A Unicorn Factory Lisboa dá hoje, dia 31 de janeiro, na Factory Lisbon no Hub Criativo do Beato, o pontapé de saída da primeira edição do Scaling Up Program com oito scaleups.
É a partir deste momento que as equipas dão início à sua participação no programa durante os próximos 8 meses por forma a desenvolver competências críticas e acelerar o crescimento e expansão dos seus negócios.
As oito scaleups foram selecionadas de um total de 33 candidaturas, através de uma avaliação dos perfis e entrevistas, tendo por base os critérios de admissão ao programa, que incluem o estágio atual de desenvolvimento: investimento angariado relevante equipa forte e estruturada, produto ou serviço em comercialização e tração de crescimento, bem como a adequação ao programa: capacidade de apoio dos parceiros, potencial de negócio futuro e planos de expansão internacional.
As oito primeiras scaleups melhor classificadas e escolhidas para o Programa já levantaram em conjunto mais de 30 milhões de euros e todas têm mais de 10 colaboradores, tendo em média equipas de 35 colaboradores.
As scaleups são:
Bairro – Foodtech / Retailtech
O Bairro é um operador de fulfillment líder que se especializa na distribuição urbana tanto para quick-commerce quanto para a logística de e-commerce. Criada em dezembro de 2020, a empresa está a construir o futuro da distribuição omnicanal, permitindo que as marcas ofereçam entregas no dia seguinte, no próprio dia e entregas instantâneas via vários canais de vendas. O seu objetivo é ajudar as empresas a simplificar a logística, diminuir os custos e poupar tempo com a sua tecnologia. A operar em Portugal e Marrocos, centra-se na eficiência e sustentabilidade para as comunidades em que atua.
HolyWally – Fintech
Primeira plataforma no mundo de “wallet-as-a-service” que combina adaptabilidade, capacidade de expansão e experiência otimizada do usuário, com a criação fácil de uma carteira móvel para qualquer organização. A HolyWally é uma solução para carteira digital B2B2C white-label que incorpora uma abordagem centrada no design e usabilidade. A empresa de Singapura tornou-se recentemente parceira da Visa Fintech Connect e Microsoft for Startups, e tem apoiado vários dos seus clientes na região da APAC (Ásia-Pacífico).
Knok – Healthtech
A Knok é uma healthtech portuguesa fundada em 2015, líder de mercado em Portugal. É uma tecnológica e orientada a SaaS que propõe uma transformação digital dos cuidados de saúde, ao criar uma solução de inteligência artificial que identifica a frequência cardíaca, respiratória e a pressão arterial do paciente durante a videoconsulta. Além da leitura dos sinais vitais, a plataforma permite a triagem online dos sintomas, agendamento da consulta, cálculos de risco e armazenamento de dados para fornecer insights clínicos aos médicos. Expandiu para o Brasil e tem clientes em 12 países de 4 continentes, graças a um investimento de 4,4 milhões de euros. Com Telemedicina no centro das interações, a startup realizou mais de 400 mil consultas e, só no ano de 2022, o tempo total de minutos em consulta foi equivalente a 5.2 anos.
Leadzai – Adtech
Plataforma de aquisição de clientes que ajuda pequenos negócios a colocar anúncios online com maior prevalência em Portugal, Espanha, Bélgica e América Latina. A empresa portuguesa fundada em 2017 como “Advertio” passou a chamar-se Leadzai quando fechou um investimento de cinco milhões de euros. Acredita que o mercado de publicidade digital tem falhado em ajudar as empresas a garantir um retorno satisfatório dos seus investimentos em publicidade e, por isso, a sua missão é capacitar os próximos 200 milhões de negócios a crescer sem esforço.
ORNA – Cyber security
Fundada em 2022, com sede no Canadá, a ORNA é uma solução de gestão de incidentes cibernéticos pronta para uso que humaniza e reduz a resposta a incidentes e a mitigação de riscos, automatizando todo o processo e trazendo InfoSec, TI, terceiros, negócios e até stakeholders jurídicos e de RH juntos numa única ferramenta colaborativa. Com mais de 80 clientes no seu primeiro ano, a ORNA é uma plataforma baseada em inteligência artificial de Security Orchestration, Automation and Response (SOAR) para pequenas e médias empresas que deteta ciberataques e utiliza a IA para orientar os esforços de resposta, informação, cumprimento e prevenção através de um ambiente de colaboração inovador em tempo real.
