Quando se fala de investimento, o que normalmente vem associados são tópicos como rentabilidade, margens, lucros e outros indicadores financeiros. Mas será que, enquanto investidores, essas devem ser as nossas maiores, e talvez, únicas preocupações? Sou da opinião que nos devemos preocupar com muito mais do que isso e neste artigo explico porquê.
Eu sou daqueles que vê o dinheiro como uma extensão daquilo que somos, por isso, a forma como ganhamos, gastamos e o rentabilizamos é, ou deve ser, também revelador daquilo que acreditamos e defendemos.
Nos hábitos de consumo, vemos isto a acontecer já com bastante frequência. Cada vez mais vejo pessoas no supermercado a fazerem as suas compras olhando a muito mais coisas do que o preço. Há quem se preocupe com a qualidade dos ingredientes, com a origem dos mesmos, com os materiais da embalagem ou com uma mistura de tudo isto. Isto é algo que me faz muito sentido, na verdade. Se o consumidor for, por exemplo, defensor e promotor dos produtos locais, então deverá evitar ao máximo comprar produtos que venham do outro lado do mundo, certo? Se optar por comprar esses produtos, então toda a sua “luta” será em vão já que, na prática, depois é o primeiro a não aplicar esses princípios.
Se no consumo vejo sinais desta consciencialização, no mundo dos investimentos, já tenho algumas dúvidas e penso que os investidores ainda continuam muito, talvez demasiado, focados em rentabilizar o seu dinheiro ao máximo, sem olharem bem à forma como isso está a acontecer. É verdade que alguns investidores, principalmente mais recentes, o farão porque não entendem o investimento, o que está, por si só, errado, mas haverão outros que entendem perfeitamente o que estão a fazer, talvez até o critiquem à mesa de jantar, mas optam por o fazer na mesma.
O investimento não deve ser diferente do consumo. Se temos valores ou ideais que queremos honrar, então o sítio onde colocamos o nosso dinheiro deve seguir essa mesma lógica. Se, por exemplo, sou defensor das energias renováveis e, por isso, opto por ter painéis solares em casa e por contratar eletricidade a um comercializador que tenha essas preocupações, então porque não investir exatamente nesse tipo de empresas e fazer com que o meu dinheiro seja uma parte ativa dessa mudança que acredito ser correta?
Assim, gostava de desafiar todos os investidores, mais ou menos experientes, a olharem para as suas carteiras e pensarem “se alguém olhasse para isto, o que pensaria de mim e das minhas ideias?”. Isso poderá ser um bom indicador para lhe mostrar se está, ou não, numa direção que alinhe o que defende com aquilo que faz, efetivamente.