A empresa espacial de Jeff Bezos, Blue Origin, lançou pela primeira vez em órbita o seu foguetão de carga pesada New Glenn, na quinta-feira, atingindo um marco importante para a empresa que lhe poderá permitir entrar num mercado atualmente dominado pela SpaceX de Elon Musk.
O lançamento ocorreu às 7h03 (horário de Lisboa) a partir do histórico Complexo 36 da NASA – que a Blue Origin gastou mais de mil milhões de dólares para reconstruir – na Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Florida.
Pouco depois do seu lançamento, a segunda fase do foguetão conseguiu alcançar a órbita com sucesso.
No entanto, a Blue Origin não conseguiu atingir o seu objetivo secundário de recuperar a fase de propulsão reutilizável do foguetão – que deveria ter aterrado numa barcaça que flutuava no Atlântico, mas que se perdeu durante a reentrada. Se tivesse conseguisse ido, a Blue Origin teria ficado em pé de igualdade técnica com a SpaceX de Elon Musk.
Ainda assim, após o lançamento, o diretor executivo da Blue Origin, Dave Limp, mostrou-se “incrivelmente orgulhoso pelo facto de o New Glenn ter alcançado a órbita na sua primeira tentativa… Sabíamos que aterrar o nosso propulsor, “So You’re Telling Me There’s a Chance”, na primeira tentativa era um objetivo ambicioso. Vamos aprender muito com o dia de hoje e tentaremos novamente no nosso próximo lançamento, na primavera. Obrigado a toda a ‘Blue Team’ por este marco incrível”.

O New Glenn tem 98 metros de altura, ou seja, o tamanho de um edifício de 30 andares ou da Estátua da Liberdade.
O foguetão, que atingiu uma altitude máxima de mais de 19 mil quilómetros, descolou após quatro adiamentos, os dois primeiros devido às más condições atmosféricas na zona onde os responsáveis pela missão posicionaram a nave para a recuperação do propulsor.
O New Glenn estava inicialmente previsto para segunda-feira, mas a tentativa foi abortada depois de se ter acumulado gelo num tubo de canalização ligado à unidade auxiliar de potência do foguetão.
Que carga útil transporta o foguetão?
O foguetão não vai lançar um satélite, mas transporta um protótipo da sua nave espacial Blue Ring.
O New Glenn transporta mais concretamente uma versão de teste do Blue Ring Pathfinder, o módulo de transporte de carga útil da empresa espacial concebido para funcionar em várias órbitas.
A empresa descreveu o protótipo de carga útil como um “desbravador” e permanecerá ligado ao segundo estágio do foguete durante a sua missão de seis horas e será usado para testar as suas “capacidades de comunicação da órbita ao solo”. O protótipo da Blue Ring será também testado durante a missão, no que diz respeito à telemetria espacial, ao hardware de controlo e comando e ao controlo radiométrico em terra.

O sucesso da missão NG-1, que foi seguida a partir do controlo da missão por Jeff Bezos, é o primeiro passo para que a nova gama de foguetões da Blue Origin obtenha as certificações necessárias para poder realizar missões de segurança interna do Governo dos EUA, bem como transportar satélites e outras cargas pesadas para clientes privados.
Um curiosidade: o foguetão tem o nome de John Glenn, o antigo astronauta e senador dos EUA que foi o primeiro americano a orbitar a Terra.
Entretanto, Elon Musk já felicitou o rival pelo sucesso do primeiro voo. “Parabéns por ter atingido a órbita na primeira tentativa”, escreveu Elon Musk a Bezos na rede social X, da qual é proprietário.
Até agora, a empresa de Bezos, fundada em 2000, teve conquistas modestas e alcançou-as com o foguetão reutilizável para voos suborbitais New Shepard, com o qual levou clientes privados às fronteiras do espaço e também realizou alguns testes científicos em microgravidade.
A SpaceX fez voar os foguetões Falcon Heavy e Falcon 9 um total de 134 vezes só em 2024. Também colocou em órbita cerca de sete mil dos satélites de banda larga Starlink, contra os quais a Blue Origin procura competir com os mais de três mil satélites Kuiper.
A NASA encomendou a ambas as empresas o desenvolvimento de veículos de aterragem de tripulação e carga para futuras missões do programa Artemis, com o qual a agência espacial norte-americana pretende regressar à Terra por satélite.
com Siladitya Ray/Forbes Internacional e Lusa
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