O partner fundador da SFORI – Strategy for Improvement e co-CEO da Datauris, Alexandre Real, acaba de se tornar no primeiro português galardoado com o prémio MIT Professional Education Fire Hydrant Award, depois de ter participado no programa “Liderança na Inovação”, do instituto de tecnologia.
O objetivo deste programa é o desenvolvimento de competências de liderança e a transformação no novo cenário da economia digital, através da compreensão da dimensão e do dinamismo das mudanças que estão a transformar as empresas.
Em entrevista à FORBES, Alexandre Real explica que os argumentos que levaram a participar no programa do MIT Professional Education resultam da “necessidade de uma atualização constante de competências de liderança e inovação conjugadas com o novo contexto da economia”.
O gestor admite que retira vários os ensinamentos do programa que podem ser replicados na empresa, mas ao mesmo tempo destaca que “a quebra de mitos foi algo muito interessante. Por exemplo: pode parecer um paradoxo, mas nem sempre é positivo inovar. Se temos uma fórmula de sucesso e reconhecida no mercado, a mesma deve ser mantida”.
Alexandre Real dá como exemplo prático “o padrão de alta qualidade dos violinos Stradivarius, que advém de uma antiga fórmula familiar e que não deve ser alterada”. O gestor sublinha ainda que “é fundamental mantermos uma cultura de confiança criativa nas organizações”, sendo também relevante “sabermos o timing certo para os produtos e serviços inovadores. Uma inovação, fora do tempo de mercado, pode ser um enorme fracasso.
Liderança no mundo digital
Num mundo cada vez mais digital, Alexandre Real lembra que a liderança é um processo de influência social e uma concessão informal dos liderados. “Um dos grandes trunfos de quem lidera é ter a noção que toda a sua ação ou inação provoca no contexto influências positivas ou negativa. No contexto digital, estas influências são ampliadas”, detalha a mesma fonte.
O verdadeiro líder, nas suas palavras, detém a visão sistémica da organização, antecipa os desafios futuros, vê o que os outros não veem. Sem esquecer que “todas estas questões são ainda mais complexas no ambiente digital, porque estamos a falar de e-liderança e não apenas de liderança”.
Por isso, defende que “cabe às lideranças promoverem um conjunto de valores fundamentais para o atual mundo digital, tais como promover ambientes criativos, flexíveis, abertos a novas realidades em que o erro deva ser tolerado e mantendo um senso sempre de humanidade e sustentabilidade social, económica e ambiental”.
Sobre a empresa a que preside destaca que a “primeira inovação, as “24 Horas de Gestão”, foram determinantes para o nosso sucesso sustentado, sendo que hoje o que nos carateriza é a capacidade de co-inovação com os nossos clientes e parceiros”. Alexandre Real sublinha que outra curiosidade da SFORI e que mantém o seu sucesso “é a nossa natureza disruptiva, holística e humanista”.
Ambientes tóxicos travam inovação
Para a mesma fonte, culturas e hábitos tóxicos, tais como excesso de controlo, pouca tolerância à falha, estruturas rígidas e normatizadas, ambientes stressantes e de extrema competitividade interna podem dificultar a inovação no contexto organizacional. Em alternativa defende que as lideranças devem promover uma cultura de autonomia, liberdade e responsabilidade.
Questionado sobre o impacto do cenário de pandemia na organização, o gestor realça que a SFORI realizou uma reestruturação na forma de trabalhar em 2016. Nessa altura, “adotámos um sistema híbrido de teletrabalho. Reservamos um dia por semana para estarmos em regime presencial e os restantes dias cada um trabalha onde desejar”, detalha Alexandre Real.
Com uma aposta na máxima flexibilidade possível hoje a empresa assume que tem uma cultura de “máxima liberdade, máxima responsabilidade”. Por exemplo, cada colaborador gere o seu próprio horário, não há dias máximos de férias, entre outras questões.
Num mundo empresarial competitivo, o Partner fundador da SFORI garante que “pessoalmente, não faço distinção entre vida pessoal e profissional. O Alexandre Real não tem um botão em que possa ser ativado o modo ‘pessoal’ ou o modo ‘profissional’”.
Amante da pintura, o gestor salienta que esta arte é “um caso paradigmático do que acabei de afirmar: é um hobby que me ativa uma imensa criatividade e que quando eu menos espero está ao serviço dos meus negócios”.
E quando lhe perguntam como tem tempo para fazer tanta coisa, responde “que nós temos tempo para tudo, desde que seja uma prioridade. Estar minimamente em forma, por exemplo, para mim é uma prioridade. Tenho por hábito levantar-me cedo para praticar desporto. Este desporto, que é um hobby, ajuda-me também muito no equilíbrio emocional que é fundamental para a minha vida profissional”, remata Alexandre Real. Por isso, admite “estou muito próximo da visão de Edgar Morin, que entende o ser humano como complexo e em que todas as dimensões são interdependentes”.