O peso dos jovens no montante dos novos contratos de crédito à habitação aumentou de 53% em agosto do ano passado para 61% no mesmo mês deste ano, segundo dados do BdP.
“Os recentes benefícios para acesso dos jovens à primeira habitação própria permanente têm contribuído para o crescimento do crédito à habitação”, tendo os jovens passado “a ter maior expressão no novo crédito”, refere o Banco de Portugal (BdP) numa análise hoje divulgada.
Assim, se entre janeiro de 2022 e julho de 2024 o peso dos jovens nos novos contratos para aquisição de habitação própria permanente foi de 44%, em agosto de 2024 – após a entrada em vigor do decreto-lei que isenta os jovens do pagamento do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e do Imposto do Selo (IS) – o peso dos jovens aumentou para 53% do montante de novos contratos.
Já considerando os primeiros oito meses de 2025, em que se fizeram também sentir os efeitos de uma outra medida que estabeleceu o regime de garantia pessoal do Estado para jovens até 35 anos, estes representaram já 59% do montante de novo crédito para aquisição de habitação própria permanente.
De acordo com o banco central, até agosto, o montante acumulado de novos contratos de crédito para habitação própria permanente atingiu os 12.000 milhões de euros, o que compara com 8.200 milhões em igual período de 2024.
Os jovens até 35 anos, inclusive, contrataram 7.100 milhões daquele total, superando os 3,5 mil milhões registados em igual período de 2024.
Já os mutuários com idade superior a 35 anos contrataram um montante de 4.900 milhões de euros, apenas mais 200 milhões do que nos primeiros oito meses de 2024.
Considerando o período a partir de janeiro de 2022, o montante mensal de novos contratos de crédito para aquisição de habitação própria permanente registou um valor mínimo em abril de 2023 (598 milhões de euros) e uma tendência de crescimento desde então.
No que diz respeito ao montante médio de crédito concedido aos jovens para aquisição de habitação própria permanente, “praticamente não se alterou” entre janeiro de 2022 (136,1 mil euros) e dezembro de 2023 (134,7 mil euros).
Contudo, em 2024 “iniciou-se uma tendência de aumento deste valor”, que subiu para 159,2 mil euros em agosto, após a entrada em vigor do diploma que isenta os jovens do pagamento de IMT e IS.
Em agosto deste ano, o montante médio de crédito para habitação própria permanente concedido aos jovens foi de 192,6 mil euros, o que representa um aumento de 43% relativamente a dezembro de 2023.
Já para os mutuários com mais de 35 anos, o montante médio de crédito concedido para aquisição de habitação própria permanente aumentou menos no mesmo período: passou de 127,3 mil euros em dezembro de 2023 para 159,2 mil euros em agosto de 2025, o que corresponde a uma variação de 25%.
Os dados divulgados hoje pelo BdP indicam ainda que o preço médio da habitação própria permanente adquirida com recurso a crédito pelos jovens aumentou 8% nos primeiros oito meses de 2025, passando de 218,4 mil euros em dezembro de 2024 para 235,7 mil euros em agosto de 2025. No período homólogo tinha subido 14%.
O banco central nota que o preço médio da habitação própria adquirida pelos jovens se manteve abaixo do dos mutuários com mais de 35 anos, tendo este diferencial aumentado nos primeiros oito meses deste ano.
Em agosto, as casas adquiridas com recurso a crédito por maiores de 35 anos custavam, em média, 275,4 mil euros, mais 39,8 mil euros do que no caso dos jovens. Em 2024, o diferencial médio tinha sido de 29,0 mil euros.
Apesar de as casas adquiridas com recurso a crédito pelos jovens terem um preço médio mais baixo face aos restantes mutuários, os jovens obtêm um montante médio de crédito superior, evidenciando um menor recurso a capitais próprios por parte destes últimos.
Em agosto de 2025, o montante médio dos créditos obtidos pelos jovens representava 82% do preço médio de aquisição das habitações, acima do peso de 58% observado entre os mutuários com mais de 35 anos.
Nos primeiros oito meses deste ano, com a entrada em vigor da garantia pessoal do Estado, aquele rácio aumentou sete pontos percentuais entre os jovens, enquanto para os mutuários com mais de 35 anos se reduziu em um ponto percentual.
Considerando o ‘stock’ de crédito à habitação, atingiu 107.100 milhões de euros em agosto, dos quais 23% referentes a contratos com mutuários jovens, mais três pontos percentuais face ao período homólogo.
Em agosto, este ‘stock’ cresceu 8,4% em termos homólogos, tendo os jovens contribuído para a quase totalidade da variação.
Segundo o BdP, o ‘stock’ de crédito à habitação apresentou taxas de variação anuais positivas e crescentes desde junho de 2024, tendo os dois escalões etários dos mutuários contribuído para esta aceleração: O contributo dos mutuários jovens passou de 2,7 pontos percentuais em junho de 2024 para 8,2 pontos percentuais em agosto de 2025, enquanto o dos mutuários com mais de 35 anos passou de -2,6 pontos para 0,1 pontos percentuais.
Lusa