução de autoemprego e uma responsabilidade que nunca projetou, mas que hoje encara com muita felicidade. Hoje a Amazing Evolution “está a caminho dos 13 anos de vivência com muito sucesso”.
Lembrando que o logo da empresa é um trevo, Margarida Almeida reiterou que “temos de estar atentos, olhar com olhos de ver, as oportunidades podem estar, mesmo à nossa beira. E, portanto, nunca descurar as oportunidades, sempre com seriedade, com os valores no sítio certo, com o empenho, mesmo que não sejamos donos de uma empresa”. Sem esquecer de valorizar o inesperado, já que, “o caminho da vida não tem de ser uma linha direita”.
Por último, realçou “a super cola três da vida, que é a paixão, aquela que cola tudo, que permite que nós sejamos capazes de ir mais além, aquela que nos alimenta energicamente quando estamos completamente sem força para continuar. A paixão de fazer acontecer, de fazer aquilo que gostamos. É impossível, na minha visão, alguém ser um excelente profissional, se não gostar muito daquilo que está a fazer”.
Até porque, nas palavras de Margarida Almeida, “é a paixão que alimenta a capacidade de sacrifício, é a paixão que nos alimenta nos momentos em que nós estamos quase a desacreditar”. Nos momentos menos bons, há que ter a capacidade de chorar sem ter vergonha disso porque “não tem mal nenhum. Isso não nos pode nunca bloquear”.