Aliados ancestrais, Portugal e o Reino Unido partilham um legado histórico e cultural que se estende aos automóveis.
A produção automóvel britânica granjeou adeptos no nosso país ao longo do século XX, um entusiasmo que se mantém bem vivo e que fica visível, todos os anos, no Passeio dos Ingleses, o maior passeio de clássicos britânicos em território europeu.
A equipa do ACP Clássicos organizou, neste sábado, a 19ª edição do Passeio dos Ingleses, um evento em duas localizações no mesmo dia, com partidas de Lisboa e do Porto, reunindo um total de 256 automóveis.
Oportunidade para proprietários e acompanhantes partirem à descoberta do território nacional, ao volante de autênticas preciosidades da indústria automóvel, modelos intemporais da Bentley, Jaguar, Rolls-Royce, Aston Martin, MG, Triumph, Lotus, Morgan, Vauxhall ou Austin-Healey, e de outros emblemas eventualmente menos conhecidos, mas igualmente relevantes, como a Standard ou a Reliant.
Este ano, a Rainha Isabell II foi recordada no evento, pois era conhecida a paixão pelos automóveis da mais famosa monarca do mundo, falecida em setembro de 2022.
O apelo do Passeio dos Ingleses leva inclusive alguns entusiastas a prepararem automóveis especificamente para um evento, que, tradicionalmente, abre a temporada dos passeios de clássicos em Portugal.
O embaixador do Reino Unido em Portugal, Chris Sainty, também marcou presença no Passeio dos Ingleses, participando no convívio e descobrindo o percurso ao volante de um Bentley: “Nem eu fazia ideia de que tínhamos tantos automóveis britânicos verdadeiramente deslumbrantes nesta zona! É realmente entusiasmante… Temos uma longa tradição de amizade e parceria entre os dois países, e é muito reconfortante saber que os automóveis também são parte desta ligação entre Portugal e o Reino Unido”, referiu.
Durante a manhã do sábado, as duas caravanas de automóveis partiram de Lisboa e do Porto para um programa simultâneo e dividido, nos dois casos, em Grupo Turístico e Grupo Desportivo, com percursos próprios.
Mais de 70 carros no Porto
No Porto, sob as palmeiras da Avenida Dom Carlos I, no emblemático cenário da Foz do Douro, concentraram-se mais de 70 automóveis britânicos, incluindo o exemplar mais antigo do evento: um Standard 14 de 1946. A ligação emocional a estes automóveis é um elemento comum a muitos participantes do Passeio dos Ingleses. Um Vauxhall Cresta de 1957 marcou presença, um modelo que pertenceu a David Francis, cônsul inglês na Invicta na década de 1950.
A norte, a partida da Foz do Douro levou os participantes rumo à região do Minho, onde o destino final seria Geraz do Lima, local do almoço.
Antes disso, o Grupo Turístico visitou a vila mais antiga de Portugal, desfrutando da beleza de Ponte de Lima, enquanto o Grupo Desportivo estreou-se no Kartódromo de Viana do Castelo, que fez as delícias dos pilotos de ocasião.
185 participantes em Lisboa
A sul, os 185 participantes começaram por se concentrar no Parque Eduardo VII, em Lisboa, atraindo a atenção de largas centenas de adeptos e curiosos.
O extenso grupo rumou depois ao concelho de Mafra, onde o almoço seria servido em Enxara do Bispo, mas a meio do percurso dividiu-se em dois programas distintos: o Grupo Turístico visitou o Palácio Nacional de Mafra, onde foram recebidos por figurantes históricos, assistindo depois à atuação de um grupo lírico, que realçou o ambiente único do Palácio; o Grupo Desportivo pôde acelerar no Kartódromo da Lourinhã, numa prova de Regularidade que elevou as rotações e a emoção.
Um dia marcado pelo convívio, pelo glamour dos automóveis ingleses e pela descoberta do território nacional.
Pelo 19º ano, a fórmula do ACP Clássicos foi um sucesso e promete regressar em 2024, com novos motivos de interesse, para comemorar duas décadas de história do Passeio dos Ingleses.