O geneticista norte-americano James Watson, que descobriu a estrutura do ADN, morreu na quinta-feira, em Nova Iorque, aos 97 anos, noticiou o jornal The Washington Post.
A morte foi confirmada pelo laboratório Cold Spring Harbor, que fundou e onde fez carreira, e pelo seu filho Rufus, que não adiantou uma causa específica.
A descoberta da estrutura de dupla hélice da molécula de ADN (que armazena a informação genética de um ser vivo) valeu-lhe o Prémio Nobel da Medicina em 1962 juntamente com o britânico Francis Crick e o neozelandês Maurice Wilkins:.
Depois de em 1944, Oswald Avery ter provado que o ADN é o portador do código genético dos organismos, James Watson e Francis Crick determinaram a estrutura da molécula de ADN em 1953: “Essa estrutura – uma longa dupla hélice – contém uma longa fileira de pares de quatro bases nitrogenadas diferentes, que permitem que a molécula funcione como um código. A estrutura da molécula também explica como ela é capaz de se copiar. As bases nitrogenadas sempre se emparelham nas mesmas constelações, de modo que, se uma molécula for dividida, as suas metades podem ser complementadas para formar cópias da molécula original”, aponta o Comité do Nobel.
Watson foi professor na Universidade de Harvard e dirigiu o Projeto Genoma Humano, que mapeou os mais de 20 mil genes encontrados nos cromossomas humanos.
Segundo o The Washington Post, o geneticista foi ostracizado profissionalmente no final da vida por comentários considerados sexistas e racistas.
Aos 80 anos demitiu-se do cargo que ocupava no laboratório Cold Spring Harbor e seis anos depois colocou a leilão a medalha do Nobel.
“Figura incontornável da ciência”
A presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, evocou o geneticista norte-americano James Watson como “uma figura incontornável da ciência”, lembrando “a sua eloquência” e a “sua inspiração permanente”.
“As suas descobertas essenciais na área da biologia foram determinantes na definição do rumo da ciência como a conhecemos hoje”, comentou Leonor Beleza, numa declaração escrita, em reação à morte de James Watson, aos 97 anos.
A ex-ministra da Saúde lembrou que Watson foi o primeiro presidente do Conselho Científico da Fundação Champalimaud e, nessa qualidade, organizou um encontro, em 2005, no laboratório Cold Spring Harbour, que dirigiu e onde, ao “lado de alguns dos mais reputados cientistas do mundo”, foi definido “o modelo de funcionamento da Fundação, apostando na translação entre investigação e clínica”.
“Esteve connosco quase desse o princípio e foi absolutamente brilhante, pela sua visão e inteligência”, afirmou Leonor Beleza, recordando “as suas palavras e a sua eloquência na inauguração do Centro Champalimaud para o Desconhecido, em 2010, e a sua inspiração permanente”.
“A Fundação Champalimaud estará para sempre em dívida com James Watson e ele é parte do ADN da Fundação”, assinalou.
com Lusa





