O grupo Jerónimo Martins, dono do Pingo Doce, continua atento às oportunidades de expansão e confirma o interesse em reforçar a presença na Europa de Leste onde já detém, na Polónia, a marca Biedronka. A Eslováquia surge agora no radar do grupo retalhista como o eventual próximo destino para investir.
Questionado pela FORBES durante o encontro com jornalistas de apresentação dos resultados de 2022, sobre se mantém o interesse em reforçar a presença no mercado externo, o chairman e presidente executivo do grupo, Pedro Soares dos Santos, garantiu que “estamos abertos a boas oportunidades. A expansão, se vier a ser feita, é a Leste”.
Pedro Soares dos Santos remeteu depois mais pormenores para o presidente executivo da polaca Biedronka, Luís Araújo, que lembrou que o negócio está bem estruturado na Polónia, sendo que há confiança na proposta de valor que o grupo apresenta ao mercado assente numa parceria sólida já com 20 anos e que é reconhecida pelos consumidores polacos. “Temos o modelo, o formato de lojas, a marca e o sourcing para expandir”, detalhou Luís Araújo.
O CEO da Biedronka garantiu que “estamos atentos a países que partilhem o ADN cultural e que sejam vizinhos” da Polónia assumindo que “a Roménia se mantém com um potencial importante para nós”. Mas admitiu de seguida que o grupo retalhista está a olhar também “para o caso vizinho Eslováquia”, até porque muito consumidores eslovacos já passam a fronteira para comprar produtos na cadeia polaca. Questionado de novo pela FORBES quanto ao timing para concretizar este objetivo, Luís Araújo realçou apenas que “estamos preparados para agarrar esta oportunidade num tempo muito curto”.
Ainda sobre a expansão, Pedro Soares dos Santos reiterou que o grupo continua “viciado” em investir, pelo que “vou gastar mil milhões de euros na Ara [Colômbia] nos próximos cinco anos. Vou gastar 2,5 mil milhões de euros na Polónia, nos próximos cinco anos e mil milhões de euros, a três anos, no Pingo Doce. E 150 milhões de euros, por ano, na agroindústria”.
Em 2022, ano em que o grupo completou 230 anos de atividade comercial, Pedro Soares dos Santos revelou que fechou o exercício com vendas de 25,4 milhões de euros, o que significa um crescimento de 21,5%. O CEO da Jerónimo Martins admitiu que os últimos três anos foram de desafios, mas ainda assim abriu mais de mil lojas e criou 15500 novos postos de trabalho. De acordo com o gestor, o grupo investiu neste período dois mil milhões de euros nas três geografias onde está presente: Portugal, Polónia e Colômbia.
Em tempos de escalada da inflação o presidente da Jerónimo Martins assumiu que “não posso negar que a inflação ajudou” ao crescimento das vendas que superaram a fasquia dos 25 mil milhões de euros, mas garantiu que “não é deste crescimento que a Jerónimo Martins gosta” isto porque “destroem as sociedades e não permitem crescimentos saudáveis para as empresas”.
Apesar dos desafios Pedro Soares dos Santos reiterou que irá manter a sede em Portugal e irá continuar a investir no país “porque acreditamos no nosso negócio agroalimentar e o Pingo Doce ainda tem muito a fazer neste país”.