A Federação Europeia de Jornalistas (FEP) defendeu que a vitória do candidato republicano Donald Trump nas eleições norte-americanas deve levar a União Europeia (UE) a proteger melhor a comunicação social, lembrando que é pedra basilar da democracia.
“A retórica hostil de Donald Trump para com os jornalistas e os meios de comunicação social não deve levar os governos europeus a abandonar as suas obrigações de garantir a segurança dos jornalistas e de criar um ambiente propício à liberdade de expressão, incluindo a liberdade de imprensa”, sublinhou a FEP, em comunicado.
A narrativa “anti-imprensa” de Trump já levou muitos dos seus apoiantes a retaliar contra os meios de comunicação social e, com o seu regresso à Casa Branca, sentir-se-ão “ainda mais capacitados” para assediar os media, explicou a organização.
Há uma semana, Trump disse na Pensilvânia que não se importaria que alguém disparasse sobre os media durante o seu comício. Logo após a eleição de Trump, Elon Musk, dono da rede social X, frisou que os media tradicionais estão mortos, ao mesmo tempo que afirmou que “a maioria dos media tradicionais mentiu incansavelmente ao público”. Para o secretário-geral da FEP, Ricardo Gutiérrez, a cumplicidade Musk-Trump é “particularmente preocupante”, lembrando que o dono da Space X e Tesla tem uma capacidade “aterrorizante” para manipular a opinião pública.
Por outro lado, a Presidente da FEP, Maja Sever, referiu-se a estas acusações como ultrajantes, sublinhando que são apenas “uma parte” do discurso de Musk e são “pura desinformação”.
A FEP alertou que nenhum jornalista deve ficar “indiferente” à eleição do magnata republicano para presidente dos Estados Unidos e que a sua relação com o jornalismo e a sua forma de exercer o poder “terão consequências globais”. “É agora urgente que a União Europeia (UE), enquanto potência regional, regule o domínio das grandes empresas tecnológicas americanas e asiáticas, através da Lei dos Mercados Digitais da UE (DMA) e da Lei dos Serviços Digitais da UE (DSA)”, sublinhou Ricardo Gutiérrez.
A DSA visa prevenir atividades ‘online’ ilegais e prejudiciais e a propagação de desinformação.
Segundo a organização, a UE deve também desenvolver uma política tecnológica que vise a autonomia estratégica da Europa.
“Sem um ambiente tecnológico protetor, o jornalismo europeu está condenado à marginalização e à invisibilidade”, acrescentou Gutiérrez.
A FEP vincou ainda que a UE deve considerar os gigantes tecnológicos e os criadores de IA generativa como “potenciais intervenientes de alto risco” para a democracia e “tomar as medidas necessárias” para proteger o interesse público.
A federação manifestou também preocupação com o possível impacto “devastador” que uma maior concentração no setor da inteligência artificial poderá ter no setor do jornalismo.
(LUSA)