Decorreu recentemente em Itália a conferência da associação europeia que representa as empresas que gerem autoestradas e pontes com portagens, a ASECAP. Neste evento, Portugal foi o participante externo com mais apresentações e oradores, “o que mostra como Portugal é reconhecido internacionalmente pela sua inovação”, revela, em entrevista à Forbes Portugal, Manuel Melo Ramos, presidente da APCAP, associação nacional de empresas de autoestradas e pontes com portagem. Criada em 2001, com três sócios fundadores – a Lusoponte, a Autoestradas do Atlântico e a Aenor -, a APCAP tem hoje 20 associados, e é a terceira maior associada da ASECAP.
Questionado sobre a razão deste reconhecimento internacional, este responsável refere que, em Portugal este setor é, há décadas, um laboratório de soluções de ponta, através da investigação e inovação. “Os operadores de autoestradas com portagem têm vindo a permitir o desenvolvimento de um conjunto de soluções que beneficiam a economia e a sociedade. Este ecossistema favorece a inovação e está muitas vezes associado a profissionais de investigação de alto nível e a universidades” afirma.
O setor das infraestruturas rodoviárias concessionadas em Portugal é relevante, com um volume de investimento anual na manutenção, operação e renovação de infraestruturas de cerca de 500 milhões de euros, dando emprego direto a mais de 3 mil pessoas.
O responsável aponta algumas razões pelas quais Portugal se destaca entre as suas congéneres. Distinguem-se, entre elas, a aposta nas parcerias com a academia, o investimento realizado pelas empresas portuguesas no desenvolvimento e inovação, e a implementação de tecnologias avançadas de mobilidade inteligente. Por outro lado, existem também projetos de cooperação transfronteiriça que permitem reduzir os constrangimentos de operabilidade entre diferentes países e ainda soluções de gestão de tráfego que aumentam a segurança dos condutores e a eficiência dos recursos.
“Os dados de desempenho operacional, como a redução de acidentes graves nas autoestradas e pontes geridas pelos associados da APCAP, bem como o facto de ser um dos países com melhor penetração de pagamento totalmente automático e com menor percentagem de pagamentos manuais (entre os associados da ASECAP), suportam este reconhecimento”, remata o responsável.
O setor das infraestruturas rodoviárias concessionadas em Portugal é relevante, com um volume de investimento anual na manutenção, operação e renovação de infraestruturas de cerca de 500 milhões de euros, dando emprego direto a mais de 3 mil pessoas.
A inovação portuguesa a dar cartas
Em Itália, a APCAP e as empresas suas associadas apresentaram uma série de inovações que estão ou que vão revolucionar a gestão, a manutenção e a segurança das estruturas rodoviárias, segundo Manuel Melo Ramos.
Uma dessas inovações é a utilização do C-ITS, que são sistemas de gestão inteligente, na melhoria da gestão rodoviária. Estes sistemas permitem a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, prestando serviços de informação de melhor qualidade, melhorando a qualidade do ar e aumentando o acesso ao emprego e aos serviços.
Manuel Melo Ramos enumera ainda um projeto de eletrificação das frotas de assistência rodoviária que tem contribuído para a redução significativa das emissões de CO2 da frota, igualmente apresentado no evento. Outra solução que teve destaque foi a gestão de movimento de taludes por monitorização de satélite e que pode ajudar a identificar problemas de forma precoce e a gerir preventivamente.
Entre os vários projetos apresentados estava ainda a utilização do LIDAR no reconhecimento e mapeamento de ativos rodoviários; uma inovação nos sistemas de pagamento de portagem. A cooperação transforonteiriça no combate à fraude na cobrança de portagem e a digitalização da gestão de tráfego rodoviário, são mais dois exemplos de inovação nacional apresentada em Itália.
Questionado sobre o número de startups nesta área, o presidente da APCAP disse à Forbes Portugal que “não temos dados que permitam saber quantas startups existem ao certo no setor das infraestruturas e dos transportes, mas existem centros de inovação, de investigação e pequenas empresas inovadoras em áreas como a Inteligência Artificial, a gestão de frotas, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), a engenharia civil, a gestão ambiental, a segurança rodoviária, nos meios de pagamento, entre muitas outras, que estão a trabalhar no sentido de transformar o mundo da mobilidade e de apresentar propostas que de facto melhorem a vida das pessoas que os utilizam”.