Pleez – Foodtech
A foodtech portuguesa Pleez ajuda desde 2020 os restaurantes a otimizar a sua presença nas plataformas de delivery, através de decisões informadas sobre os seus negócios, aumentando as vendas até 15%. A plataforma de gestão dos restaurantes inclui ferramentas para seguir a concorrência, tendências e insights de mercado e permite economizar tempo na análise de mercado e gestão de menus. Já captou um investimento de dois milhões de euros numa ronda série A, alguns meses após o financiamento de 1,5 milhões de euros.
Sensei – AI / Retailtech
Fundada em 2017, a Sensei é uma empresa portuguesa que utiliza o poder da visão computacional, fusão de sensores e algoritmos de IA para criar lojas completamente autónomas e revolucionar a indústria do retalho. Em Maio de 2021, abriram a primeira loja na Europa com o principal retalhista português, a Sonae. Desde então, implementaram com sucesso sete soluções no Sul da Europa e no Brasil, onde ambicionam um crescimento significativo nos próximos meses. A sua oferta integrada de soluções de hiper-conveniência, como a Autonomous Store, Autonomous Pod e Autonomous Cabinet, diferencia-os e posiciona-os como um dos principais players do sector.
Zharta – Web 3
A Zharta é uma empresa web3 DeFi que está a desenvolver o novo mercado de capitais, fornecendo uma infra-estrutura financeira para o metaverso. Está a criar liquidez no mercado NFT ao permitir empréstimos em tempo real através da criação de um mercado entre quem procura liquidez, utilizando os seus NFT como colateral, ajudando a eliminar a burocracia na atribuição de crédito, dando aos pequenos investidores acesso a ativos de alta qualidade através da sindicação da liquidez, e a criar eficiência de capital através da construção de pools de empréstimos totalmente automatizadas. A empresa portuguesa angariou 4,3 milhões de euros numa ronda seed em julho de 2022, liderada pela alemã Greenfield One, um dos maiores fundos de criptomoedas da Europa, contando ainda com a participação da portuguesa Shilling VC.
Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, à FORBES:
Destas oito empresas, acredita que possa sair algum unicórnio?
“Claro que sim”
Como decorreu esta 1ª edição do Scaling Up?
Gil Azevedo (GA): A 1ª edição do Programa Scaling Up arranca hoje, dia 31 de janeiro com 8 scaleups selecionadas. É a partir deste momento que estas scaleups dão início à sua participação na primeira edição deste programa da Unicorn Factory Lisboa, que decorrerá durante os próximos 8 meses. Estas oito scaleups foram selecionadas de um total de 33 candidaturas, através de uma avaliação dos perfis e entrevistas, tendo por base os critérios de admissão ao programa.
O programa apresenta um percurso de aprendizagem, dividido em cinco pilares: Capacitação Imersiva, Parcerias Corporativas, Board de Mentores, Internacionalização e Comunidade. Percorre um currículo prático, imersivo e personalizado para uma experiência de aceleração focada no crescimento, por forma a desenvolver competências críticas e acelerar o crescimento e expansão dos negócios promissores destas 8 scaleups.
O que é que mais o surpreendeu nas candidaturas recebidas ou nos projetos escolhidos?
GA: Esta 1ª edição recebeu 33 candidaturas, 4 vezes mais que vagas disponíveis para o programa, bastante acima das nossas expectativas, o que demonstra o potencial que o programa tem para apoiar o crescimento de scaleups, bem como a atratividade do ecossistema empreendedor da cidade e nacional: 79% das 33 scaleups que se candidataram já têm operações em Lisboa!
“Esta 1ª edição recebeu 33 candidaturas, 4 vezes mais que vagas disponíveis para o programa”
Destacaria também a dimensão e qualidade dos projetos e das suas equipas. Em conjunto, as 33 empresas já levantaram mais de 45 milhões de euros e têm mais de 840 colaboradores. Das 8 scaleups selecionadas, 7 têm já presença internacional e todas têm mais de 10 colaboradores, tendo, em média, equipas de 35 colaboradores. Estamos a falar de equipas com uma enorme capacidade de liderança nos seus verticais, de adaptação e sobretudo com visão e ambição, atraindo o talento certo. Todas elas têm episódios que demonstram resiliência, foco e sentido de missão.
