“Lembro-me de estar na faculdade no meu primeiro ano e pensar ‘isto do Youtube é um plano B, o meu plano A é estar aqui no meu curso da Católica em Comunicação Social’. Mas depois pensei: ‘Estou a dizer que o meu plano A é trabalhar numa empresa de comunicação das 9h às 18h, mas quem dera a muita gente ter começado a fazer vídeos como eu e agora ter esta plataforma, claro que isto vai ser o meu plano A’. Acabei a minha licenciatura, porque pode dar jeito algum dia, e depois disse ao meu pai que não queria tirar mestrado, queria só fazer vídeos. E o só fazer vídeos começou com eu a lançar um livro, eu a fazer espetáculos ao vivo, eu a fazer stand-up, eu a fazer o ‘Peter Pan no Gelo’. De repente o só fazer vídeos já é muitas coisas”, diz.
Os espetáculos de stand-up ao vivo começaram com “Rainha da Net”. O projeto começou no Youtube e trata-se de uma paródia com uma música de Ariana Grande. “Em uma semana teve 1 milhão de visualizações”, recorda, sendo que hoje já ultrapassou as 3,5 milhões. Quando decidiu levar a ideia para um espetáculo ao vivo, foi um pouco por impulso.
“Em 2022 eu disse ‘malta vou fazer um espetáculo no Capitólio, quem quiser compre bilhetes’. Esgotou logo duas sessões, no Porto também abrimos uma, abrimos outra e esgotou. E eu assim: ‘Sinto que estou a enganar as pessoas porque ainda nem tenho nada escrito’”, conta. Mas acabou por escrever o texto completo, como faz nos seus vídeos. Nesse espetáculo foi só Mafalda e uma led wall no palco, para que os seus personagens pudessem aparecer também.
Em 2023, apareceu o teatro e a youtuber começou logo com um musical no gelo. “Fui convidada para fazer ‘Peter Pan no Gelo’, estava com um bocado de medo, mas aceitei. Eu não sabia cantar, não sabia dançar. Eles deram-nos aulas de acting, dança, patinagem no gelo, que eu nunca tinha feito patinagem, estive um mês a aprender a andar de patins. É mesmo muito divertido. Claro que é diferente porque no meu espetáculo sou eu sozinha e aqui é toda uma equipa”, diz.
Pelo meio ainda escreveu um livro. Pensou em recusar o convite da editora, até porque só estava habituada a escrever guiões mais pequenos, mas no final decidiu avançar. Mas nos seus termos. “No início a editora até disse ‘temos um ghostwriter que é o que costumamos fazer com os youtubers, alguém escreve por vocês, daqui a uns meses o livro sai e é tudo rápido’ e eu disse que não. Quero ser eu a escrever o meu livro”, afirma. Demorou dois anos, mas hoje o “Uma Adolescente à Beira de Um Ataque de Nervos” já vai na 10.ª edição. “Tinha que ser uma história minha e acho que é por isso que as pessoas gostaram”, afirma Mafalda.
(Leia o artigo completo na edição de fevereiro/março da Forbes Portugal)