O ISQ acaba de assinar o seu maior Contrato Quadro com a F4E – Fusion For Energy, para o Controlo de qualidade da construção de diversos componentes do maior reator nuclear experimental conhecido como ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor), o maior TOKAMAK (reator de fusão) alguma vez projetado e que representa, na expressão do ISQ, um dos maiores avanços científicos da atualidade na geração de energia isenta de emissões.
“Esta é também uma conquista da máxima importância para Portugal porque posiciona o país naquele que é um projeto internacional de referência em que o grande desafio colocado à indústria, à engenharia e à tecnologia é quanto à forma como se pode produzir energia de forma segura, fiável, ambientalmente responsável e em grande escala”, comenta o ISQ.
Quatro anos
“O contrato tem um orçamento de 16 milhões de euros e uma duração de quatro anos. O concurso teve a participação dos maiores players europeus nesta área, tendo o ISQ conseguido demonstrar a sua competitividade, importância e competência na engenharia de ponta a nível internacional”, sublinha José Figueira, administrador do ISQ.
A experiência que o ISQ trouxe do projeto CERN – European Organization for Nuclear Research (Organização Europeia para Investigação Nuclear) foi decisiva na sua participação no ITER, afirma o ISQ. No projeto CERN-LHC, o ISQ inspecionou a qualidade do fabrico das séries de cabos supercondutores, magnetos, componentes criogénicos e criostatos, bem como a montagem final nos túneis CERN.
O ISQ é, desde 2014, responsável pela garantia da qualidade e controlo e supervisão da construção dos vários componentes do reator na Europa e China, assegurando o cumprimento dos requisitos de qualidade aplicáveis.
Atualmente o ISQ conta com uma equipa de 20 inspetores (residentes, itinerantes ou spots com intervenção pontual) em diversos países europeus prevendo-se a duplicação deste número de engenheiros.
“O ISQ tem em execução outros três contratos, fornecendo serviços de engenharia na fase de projeto, ensaios especiais a materiais e mock-ups dos componentes do reator assim como formação de mais de 600 técnicos do ITER e F4E nas mais diversas áreas”, acrescenta Mónica Reis, gestora de projeto.
F4E (Fusion For Energy) é o organismo que gere a contribuição da UE (União Europeia) para a construção do ITER. O objetivo é demonstrar a “viabilidade científica e técnica da fusão nuclear [que é diferente da fissão nuclear da bomba atómica, n.d.r.], réplica da fonte de energia do sol e das estrelas, como fonte de energia segura, inesgotável e responsável do ponto de vista ambiental”.
É um projeto conjunto entre a União Europeia, China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Federação Russa e Estados Unidos, sendo Cadarache o local de instalação do reator, no sul da França.
O ITER será a maior central elétrica de fusão nuclear do mundo, concebida para demonstrar a viabilidade científica e técnica da energia de fusão para fins energéticos. A investigação sobre fusão tem por objetivo desenvolver um protótipo de uma central elétrica de fusão segura e fiável, ambientalmente responsável e economicamente viável.
Explicam os cientistas que a fusão tem a capacidade de produzir energia em grande escala, utilizando combustíveis abundantes, sem emissões de dióxido de carbono ou de outros gases de efeito estufa: “Os avanços científicos possibilitados pelo ITER irão melhorar consideravelmente a capacidade de prever o comportamento de plasmas em combustão em futuros reatores”.
Mas para se tornar económica, a energia de fusão exigirá avanços além da construção do ITER, sendo necessário desenvolver a engenharia e a tecnologia de primeira geração de reatores de fusão. O ITER é um passo importante na construção destas primeiras centrais elétricas de fusão.
O projeto ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor) pretende construir na cidade francesa de Cadarache o primeiro reator sustentável.