Metade dos portugueses já está a comprar mais em segunda mão do que nos últimos cinco anos. E se no passado, o mercado de produtos usados tinha uma conotação negativa, hoje está a revelar-se como o novo chique… necessário, dada a preocupação em termos uma economia mais sustentável, que prolongue o tempo de vida dos diferentes aparelhos, incluindo smartphones.
À FORBES, Luísa Vasconcelos e Sousa, Country Manager da Swappie em Portugal, aborda o tema, destacando que 48% dos portugueses já está a comprar mais artigos em segunda mão agora do que nos últimos 5 anos, motivados cada vez mais pela sustentabilidade que essa escolha representa.
E se entre os produtos mais comprados em segunda mão pelos portugueses, a tecnologia representa 40%, depois de roupa (40%) e livros (45%), a Swappie apostou agora numa nova gama Premium baseada em iPhones recondicionados em estado imaculado, com aparência perfeita e bateria na capacidade máxima. “Percebemos que a preferência pela qualidade, o estado da bateria e ausência de sinais de uso pesam na decisão final e, por isso, esta categoria surgiu para colmatar estas necessidades”, diz Luísa Vasconcelos e Sousa, em entrevista à FORBES.
O mercado em segunda-mão era, há uns largos anos, visto com desdém. Hoje, isso mudou e é bem visto, pelo facto de ser uma atitude de atenção para os recursos e ambiente. Na Swappie, essa é uma perceção real?
Luísa Vasconcelos e Sousa: Não só é uma perceção real, como é uma parte fundamental da missão da Swappie desde o primeiro dia para fazer dos recondicionados a primeira opção na hora de comprar um novo telemóvel. As preocupações com a sustentabilidade e a pegada ecológica marcam cada vez mais as escolhas dos clientes, influenciando um consumo mais consciente, e, segundo o estudo que realizámos com a Kantar, metade dos portugueses [48%, de acordo com o estudo de mercado da Kantar, n.d.r.] já está a comprar mais em segunda mão do que nos últimos cinco anos.
“Metade dos portugueses já está a comprar mais em segunda mão do que nos últimos cinco anos”
Ainda assim, nem todas as pessoas enveredam por um smartphone usado. Que quota de mercado tem a venda de telemóveis recondicionados? Têm alguma ideia?
De facto, a tecnologia em segunda mão ainda não é uma categoria tão procurada como outras, por exemplo, livros ou roupa, mas há cada vez mais portugueses a conhecerem este conceito do usado ou recondicionado, como nos mostra o estudo com a Kantar. Na prática, a grande diferença entre um smartphone usado e um recondicionado está no processo de recondicionamento que deixa o aparelho como novo. Na Swappie, estes procedimentos são compostos por 52 etapas e são realizados em centros próprios que detemos no norte da Europa. No final, o utilizador tem a experiência de um telemóvel como novo, inteiramente funcional, e com uma garantia de dois anos para assegurar a qualidade do produto e nosso apoio ao cliente.
“O mercado dos smartphones recondicionados só no ano passado cresceu 11,5%, de acordo com a IDC”
Este conhecimento e esclarecimento dos consumidores é fundamental para alavancar o mercado dos smartphones recondicionados, que, de acordo com a IDC, só no ano passado cresceu 11,5%. Na Swappie, também registamos um crescimento muito positivo nos 17 mercados onde operamos e os resultados do estudo que fizemos também auguram um bom cenário para o futuro.
Quais são os desafios enfrentados por uma empresa como a vossa ao promoverem a venda de iPhones recondicionados num mercado ainda dominado pela preferência por produtos novos?
Existem alguns desafios a ultrapassar, sobretudo no que diz respeito à informação e esclarecimento dos consumidores sobre, afinal, do que se tratam smartphones recondicionados. De acordo com o estudo realizado, cerca de 20% dos portugueses ainda não compreende bem, por exemplo, a diferença entre um smartphone recondicionado (atravessa um processo para ficar como novo) e usado (não tem qualquer tratamento), sendo que na Swappie só vendemos iPhones recondicionados e que, depois de um rigoroso processo de 52 passos, estão prontos para serem utilizados.
Outro desafio passa pela confiança dos clientes no processo de compra e na garantia sobre o produto, preocupações às quais estamos atentos e que estão no âmago da Swappie – aliás, foi precisamente depois de uma má experiência e fraude na compra de um telemóvel usado que o nosso CEO, Sami, decidiu criar a sua própria empresa para trazer mais segurança e transparência à venda de smartphones recondicionados e, por isso, fomentar a sua compra. Além disso, também temos uma garantia extensa, de dois anos, o que contribui para a confiança na escolha destes aparelhos.
Acreditamos que, dotados de mais informação e com todas as dúvidas esclarecidas, os consumidores vão facilmente compreender, cada vez mais, as várias vantagens que os telemóveis recondicionados apresentam para a sua poupança e para o planeta.
“Temos uma garantia extensa, de dois anos, o que contribui para a confiança na escolha destes aparelhos”
O que motiva os consumidores a abraçar a compra de bens usados? Será que a componente preço é, efetivamente, o critério para essa opção e o critério ambiental é meramente referido “porque fica bem” em se apresentar também esse argumento?
