Foi sob o mote “O Poder da Energia – Ideias sustentáveis”, que Cátia Margarido, Filipa Pantaleão, Inês Oom de Sousa e Maria João Santos, debateram ideias, durante a segunda edição do evento Forbes Women’s Summit, que aconteceu ontem, dia 28 de maio, na TimeOut em Lisboa. As quatro oradoras apresentaram em palco as suas sugestões para um mundo mais sustentável, e defenderam, sobretudo o trabalho que estão a desenvolver em função deste propósito.
Filipa Pantaleão, Secretária-Geral da BCSD Portugal (Business Council for Sustainable Development), associação sem fins lucrativos que atua na área da sustentabilidade, iniciou a sua intervenção dizendo que “as mulheres, quando conseguem chegar a cargos de liderança fazem a diferença, porque trazem criatividade, inovação e uma abordagem social mais forte dos que os homens”. Adianta ainda que há mais mulheres a trabalhar na área da sustentabilidade porque têm este lado do cuidado, seja de cuidar dos outros, seja de cuidar do planeta. “É por isso que os estudos dizem que quando as mulheres quando conseguem chegar a cargos de liderança, os negócios tendem a ter uma maior competitividade, porque além do fator criatividade e inovação, ainda têm uma comunicação mais eficaz”, diz. Essa comunicação é um veículo muito interessante que demonstra que os negócios podem ser liderados por mulheres com sucesso.
Relativamente à contribuição da BCSD para a sociedade refere que a mesma nasceu há mais de 20 anos pela mão de empresários visionários, como Belmiro de Azevedo, Vasco de Mello e Álvaro Barreto, que entenderam que Portugal deveria começar a fazer este movimento. A BSCD tem muita experiência em falar e aplicar os pilares ESG nos negócios, e foi necessária para trazer alguma sistematização ao tema. “Todas as empresas estão agora a fazer este caminho, muito impulsionadas pelas empresas grandes, pelas imposições legais, que impulsionaram esta transição”, refere Filipa Pantaleão.
Temos de aceitar as diferenças e sermos nós próprias
Já Inês Oom de Sousa, presidente da Fundação Santander, gracejou dizendo que foi a primeira mulher na administração do Banco Santander, a primeira entre oito homens: “Eu tentei ser igual a eles para sobreviver, tentei, mas não consegui. Não vale a pena, temos de aceitar as nossas diferenças para fazer a diferença e sermos nós próprias”.
Refere que o objetivo da fundação é transformar vidas das pessoas e isso é feito através da aposta na educação, “porque acreditamos que é através da educação que conseguimos contribuir para o desenvolvimento da economia, das pessoas e das empresas”. Refere ainda que o grupo Santander investe 100 milhões de euros por ano em educação, que se centra em três eixos de atuação: apoio a universidades e capacitação ao longo da vida, apoio à educação abaixo dos 17 anos, para garantir que as crianças conseguem atingir o nível mais alto com as competências corretas, e por fim um terceiro pilar que é dedicado literacia financeira e digital. “Sabemos 37% da população ativa tem o ensino básico ou até ao 9º ano, e está provado que muitas crianças ficam no nível de ensino dos pais e, por isso tentamos que tenham o mais alto nível de escolaridade e com as competências corretas.
Quanto à literacia financeira, a Fundação Santander percebeu que o que as famílias mais valorizam é ter uma vida financeira mais saudável, que haja um apoio na poupança, que as ajudem a reduzir as suas dívidas.
O sol demora a chegar e o céu a ficar limpo
Já Cátia Margarido, Head of Enviroment da Vinci Energies Portugal, referiu, a propósito do poder das mulheres no mercado de trabalho, que “esta é a madrugada que eu esperava, mas para muitas mulheres demora muito até chegar o sol e o céu ficar limpo. O poder da preferência está lá, mas muitas vezes custa a começarmos a dar as cartas”. Refere que a posição que ocupa na Vinci l é uma função nova na empresa que pretende dar seguimento à política de sustentabilidade e que desse resposta aquilo que são os compromissos e ambição ambiental da Vinci. “A minha tarefa é tentar promover a estratégia definida pelo grupo, e definir ações transversais que ajudem as nossas unidades de negócio a fazer o seu caminho da sustentabilidade e conseguir aumentar o awerness das suas equipas e com isso reduzir o impacto ambiental das suas atividades”.
Refere que o grupo Vinci, que está presente em 120 países, com mais de 280 mil colaboradores, sendo um dos maiores empregadores do mundo nas áreas de concessão de autoestradas e aeroportos, mas também nas áreas de construção e energia, necessita de fazer a transformação digital e a transição energética. Para cuidar do planeta centra a sua atuação em várias frentes na ação climática.
É preciso que as marcas invistam na sustentabilidade dos cosméticos
Questionada sobre como conseguir conciliar sustentabilidade com a produção de cosméticos, Maria João Santos, diretora de marketing, do Boticário, explica que esta conciliação não é fácil, mas é possível. “É preciso as marcas investirem na sustentabilidade nos cosméticos. Temos uma linha de produção e temos de conseguir sere cada vez mais sustentáveis em todo o processo, desde o momento da escolha do ingrediente”, explica. Diz ainda que a marca tem 60 lojas em Portugal, uma rede construída ao longo de 38 anos, e que todos os momentos são bem pensados. O grupo, apesar de ter nascido fora da Europa, sempre teve o olho nas regras da União Europeia, porque esta tem as regras mais apertadas na área da sustentabilidade. “Cerca de 96% do nosso portefólio atual de produtos é vegan, 100% dos nossos produtos têm algo sustentável, desde a embalagem à matéria-prima e 36% das matérias-primas já são provenientes de agricultura sustentável. Mas é só no produto que é importante ser sustentável”, explica que desde 2021 que as suas fábricas utilizam fontes de energia renovável, mas estamos a investir cada vez mais em políticas sustentáveis. “Temos muito orgulho em dizer porque poucas empresas têm este número: 97% dos nossos recursos são reutilizados e 77% desses recursos são a seguir reciclados. Este é um investimento que as marcas devem fazer para ter um contributo muito mais sustentável.
Refere ainda que a empresa está atenta a tudo o que diga respeito aos pilares da ESG e tem várias iniciativas nesse âmbito. Relativamente às mulheres, existem políticas de igualdades dentro do grupo, com o objetivo de criar bom ambiente para as mulheres trabalharem.