A consultora JLL fez as contas e concluiu que o investimento em imobiliário comercial atingiu os 221 milhões de euros no primeiro trimestre de 2021, período que coincide com o segundo confinamento geral imposto pela pandemia Covid-19. Deste valor, 95% tem origem em investidores internacionais.
De acordo com o relatório trimestral de mercado, Market Pulse, a que a FORBES teve acesso, este montante mais do que duplica os 90 milhões de euros transacionados no anterior confinamento, ocorrido durante o segundo trimestre de 2020.
Sobre este desempenho do investimento imobiliário, o diretor geral da JLL, Pedro Lancastre, salienta que se trata de “um resultado notável, considerando que a atividade voltou a desenvolver-se num cenário de confinamento geral, o que atrasou diversos processos em curso”. Pedro Lencastre destaca ainda que “é um montante em mais de duas vezes superior ao transacionado no anterior confinamento, comprovando que, mesmo havendo um fecho generalizado, os investidores encararam este período com maior confiança do que anteriormente, bem como que o apetite pelo mercado português continua forte”.
Por segmentos de investimento, o Market Pulse da JLL, conclui que a ocupação de escritórios em Lisboa no trimestre em causa somou 29.000 metros quadrados, o que traduz uma redução de 26% face ao registado no primeiro confinamento, “mas a absorção do ano passado ainda refletiu a realização de muitas operações pré-Covid”. O mesmo relatório detalha que este segmento é responsável por 70% do montante investido, “perspetivando-se que, em 2021, seja uma das classes de ativos com maior preponderância”.
No retalho, o segundo confinamento voltou a ter impacto negativo tanto no número de visitantes como nas vendas, quer no comércio de rua quer nos centros comerciais. Ainda assim, somou cerca de 15% do total de investimento, destacando-se o dinamismo dos supermercados e hipermercados como produto de investimento.
No sentido contrário, a habitação voltou “a mostrar a sua resiliência no arranque do ano, exibindo uma atividade dinâmica, tanto por parte dos compradores nacionais, como dos internacionais”, pode ler-se no comunicado da consultora. A JLL sublinha que houve “um ajustamento em baixa dos preços, sobretudo em zonas com forte predominância de turistas e maior predominância de aquisição para investimento”.
Pedro Lencastre admite que, de uma forma geral, o segundo confinamento foi menos penalizador para o mercado imobiliário do que o primeiro. Uma das justificações resulta, nas palavras do gestor, “à solidez do mercado imobiliário, que vinha de um ciclo de forte crescimento e tinha já conquistado um posicionamento sólido a nível internacional, com uma oferta moderna e de qualidade, bem como uma procura cada vez mais diversificada em termos de origens e perfil de investidores, algo que não consideramos reversível”. Apesar de reconhecer que o setor enfrenta novos desafios trazidos pela pandemia, Pedro Lencastre não tem dúvidas que “o mercado imobiliário tem condições para recuperar os bons níveis de atividade ainda este ano”.