Numa altura em que se assinalou mais um Dia Mundial da Poupança o estudo “Consumer Sentiment Survey 2024” não traz boas notícias. De acordo com o estudo realizado pela Boston Consulting Group (BCG), os portugueses continuam a não conseguir poupar, sendo que 61% assume que, no mealheiro, ficam menos de 10% do salário.
Ainda de acordo com o mesmo survey, dois em cada dez portugueses (20%) admite poupar entre 10% a 20% do salário líquido, um aumento de 4 pontos percentuais (pp.) face ao ano passado, 9% reserva 20% a 30%, e, tal como em 2023, apenas 5% consegue economizar mais de 40% do que ganha.
Quanto ao destino das poupanças, 63% dos inquiridos canalizam essa parte dos rendimentos para responder a potenciais imprevistos, 39% para acumular para a reforma, e 33% para viajar, sendo que nestas duas últimas categorias verificou-se uma subida de 3 pp. face a 2023.
Comprar casa é uma prioridade para destinar a poupança para 22% dos inquiridos, valor que cresceu 2 pp. em comparação com o ano passado, seguida de comprar um carro (13%) e gastar noutros bens de consumo (10%), percentagens que se mantêm quando comparadas com o ano passado.
O managing director e Partner na BCG Lisboa, Tiago Kullberg, salienta que “a maioria dos portugueses continua a não conseguir poupar, gastando a maior parte do que aufere com necessidades básicas e alocando o capital que consegue amealhar em investimentos de baixo risco”.
Face a este cenário, Tiago Kullberg alerta que “as empresas devem tentar diferenciar a oferta, otimizando a sua estratégia de preços e descontos e melhorando o seu modus operandi na promoção e distribuição de produtos, bem como os canais físicos e digitais onde estão presentes, de modo a serem mais atrativas para os consumidores”. O managing director na BCG Lisboa realça ainda que “urge apostar em literacia financeira a nível nacional como um instrumento para termos cidadãos mais bem informados e capacitados”.
O Consumer Sentiment Survey revela ainda que, no geral, os portugueses continuam a ter um perfil de investimento bastante conservador, preferindo alocar as poupanças em produtos de baixo risco. Os jovens adultos recorrem sobretudo a depósitos à ordem (38%) e depósitos a prazo (36%), sendo, no entanto, a faixa etária que mais investe em ações e obrigações (alocando cerca de 18% dos seus recursos a esta classe de ativos). No entanto, esta faixa etária aloca menos de 10% dos recursos em Fundos de Pensões e Ativos Não Financeiros. Para os portugueses de meia-idade, os Depósitos à Ordem e Depósitos a Prazo continuam a representar a maior fatia, com 36% e 37%, respetivamente. No entanto, nesta faixa etária, as Ações e Obrigações perdem relevância (14%), tal como os ativos não financeiros (3%), ganhando importância os a Fundos de Pensões (9%). No que diz respeito à população sénior, grande parte dos recursos (84%) são investidos em Depósitos a Prazo e em Depósitos à Ordem. Os Fundos de Pensões (7%), Ações e Obrigações (6%) e Ativos Não Financeiros (4%) são as aplicações de investimento menos atrativas para os portugueses com mais de 65 anos.
No que toca aos géneros, os homens (18%) têm maior propensão a investir em ações e obrigações quando comparados com as mulheres (10%), revelando uma assimetria significativa em termos de perfis de risco.