A Parpública teve lucros de 183 milhões de euros em 2023, um aumento de perto de 18% em relação a 2022, adiantou o grupo que detém participações do Estado em várias empresas de diversos setores.
Num relatório, publicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Parpública referiu que, no ano em análise, “todos os segmentos das participadas apresentaram resultados positivos”.
Por outro lado, o endividamento consolidado da empresa reduziu-se em 390,6 milhões de euros, ou seja, em cerca de 19,5%, por diminuição “significativa” do valor em dívida da Parpública (- 130,7 milhões de euros) e do Grupo Águas de Portugal (AdP) (- 253,7 milhões de euros), representando este último cerca de 91,0% do valor do endividamento do grupo, explicou, numa mensagem do seu presidente.
Já no que diz respeito ao investimento global, a Parpública atingiu 238 milhões de euros, “valor ligeiramente abaixo do registado no período homólogo (262 milhões de euros), mas que ultrapassa o investimento realizado no ano de 2021 (188 milhões de euros)”, destacou.
Segundo a empresa, o ano de 2023 “ficou marcado não só pelo alargamento do objeto social da Estamo, como também pela finalização do processo de reprivatização da Efacec no final de outubro de 2023 e pela redução do endividamento da ‘holding’”.
Assim, além de a Parpública “finalizar o processo de reprivatização da Efacec é também ressarcida pela DGTF [Direção-Geral do Tesouro e Finanças] da parte dos encargos suportados com os apoios de tesouraria atribuídos” a esta empresa, que ascenderam a 202,9 milhões de euros.
O grupo destacou ainda “o resultado positivo alcançado pelas empresas do segmento do imobiliário, que ascendeu aos 55,6 milhões de euros e o resultado apurado pelos negócios de exploração agrícola, florestal e pecuária que ascendeu a 14,8 milhões de euros, mais 12,8 milhões que o ano passado, justificado sobretudo pelos ganhos de justo valor associados à mensuração das propriedades de investimento da companhia das Lezírias que ascenderam a 16,3 milhões de euros”.
Reforço de 11,2 milhões no Hospital da Cruz Vermelha
A Parpública revelou ainda que, no ano passado procedeu-se “à subscrição e realização de entradas para reforço do capital da SGH-CVP”, ou seja, do Hospital da Cruz Vermelha, “através de prestações acessórias no montante aproximado de 11,2 milhões de euros”.
Segundo o grupo, esta entrada de capital teve em conta “a situação financeira que se encontra a empresa” e foi efetuada de acordo com a percentagem de cada acionista na participação do capital da mesma, ou seja a Parpública com cerca de cinco milhões de euros e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com 6,1 milhões de euros.
No que diz respeito à aplicação de resultados, o grupo lembrou que “continua a registar um crédito sobre o Estado que, apesar do significativo esforço para a sua regularização que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos anos, representa ainda 29,7% do total do ativo sem qualquer remuneração associada”.
Assim, propõe que o resultado líquido individual (de 111,6 milhões de euros) de 2023 seja para dividendos (27,9 milhões de euros) e resultados transitados, com 83,7 milhões de euros.
Na semana passada o Governo afastou a administração da Parpública, que era liderada por José Realinho de Matos, que será substituído por Joaquim Cadete, diretor do mestrado de Finanças da Católica Lisbon School of Economics.
Lusa