O facto de o preço de um telemóvel recondicionado ser mais económico, comparativamente a um aparelho novo, continua a ser um dos fatores principais na decisão de compra. No entanto, o critério sustentabilidade está realmente a ganhar terreno, não é apenas “fogo de vista”. Como nos mostrou este estudo com a Kantar, para 40% dos portugueses a sustentabilidade é o motivo com mais peso na sua escolha, fazendo deste o segundo maior impulso para a compra de recondicionados.
“O critério sustentabilidade está a ganhar terreno, não é apenas ‘fogo de vista’”
É possível perceber qual é o cliente-tipo da Swappie, em termos de idade, estrato social?
Conseguimos perceber que são, sobretudo, as camadas jovens da população quem mais procuram os nossos smartphones recondicionados e que, para estes consumidores, o telemóvel é utilizado ao longo de todo o dia e para diferentes fins, do trabalho ao entretenimento, como revelou um estudo que realizámos em 2022. Apesar de o nosso target ser um público mais jovem, o estudo revela-nos que estamos também a alcançar gerações mais velhas, indicando que a compra de smartphones recondicionados se está a generalizar positivamente.
“São, sobretudo, as camadas jovens da população quem mais procuram os nossos smartphones recondicionados, mas estamos também a alcançar gerações mais velhas”
Criaram uma recente categoria Premium. O que é que a caracteriza e que iPhones podem as pessoas encontrar aí?
A Série Premium surgiu da necessidade de responder às exigências e preocupações que sabemos que ainda afetam a escolha dos consumidores na hora de comprar um telemóvel recondicionado. No estudo feito este ano, percebemos que a preferência pela qualidade, o estado da bateria e ausência de sinais de uso pesam na decisão final e, por isso, esta categoria surgiu para colmatar estas necessidades. Com esta nova gama de produto, reforçamos a nossa oferta de iPhones recondicionados em estado imaculado, com aparência perfeita e bateria na sua capacidade máxima – portanto, os consumidores têm toda a experiência de um telemóvel novo num smartphone recondicionado e “amigo” do ambiente.
“A preferência pela qualidade, o estado da bateria e ausência de sinais de uso pesam na decisão final”
Esta é uma opção limitada a cerca de 1% de toda a oferta da Swappie, com garantia de que a Swappie os compra de volta caso o utilizador queira vender e que vem alargar o ciclo de vida da tecnologia e contribuir para que mais consumidores, por mais exigentes que sejam, optem preferencialmente por comprar um smartphone recondicionado e com menos impacto no ambiente.
O mercado de produtos usados e recondicionados é o novo chique?
Mais que o novo chique, é uma opção necessária para, em conjunto, contribuirmos positivamente para a sustentabilidade do planeta e a economia circular. Todas as nossas escolhas impactam o ambiente e, ao ritmo a que a tecnologia é consumida e descartada, sentimos ser urgente mudar este panorama. Os produtos usados, em segunda mão e recondicionados são um aliado essencial nesta missão, e na Swappie queremos continuar a reforçá-los como a escolha consciente para alcançar esse objetivo.
“Produtos usados: mais do que o novo chique, é uma opção necessária”
Como é que a venda de iPhones recondicionados contribui para a redução do impacto ambiental em comparação com a produção de novos dispositivos?
Os telemóveis recondicionados apresentam-se como uma opção essencial para reduzir a pressão da produção de tecnologia no planeta, através do prolongamento do ciclo de vida de um aparelho. Por um lado, o processo técnico realizado pelos nossos especialistas em centros próprios permite reduzir em cerca de 78% as emissões de carbono associadas à produção de novos aparelhos. Por outro, ao darmos continuidade ao uso de um aparelho já existente estamos a evitar o seu desperdício e acumulação de mais lixo eletrónico, uma das ameaças mais prementes e que, segundo um estudo da ONU, em 2030 poderá chegar às 75 milhões de toneladas em todo o mundo.
“Telemóveis recondicionados são uma opção essencial para reduzir a pressão da produção de tecnologia no planeta, através do prolongamento do ciclo de vida de um aparelho”
A Swappie vai manter-se fiel ao recondicionamento de iPhones ou está previsto alargar o seu raio a outros smartphones?
Para já, estamos apenas a investir no mercado de iPhones, com a ambição de continuarmos a ser a marca de referência para estes aparelhos e de melhorarmos continuamente os nossos processos. O mercado de iPhones tem uma grande dimensão e, neste momento, representam cerca de 80% do valor atual da economia circular. Por isso, há também muito potencial a explorar, sem ser necessário expandirmos para outras áreas para já.
“O mercado de iPhones tem uma grande dimensão e, neste momento, representam cerca de 80% do valor atual da economia circular”
Quando a Swappie foi criada, foi notória que a maior barreira para os consumidores estava na confiança em todo o processo e na qualidade dos aparelhos. Ao focarmo-nos numa categoria apenas, temos conseguido garantir essa qualidade enquanto expandimos as nossas operações. Não queremos ser medianos a oferecer uma grande variedade de produtos, mas antes ser os melhores num desses aparelhos e, assim, decidimos focar-nos a fazer o melhor possível com esse produto antes de expandir para outros.
Em termos de estratégia da marca, há novidades previstas para os próximos tempos que nos possam antecipar?
Neste momento, o nosso foco é alavancar o crescimento da Swappie em toda a Europa e tornarmo-nos líder europeu no setor do recondicionamento de iPhones. Estamos a explorar a possibilidade de chegar ainda mais longe, mas ainda não está nada decidido de forma definitiva.