Opinião

Mais uma onda de calor num imenso mar de pobreza energética

João Ferreira Gomes

Escrevo este texto numa altura em que se anuncia uma nova onda de calor. Não é a primeira do ano e não será, certamente, a última já que com as alterações climáticas, a cada ano que passa, assistimos a novos recordes de temperaturas máximas em Portugal.

Se a maioria das casas portuguesas não estavam, há anos, preparadas para as altas (e baixas) temperaturas, esta realidade intensifica-se a cada verão quente e a cada inverno rigoroso. Portugal é um país energeticamente pobre e mesmo que se pense que esta condição afeta apenas as populações economicamente vulneráveis, a realidade é que este tipo de pobreza é mais transversal, colocando o nosso país na cauda da Europa.

No que respeita à habitação, a pobreza energética continua a ser um conceito muito ouvido, mas creio que muitos não sabem ao certo a que se refere. E é muito simples: a incapacidade de manter a casa quente durante o tempo frio e a casa fria durante o tempo quente. É uma questão de conforto térmico e de minimização do impacto na saúde dos habitantes, sobretudo os mais idosos, à qual se pode dar resposta com a melhoria do isolamento térmico das habitações.

Manter uma casa fria ou quente passa, no contexto português, por recorrer a aparelhos de ar condicionado, por exemplo, o que significa consumir mais energia.

A melhor solução, para os portugueses e para o Ambiente, passa pela execução de obras de melhoria das condições de conforto térmico das casas portuguesas, ao nível de paredes, coberturas e, claro, das janelas. A instalação de novas janelas eficientes permite melhorar consideravelmente, as condições de isolamento térmico e acústico. Sendo a obra mais fácil e económica de executar face aos resultados obtidos, seria indispensável continuar a executar programas e medidas públicas de apoio, como o anterior programa ‘Edifícios Mais Sustentáveis’. Esperamos que este Governo tenha uma ambição reforçada para dar cumprimento aos planos e metas que Portugal aprovou para o combate à pobreza energética, à melhoria do conforto e eficiência energética dos edifícios.

João Ferreira Gomes,
Presidente da ANFAJE – Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes

Artigos Relacionados