Depois de terem crescido 1% em 2022, as insolvências a nível mundial deverão registar um aumento de 6% em 2023, e mais de 10% em 2024. As previsões são da Allianz Trade, no seu Relatório Global de Insolvências, no qual são reveladas as estimativas para os anos de 2023 e 2024. Segundo este documento, as insolvências na Zona Euro deverão aumentar 17% em 2024, sendo que em Portugal as insolvências deverão crescer 17% até ao final deste ano e 19% em 2024.
Quais as causas para esta aceleração nas falências empresariais? A Allianz Trade explica que a diminuição das receitas das empresas está a ganhar força num contexto de menor poder de fixação de preços e uma procura mundial mais fraca. Em comunicado, a empresa avança que, a partir do segundo trimestre de 2023, o recuo das receitas foi generalizado em todas as regiões, pela primeira vez desde 2020, tendo como consequência a redução da rentabilidade e as dificuldades de liquidez.
“A maioria das empresas não consegue aumentar as suas posições de tesouraria através de operações no contexto de um crescimento económico mais baixo ou mais longo”, diz Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade.
Ou seja, as empresas de alguns setores mais vulneráveis, como os transportes, a hotelaria e o comércio retalhista, estão perante um grande desafio em 2023, sendo que outros, como a construção, estão a recuperar rapidamente.
“As empresas ainda têm uma quantidade considerável de fluxo de caixa, de cerca 3,4 biliões de euros na Zona Euro e 2,5 biliões de dólares nos EUA. Mas estas reservas permanecem altamente concentradas nas mãos de grandes empresas e em setores específicos, como a tecnologia e o consumo discricionário. E, geralmente, a maioria das empresas não consegue aumentar as suas posições de tesouraria através de operações no contexto de um crescimento económico mais baixo ou mais longo. Em suma, esperamos duas acelerações nas insolvências de empresas a nível mundial, com mais 6% em 2023 e mais 10% em 2024, após 1% em 2022”, afirma Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade.
Três em cada cinco países terão níveis de insolvência anteriores à pandemia
A Allianz Trade prevê também que, no final de 2023 a normalização das insolvências estará concluída na maioria das economias, mas que muitos países assistam ainda aumentos de dois dígitos, pelo menos até finais de 2024. Entre estes contam-se os Estados Unidos, com um crescimento de 47%, a França com um incremento de 36%, os Países Baixos com mais 59%, a Coreia do Sul, com mais 41% e o Japão. Em ambos os lados do Atlântico o crescimento do PIB teria de duplicar para estabilizar o número de insolvências, o que não deverá acontecer antes de 2025.
Com os empréstimos bancários já a escassear para as PME, colmatar este défice de financiamento pode ser um desafio significativo”, explica Aylin Somersan Coqui, diretor executivo da Allianz Trade.
“Num contexto de abrandamento do crescimento económico mundial, é provável que os prazos de pagamento se prolonguem, contribuindo para o aumento das insolvências nos próximos trimestres: Os dias de vendas pendentes a nível mundial já ultrapassam os 60 para 47% das empresas. Com os empréstimos bancários já a escassear para as PME, colmatar este défice de financiamento pode ser um desafio significativo”, explica Aylin Somersan Coqui, diretor executivo da Allianz Trade.
Na Europa Oriental, o aumento das insolvências deverá ultrapassar os 10% na Alemanha, na França, no Reino Unido e na Itália. Portugal está na lista dos países que deverão registar os maiores aumentos em 2023, a par com a Itália, com mais 24% e os Países Baixos, com mais 28%.