O Credit Suisse, o segundo maior banco suíço, recebeu um empréstimo de US$ 53,75 biliões (CHF 50 bilIões) do Banco Nacional da Suíça, enquanto procura afastar as preocupações sobre a sua liquidez um dia depois das ações deste banco em crise caírem 24% para um valor mínimo recorde, de 1,7275 francos suíços.
O empréstimo do Banco Nacional da Suíça injetou, para já, alguma confiança nos investidores, com as ações a recuperarem desse mínimo histórico.
Porém, a recuperação bolsista ainda é ténue face aquilo que tem sido uma contínua perda de valor: há um ano, as ações do Credit Suisse valiam 7,14 CHF e agora estão a valer 2,05 CHF.
O Credit Suisse, um banco com 167 anos de história, afirmou que estava a recorrer a este empréstimio para “fortalecer preventivamente a sua liquidez” e os fundos estavam a ser cedidos pelo banco central suíço, através da sua linha de empréstimo coberta e de uma linha de liquidez de curto prazo.
O empréstimo ocorre um dia depois do Banco Nacional da Suíça dizer que estava pronto para fornecer liquidez ao Credit Suisse “se necessário”, acrescentando que o banco atendeu a todos os “requisitos de capital e liquidez impostos a bancos sistemicamente importantes”.
O valor bolsista do Credit Suisse caiu quase 72% relativamente há um ano.
Num esforço para reduzir as despesas com juros, o Credit Suisse também anunciou que abrirá uma oferta para recomprar títulos de dívida no valor de cerca de US$ 3 biliões – incluindo 10 títulos em dólares americanos no valor de US$ 2,5 biliões e quatro títulos em euros no valor de US$ 530 milhões (€ 500 milhões).
O CEO do banco, Ulrich Koerner, diz que o banco está a tomar “ações decisivas” enquanto continua com o seu plano de transformação estratégica para “entregar um banco mais simples e focado, construído em torno das necessidades do cliente”.
O plano de reestruturação, lançado em outubro, incluiu um aumento de capital de quatro biliões de francos.
Dos EUA para a Europa
As ações de bancos globais sofreram um grande golpe nos últimos dias, apanhados no meio das preocupações de que o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) se pudesse transformar numa crise maior.
Vários grandes bancos europeus viram o valor de suas ações cair na quarta-feira, quando os temores sobre a saúde financeira das instituições bancárias atravessaram o Atlântico.
Em Paris, as ações do BNP Paribas caíram mais de 10%, enquanto o Société Générale terminou o dia em baixa de mais de 12%. As ações do Deutsche Bank listadas em Frankfurt caíram 9,25%, enquanto as ações do Santander caíram quase 7% em Madrid.
Porém, a situação de abalo do Credit Suisse não tem qualquer ponto de contacto com a do SVB.
Crise arrasta-se há muito
O banco Credit suisse, com sede em Zurique, que foi liderado durante nove meses, até janeiro de 2022, pelo português Horta Osório, tem vindo a lutar, na realidade, contra uma série de crises.
Com efeito, a maioria dos problemas do Credit Suisse, no entanto, é anterior ao colapso do SVB, incluindo temores de liquidez desencadeados por um aumento nas perdas de clientes no ano passado, que o banco diz que agora “se estabilizou em níveis muito mais baixos”, mas “ainda não foi revertido”.
O Credit Suisse sofreu levantamentos de depósitos no valor de 123,2 mil milhões de francos suíços (126 mil milhões de euros) no ano passado.
À medida que as preocupações com a saúde financeira do Credit Suisse começaram a aumentar, o seu principal acionista com 9,98%, o Saudi National Bank, descartou injetar mais fundos no banco, especialmente devido a razões “regulatórias e estatutárias”.
Esta nega do Saudi National Bank continua a inquietar muito os mercados e, dada a sua dimensão, há um fantasma que se abate sobe o setor bancário europeu acerca de a sua eventual queda poder ter um efeito sistémico, ou seja, de arrastar consigo outras instituições financeiras.
Por detrás da fragilidade do Credit Suisse está também uma deficiente capacidade dos organismos de regulação atuarem de forma eficaz, sendo evidência disso a série de escândalos nos últimos anos que assolaram o banco. No início desta semana, o Credit Suisse divulgou que tinha encontrado “fraquezas materiais” nos seus processos de relatórios financeiros que poderiam ter resultado em “declarações incorretas” de resultados financeiros.
O credor disse que a sua administração estava a trabalhar num plano para remediar o problema, acrescentando que o seu relatório anual “apresenta de forma justa” a sua situação financeira consolidada nos últimos dois anos.
Em 2021, o banco relatou uma perda de $ 1,72 bilião devido à falência do parceiro de fundos Greensill Capital e sofreu outro golpe de $ 5,5 biliões com o colapso do fundo de hedge Archegos Capital.
Em março passado, o tratamento do credor com informações sobre ativos ligados a oligarcas russos passou pelo escrutínio do comité de supervisão da Câmara dos EUA.
Em outubro do ano passado, o banco viu crescer o número de clientes que abandonaram o banco após rumores nas redes sociais gerarem preocupações sobre a saúde financeira do Credit Suisse.
No seu relatório de ganhos no mês passado, a empresa declarou rer assinalado perdas de US$ 8 biliões (CHF 7,3 biliões) em 2022 – a sua maior perda anual desde a crise financeira de 2008.
O banco Credit Suisse, que já sofreu perdas significativas nos últimos anos, agora é considerado por alguns analistas o “próximo dominó mais provável” por alguns analistas.
Os investidores agora procuram sinais de apoio dos governos e autoridades financeiras para estabilizar os mercados.
A situação ocorre em cima de uma reunião do Banco Central Europeu (BCE), que deve decidir subir as taxas de juros. Os investidores estão ansiosos para ver como o BCE reagirá à situação, enquanto o setor bancário luta para se ajustar às taxas mais altas e faz contas ao seu gfrau de exposição ao Credit Suisse. E embora se acredite que, por demasiado grande para cair, o Credit Suisse resistirá a esta dura crise,cfactualmente, neste momento, ninguém pode garantir, a 100%, que o banco continuará de pé.