É muito interessante também observar a diversidade de setores tecnológicos, com destaque para Inteligência Artificial, atualmente em franco desenvolvimento, mas cobrindo também verticais como Adtech, Healthtech, Fintech, Foodtech, Retailtech, Web3, entre outros.
“Em conjunto, as 33 empresas já levantaram mais de 45 milhões de euros e têm mais de 840 colaboradores”
As oito scale-ups selecionadas irão agora ser apresentadas a investidores. Que expectativas tem agora?
GA: Todas as 8 scaleups selecionadas estão numa fase de crescimento para novas geografias e irão também procurar levantar a próxima ronda de investimento, Série A, pelo que o contacto direto com a rede de 28 fundos de investimento associados ao Programa Scaling Up, para além de todo o restante apoio dado, é essencial para que possam ter sucesso e dar o salto para um crescimento acelerado e sustentado.
Estas oito scale-ups precisam, nesta sua fase de negócio, de captar que verba para prosseguirem o seu desenvolvimento?
GA: Cada uma das 8 scaleup está num estádio diferente e tem necessidades distintas e muito específicas, ou seja, não há uma resposta única a esta pergunta porque depende do modelo de negócio e da indústria ou setor em questão.
No entanto, sabemos que normalmente uma Série A em Portugal ronda os 10 M€ como mínimo pelo que existe uma expectativa destas scaleups atraírem montantes de investimento significativos nos próximos 6 a 18 meses.
Destas oito empresas, acredita que possa sair algum unicórnio?
GA: Claro que sim. São empresas muito promissoras, com modelos de negócio disruptivos e com enorme potencial de crescimento.
Mas não é só essa a medida do sucesso. A palavra “unicórnio” é um estatuto que traça a ambição, o objetivo último de qualquer startup ou scaleup vir a transformar-se numa grande empresa disruptiva à escala global. Como o mote da campanha da Unicorn Factory Lisboa diz, só é um mito até o tornarmos realidade e é dessa energia e audácia que queremos atrair. Mas a medida do sucesso está também na expansão do ecossistema, na atração de inovação, de investimento e de talento, permitindo criar emprego e promover o crescimento económico da cidade.
A Unicorn Factory continuará a dar apoio a estas scale-ups, a partir daqui? Em caso afirmativo, de que forma?
GA: Após os 8 meses do Programa Scaling Up, a Unicorn Factory Lisboa irá certamente continuar a acompanhar estas scaleups de forma a garantir que têm o apoio para que possam continuar a crescer, promovendo parcerias, continuando a dinamizar atividades e eventos e a estimular o networking entre os diversos intervenientes, criando uma comunidade de scaleups, investidores, parceiros corporate, mentores, especialistas e outros intervenientes no ecossistema empreendedor da cidade de Lisboa, e não só.
Em termos de Unicorn Factory, o que irá ser feito nos próximos meses? Que iniciativa haverá?
GA: Ao longo dos últimos dez anos, o foco esteve no apoio a startups na fase inicial (“early stage”) a desenvolverem-se e a atraírem investimento, através da atuação da Startup Lisboa. Em 2022, o Programa Scaling Up da Unicorn Factory Lisboa, é o primeiro Programa a expandir as áreas de atuação, focando-se na fase de crescimento (“growth stage”).
Nos próximos meses estaremos dedicados ao arranque das próximas duas edições deste Programa, já programadas para 2022. No entanto, a atenção vai estar também voltada para a atração de scaleups e unicórnios internacionais para Lisboa com o novo Programa Soft Landing que também está a dar os primeiros passos.
Paralelamente, estamos a trabalhar nas novas iniciativas da Unicorn Factory Lisboa que se prende com uma maior ligação ao mundo académico e ao desenvolvimento de uma rede de hubs em verticais tecnológicos específicos de forte crescimento que possam ser centros de excelência na inovação, bem como continuar a dinamizar o Hub Criativo do Beato.
Todas estas iniciativas contribuirão para, em conjunto com outros players, transformar Lisboa numa cidade de inovação de renome internacional, com um ecossistema forte de scaleups na cidade.