O ISQ está a participar, com tecnologia desenvolvida inhouse, num projeto internacional que pretende avaliar a existência de recursos minerais – e respetiva abundância – no fundo marinho numa vasta zona do Oceano Pacífico, a designada Clarion Clipperton Zone (CCZ) que tem uma área equivalente a metade do Canadá.
O trabalho destina-se a um cliente internacional que o ISQ não revelou.
Paulo Chaves, diretor do laboratório de ensaios especiais (LEE) e especialista em aeroespacial do ISQ, explica que a deteção remota, por via de satélites de Observação da Terra (EO) foi a hipótese de partida: “De facto, trabalhamos com informação obtida por sensores não óticos instalados em satélites de EO, mas a maior parte das variáveis utilizadas são recolhidas na coluna de água e em amostras do leito oceânico”.
Assim, a tecnologia desenvolvida pelo ISQ, utiliza ferramentas de Inteligência Artificial, recolhe informação de múltiplas fontes incluindo de satélites de Observação da Terra, e consegue indicar, com um nível de precisão suficiente, a distribuição desses recursos minerais numa determinada zona do leito marinho.
Aliás, segundo o ISQ, esta área do Oceano Pacífico com uma profundidade entre 4 e 5,5 mil metros, chamada Clarion Clipperton Zone, já foram conseguidos “níveis de precisão muito interessantes”.
O serviço prestado pelo ISQ irá desenrolar-se durante 6 meses, incluindo ainda uma plataforma digital de interação e acesso aos dados.
Cinco anos a desenvolver a tecnologia
Este serviço foi desenvolvido de raíz no ISQ, desde a definição do conceito até à introdução no mercado, num processo de desenvolvimento de tecnologia que levou cerca de cinco anos, com um forte apoio da Agência Espacial Europeia (ESA), e a participação de entidades industriais, centros de pesquisa oceânica e agências multilaterais.
“Este projeto começou há 5 anos quando nos perguntámos a nós próprios quais os serviços inovadores que poderíamos criar utilizando a infraestrutura de satélites Copernicus, da ESA. Das várias possibilidades decidimos avançar com o tema da deteção de recursos minerais no leito marinho”, refere Paulo Chaves.
“O nosso serviço tem como objetivo fazer uma primeira estimativa da existência de recursos tais como o Cobre, Níquel, Manganês ou Cobalto e respetiva abundância, no leito oceânico”, diz o ISQ.
Estes minerais utilizados no fabrico de equipamentos eletrónicos como telemóveis, bem como baterias para automóveis elétricos e painéis fotovoltaicos.
Os recursos da CCZ são geridos pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (International Seabed Authority – ISA).
Questionado pela Forbes sobre se este tipo de inovação criada pelo ISQ pode ser aplicada ao fundo marítimo português, Paulo chaves afirma que, “à data de hoje, os nossos algoritmos estão ajustados à realidade do leito marinho na Clarion-Clipperton Zone, no Oceano Pacifico. Mas já estamos a trabalhar no desenvolvimento de um algoritmo mais adaptado ao tipo de leito marinho que temos na ZEE [Zona Económica Exclusiva] e Plataforma Continental Estendida”.
E vai haver conversas com algumas entidades nesse sentido? “Para já, estamos totalmente focados em ‘entregar’ os trabalhos pedidos nos dois contratos que nos foram adjudicados”, diz o especialista do ISQ.