“O risco climático não é uma probabilidade, é uma certeza e a instabilidade climática está a tornar-se cada vez mais uma parte do dia-a-dia”, refere Carlos Robalo Freire, CEO da Aon Portugal, que destaca o facto de “mais empresas” estarem “a olhar para os desafios causados pelas alterações climáticas para além da conformidade regulamentar e da gestão da reputação e estão a investigar os riscos relacionados onde o impacto é imediato e mensurável – interrupção de negócios, escassez de materiais, problemas na cadeia de abastecimento e danos na reputação. E verificamos que os líderes que estão a investir mais tempo e recursos nestes desafios estão melhor preparados”.
A propósito do estudo “Tomar melhores decisões em tempos de incerteza” (2022 Executive Risk Survey – “Making Better Decisions in Uncertain Times”), conduzido pela AON, com base em 815 entrevistas com gestores C-suite e outros executivos em empresas com mais de 500 colaboradores, Carlos Robalo Freire, sublinha que “líderes fortes e preparados são essenciais para proteger a resiliência de uma organização e encontrar oportunidades de crescimento face a uma volatilidade elevada”.
Líderes com visão de longo prazo sobre risco e crescimento tomam melhores decisões durante clima de incerteza económica.
O estudo “Tomar melhores decisões em tempos de incerteza” procurou encontrar as características que distinguem os líderes bem preparados para enfrentar decisões em contexto de recessão e como se preparam esses gestores para tomar melhores decisões para posicionar as suas empresas para o crescimento neste momento crucial.
De acordo com este estudo, os líderes empresariais que estão melhor preparados para uma recessão, pela sua visão de longo prazo sobre risco e crescimento partilham quatro atitudes fundamentais:
Aceitar o risco
No inquérito, 62% dos executivos concordam que a abertura da sua empresa para lidar com o risco aumentou como resposta às atuais condições macroeconómicas. Para as empresas que se sentem melhor preparadas para enfrentar a recessão, abordar o risco não é uma escolha — é uma questão de sobrevivência.
Aconselhamento para tomar melhores decisões
Líderes melhor preparados são quase duas vezes mais propensos a dizer que valorizam a opinião de um conselheiro externo para melhorar a capacidade da sua empresa de tomar boas decisões e lidar com o risco. Os líderes confiantes também resistem à vontade de abrandar a contratação, apesar das condições económicas desafiantes. De facto, 42% dos líderes melhor preparados estão a ocupar muito tempo a estudar a forma de atrair e reter talentos, em comparação com apenas 22% dos outros líderes.
Riscos interligados
Um total de 61% dos líderes melhor preparados concordam que os riscos estão interligados, baseando-se nas suas experiências durante a pandemia COVID-19. Uma larga maioria (73%) acredita fortemente que a pandemia os preparou para responder rapidamente aos riscos emergentes, dando-lhes mais confiança à medida que se caminha para uma recessão.
Não abrandar investimento a longo prazo, nem ignorar riscos de long-tail
Os cinco principais riscos em que todos os líderes dizem estar mais focados são: inflação, crise financeira, fornecimento de energia, ciberataques e perturbações na cadeia de abastecimento. Além de abordar estes riscos, os líderes estão igualmente a olhar para o futuro e a investir mais tempo relativo do que outros líderes em desafios a longo prazo como desigualdades económicas/sociais, tecnologias disruptivas, cripto e blockchain. Da mesma forma, cerca de metade (49 %) dos líderes estão a despender muito tempo em alterações climáticas, em comparação com apenas 26% dos outros líderes.
79% dos líderes C-suite e executivos seniores inquiridos esperam uma recessão, mas apenas 35% se sentem preparados para a enfrentar
Uma grande maioria (79%) dos líderes inquiridos espera uma recessão este ano, no entanto, apenas 35% afirma sentir-se muito preparado para essa recessão. Apesar da deterioração das condições económicas, os líderes condicionam a sua perceção do futuro pelo seu próprio nível de sucesso e resiliência, com 66% a manterem uma visão positiva da economia e 31% a encararem-na mesmo como “excelente”.
Para 41% a inflação representa um risco muito elevado para os seus negócios, seguido ex-aequo pelo conflito na Ucrânia e pelas quebras nas cadeias de produção, com 36%. Em 4º lugar, surgem os efeitos da COVID-19, com 31%.