“Mafalda” vai ter direito a uma série na Netflix

Desde a sua primeira aparição em 1964, Mafalda, a icónica personagem de banda desenhada criada pelo lendário cartoonista argentino Quino, conquistou gerações de leitores com a sua sagacidade, humor ácido e reflexões críticas sobre a sociedade e a política. A pequena menina de cabelos negros e fita na cabeça tornou-se um símbolo e uma porta-voz…
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A Netflix anunciou a produção de uma série animada baseada nas tiras de banda desenhada “Mafalda”, protagonizadas pela famosa personagem criada pelo argentino Quino.
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Desde a sua primeira aparição em 1964, Mafalda, a icónica personagem de banda desenhada criada pelo lendário cartoonista argentino Quino, conquistou gerações de leitores com a sua sagacidade, humor ácido e reflexões críticas sobre a sociedade e a política. A pequena menina de cabelos negros e fita na cabeça tornou-se um símbolo e uma porta-voz de inquietações e aspirações sempre atuais.

Agora, a perspicaz Mafalda, juntamente com os seus amigos, está pronta para saltar das páginas dos quadrinhos para o pequeno ecrã, ganhando uma nova vida numa série animada da Netflix que promete captar a essência da obra de Quino, introduzindo-a a uma nova geração.

Joaquin Salvador Lavado (“Quino”), em outubro de 2014, ao lado de uma escultura da personagem que criou, Mafalda, no parque de San Francisco, em Oviedo, Espanha, por ocasião do Prémio Princesa das Astúrias de Comunicação e Humanidades que recebeu nesse ano. Foto: Europa Press/Europa Press via Getty Images

O anúncio foi feito, no evento “Hecho en Argentina”, que decorreu no Centro Cultural San Martín, em Buenos Aires, durante o qual a Netflix desvendou várias produções argentinas que vão estrear ou estão em rodagem, centre as quais está um documentário sobre o futebolista argentino Ángel Di María, atualmente ao serviço do SL Benfica (“Angel di María: romper la pared”).

O realizador argentino vencedor de um Óscar, Juan José Campanella (pelo filme de 2009, “El secreto de sus ojos”/“O Segredo dos seus olhos”), será responsável por esta série de animação, como realizador e argumentista, ele que assume ser fã de Mafalda desde a infância.

Juan José Campanella em janeiro deste ano, em Madrid. Foto: Juan Naharro Gimenez/Getty Images

“[Quando eu era criança] os meus pais tinham-me dito que não era para mim, que era para os adultos, que eu não ia perceber. Fui ao quiosque para o comprar. Estava a lê-lo e, rindo, havia de facto tiras que eu não entendia. Percebi que a Mafalda era para miúdos, graúdos e intermédios. Isso levou-me ao dicionário. Aprendi muitas coisas, para além de me rir muito”, recorda o realizador, que também confessa ter passado muito tempo a pensar como levar a Mafalda para a animação, para que os miúdos de hoje se riam como ele se ria na altura.

Campanella diz que o seu objetivo é “reconectar as novas gerações que não cresceram com a Mafalda” e “trazer a sua inteligência e pertinência para as crianças que estão a crescer nas plataformas digitais de hoje”.

Juntamente com o produtor Gastón Gorali e o diretor de produção Sergio Fernández, Campanella está empenhado em preservar a essência da criação de Quino. “É nosso dever preservar o humor, o timing, a ironia e as observações de Quino”.

Para Campanella, trabalhar nesta adaptação de Mafalda será mesmo “o maior desafio da minha vida”.

“Mafalda”, a eterna menina de seis anos que questiona o mundo à sua volta, com humor e ironia.

A série vai ser produzida pela Netflix e pelo estúdio de criação digital Mundoloco CGI, sediado na Argentina, não tendo ainda datas para a sua exibição.

Campanella revelou, aliás, que Quino chegou a visitar o escritório de produção da animação Mundoloco CGI, antes de morrer em 2020, e ficou encantado com a tecnologia digital: “O seu entusiasmo era o de uma criança com um brinquedo novo, fazendo dezenas de perguntas”.

A Netflix ainda não anunciou a data de estreia da série Mafalda.

Quino, cujo verdadeiro nome era Joaquín Salvador Lavado Tejón (1932-2020), concebeu Mafalda em 1964. A banda desenhada, que durou até 1973, foi traduzida do espanhol para mais de uma dúzia de línguas, incluindo português, inglês, francês, italiano, alemão e japonês.

Esta adaptação da Netflix é, assim, uma oportunidade de apresentar a personagem a um público mais vasto e uma forma de honrar o legado do criador da Mafalda, “um gigante que inspirou gerações de cartoonistas com o seu traço e muitos mais humoristas com o seu sentido de ironia e comentário mordaz”, aponta Campanella.

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