O mês de Outubro, no Reino Unido, é também conhecido por Black History Month, uma celebração anual que visa destacar a história, a cultura e os feitos da comunidade africana um pouco por todo o mundo.
A tradição começou nos Estados Unidos da América, em 1926, e decorria apenas durante uma semana, a chamada Black History Week, no mês de Fevereiro. Em 1976, o presidente norte-americano Gerald Ford, alargou a duração da celebração para um mês completo, convidando os seus cidadãos a aproveitar a oportunidade para “honrar as conquistas frequentemente negligenciadas dos afro-americanos em todas as áreas de atividade ao longo da história” dos EUA.
Já no Reino Unido, o Black History Month foi celebrado pela primeira vez em Outubro de 1987 e, desde então, é esse o mês dedicado à celebração da comunidade africana na sociedade britânica. Este ano, o tema é “Firmes no Poder e no Orgulho” e presta homenagem à sua resiliência, criatividade e determinação nas mais diversas áreas, incluindo nas artes e na cultura.
Fica aqui uma seleção de novas exposições imperdíveis, no Reino Unido, para celebrarmos juntos o Black History Month, este mês de Outubro.
Nigerian Modernism no Tate Modern, em Londres
O Reino Unido acolhe pela primeira vez uma grande exposição dedicada à arte moderna nigeriana, explorando o surgimento de coletivos influentes como o Mbari Club e a Zaria Art Society, protagonistas de um movimento que transformou a arte do país ao longo do século XX. O período coincidiu com a libertação da Nigéria do domínio colonial nos anos 1940, a esperança e entusiasmo da independência nos anos 1960 e as mudanças políticas, sociais e económicas que se seguiram.

Intitulada Nigerian Modernism, a mostra convida os visitantes a descobrir a arte de cidades nigerianas como Lagos, Enugu, Ibadan e Zaria, assim como de centros europeus como Munique, Paris e Londres. A exposição apresenta mais de 250 obras, incluindo pinturas, esculturas, cerâmicas e têxteis, de mais de 50 artistas, entre os quais se destacam Ben Enwonwu, Ladi Kwali, El Anatsui e Bruce Onobrakpeya.

Ao longo de cinco décadas, estes artistas ajudaram a moldar uma nova identidade visual para a Nigéria. As obras refletem o país numa fase de transformação, combinando técnicas africanas, nigerianas e europeias e transmitindo uma visão otimista do futuro, ao mesmo tempo que afirmam o valor da cultura e da herança nacional.
A mostra estreou a 8 de Outubro e manter-se-á no Tate Modern até 10 de Maio de 2026.
Kerry James Marshall na Royal Academy of Arts, em Londres
Em Kerry James Marshall: The Histories, a atenção recai sobre a vida diária da comunidade afro-americana, retratada com cor, energia e profundidade emocional. Reconhecido internacionalmente, Marshall reinventa a pintura histórica e dá voz a histórias e personagens que durante séculos estiveram ausentes das grandes narrativas artísticas.

A mostra reúne 70 obras em que o passado e o presente se encontram. Referências à história da arte, aos movimentos pelos direitos civis, à cultura pop, às bandas desenhadas, à ficção científica e às memórias pessoais do artista cruzam-se para criar narrativas vibrantes e multifacetadas. Cada tela funciona como uma ponte entre experiências individuais e coletivas, oferecendo uma perspetiva única sobre identidade, memória e cultura.

A exposição encontra-se na Royal Academy of Arts, em Londres, até 18 de Janeiro de 2026.
Danielle Brathwaite-Shirley na Serpentine, em Londres
A artista contemporânea Danielle Brathwaite-Shirley convida o público a explorar um mundo pós-apocalíptico através de uma experiência que mistura videojogos e teatro participativo. A instalação propõe uma reflexão sobre como as divisões sociais se refletem no mundo real e permite que o público interaja, faça pausas e estabeleça conexões enquanto percorre este universo imaginado.

No futuro imaginado pela artista, a sociedade fragmentou-se em facções fechadas e dogmáticas, cada uma agarrada à sua própria versão da verdade, comunidade e sobrevivência. Concebida como uma espécie de “peça comunitária ao vivo”, a instalação visa re-humanizar o debate e fomentar experiências coletivas significativas. Comissionada e produzida pela Serpentine Arts Technologies, esta é a obra mais ambiciosa de Brathwaite-Shirley até hoje. Inclui uma nova série de videojogos e trabalhos desenvolvidos colaborativamente ao longo do último ano, com a participação de artistas, investigadores e tecnólogos.

A exposição nas galerias Serpentine, em Londres, está aberta ao público até dia 18 de Janeiro de 2026.
Jennie Baptiste na Somerset House, em Londres
Está aberta ao público a primeira grande exposição individual da fotógrafa britânica pioneira Jennie Baptiste, cuja obra captou de forma única o som, o estilo e o espírito da juventude afro-britânica desde os anos 1990 até à atualidade.

A mostra percorre três décadas de fotografia e reúne retratos icónicos e imagens inéditas do arquivo de Baptiste. A exposição celebra a influência cultural das comunidades afro-britânicas na música, na moda e na identidade juvenil. Desde a energia vibrante da cena dancehall londrina à ascensão do hip hop e do R&B, a câmara de Baptiste oferece um registo visual essencial de uma geração em movimento.
Entre os destaques estão imagens de artistas como Roots Manuva, Estelle, Ms Dynamite e NAS, bem como retratos de figuras do quotidiano de Brixton e outros bairros londrinos dos anos 1990. A exposição inclui ainda Black Chains of Icon, uma série conceptual que explora temas de identidade, resiliência e legado através de materiais sobrepostos, citações históricas e técnicas de impressão experimentais.

Imersiva e celebratória, a exposição intitulada Rhythm & Roots reafirma o lugar de Jennie Baptiste no canon da fotografia britânica. Com um programa público de conversas e respostas criativas da comunidade, a exposição presta homenagem aos sons, estilos e histórias que moldaram um movimento cultural, e que continuam a influenciar a atualidade.

A exposição encontra-se na Somerset House, em Londres, até dia 4 de Janeiro de 2026.