As insolvências em Portugal devem crescer 19% este ano e 4% em 2024, de acordo com a Allianz Trade na sua análise económica. Para a Zona Euro, estes especialistas reviram em alta ligeira as projeções, estimando agora que as insolvências das empresas – em particular pequenas e médias – aumentem 23%, com economias como a França e a Alemanha a experienciarem um aumento significativo.
Refere a Allianz Trade, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, que “com o fim dos confinamentos e da pandemia de COVID-19, os apoios às empresas atribuídos pelos governos um pouco por toda a Zona Euro já terminaram ou estão a chegar ao fim” e, em vários casos, as “ajudas dadas pelos governantes para minimizar a forte escalada dos preços da energia, após o início da guerra na Ucrânia, estão a terminar” também. Acresce ainda o facto de as empresas em vários países estarem “agora a fazer face aos encargos com empréstimos públicos obtidos durante o período pandémico, o que representa um desafio para muitas companhias”.
De acordo com a Allianz Trade, após a pequena recuperação em 2022, de 2%, as insolvências globais deverão agora aumentar 21% em 2023 e 4% em 2024.
A Alemanha, principal economia da Zona Euro, deverá registar uma subida de 22% das insolvências, de acordo com os dados da Allianz Trade, presentes no estudo “No rest for the leveraged”.
Já a França, a segunda maior economia do Euro, deverá ver as insolvências de empresas disparar 41% em 2023.
Os Países Baixos também deverão conhecer uma subida expressiva das insolvências, um crescimento na casa dos 52%, antecipam os especialistas.
Fatores que criam dificuldades às empresas
Outro fator a ter em conta, realça a COSEC, e que leva a um aumento das dificuldades das empresas, é que a procura por bens e serviços deverá continuar em níveis abaixo do necessário para estabilizar as insolvências: “As previsões sugerem que a economia mundial registe neste ano um crescimento lento, depois de dois anos de pandemia, que causaram fortes perturbações nas cadeias de abastecimento, e mais de um ano de guerra na Ucrânia que fez disparar preços de matérias-primas e da energia”.
A COSEC acrescenta que outro elemento a considerar se prende com a pressão prolongada sobre as margens de lucro das empresas, assim como dificuldades de financiamento, que “enfraquecem as almofadas financeiras das empresas do bloco da Moeda Única, podendo representar um teste à resiliência das empresas”.
A Allianz Trade admite ainda que os custos elevados de produção vão manter-se, bem como a recuperação dos salários e os efeitos prolongados do aumento das taxas de juro. “Estes fatores, representam riscos para as empresas que, conjugados com um enfraquecimento da procura mundial por bens, pode significar uma redução da capacidade das companhias para fazer refletir nos consumidores a subida dos preços”, sublinham estes analistas.
Insolvências sobem, no Reino Unido, China e EUA
Os dados da Allianz Trade demonstram que um aumento das insolvências não terá lugar apenas na Zona Euro. Reino Unido, China e EUA, entre outras economias, também vão enfrentar o mesmo cenário, embora em escalas diferentes.
O Reino Unido deverá assistir a um aumento de 16% das insolvências este ano. A pressionar a evolução das firmas britânicas estão um conjunto de fatores como a desaceleração económica, inflação elevada e uma política monetária mais restritiva. A somar a isto, as companhias britânicas têm ainda de fazer face às questões relacionadas com o Brexit.
Já nos Estados Unidos, as insolvências deverão aumentar 49% em 2023, segundo as previsões Destes especialistas em seguro de créditos, “refletindo condições de crédito mais restritivas e um abrandamento económico”.
“Estimamos que a Zona Euro e os EUA necessitariam de registar um crescimento adicional do PIB em 2023-2024 para que o nível de insolvências estabilizasse. Neste momento, o número de insolvências para empresas com mais de 50 milhões de euros de receitas está ligeiramente acima dos níveis pré-pandémicos e as empresas deverão estar atentas. A construção, o comércio, o retalho e os serviços são os setores mais afetados”, afirma Maxime Lemerle, Analista Principal da Área de Insolvency Research da Allianz Trade.
Quanto à China, as estimativas apontam que a segunda maior economia do mundo deverá registar uma subida de 4% neste ano, dado que o fim das restrições devido à COVID-19 e consequente reabertura económica não eliminaram todos os riscos, nomeadamente em setores como o imobiliário e construção, defendem os especialistas.