Indústria química europeia com crescimento estagnado em 2025 e 2026

Custos energéticos e alteração das políticas comerciais. Estes são dois dos principais fatores que estão a provocar a estagnação do setor químico na Europa, cujo crescimento será apenas residual de apenas 0,2% em 2025 e 0,4% em 2026. Segundo um estudo da Crédito Y Caución, empresa de seguros de crédito interno e de exportação, a…
ebenhack/AP
Segundo uma análise da Crédito Y Caución, o setor químico sofre atualmente de vários constrangimentos a nível mundial, como o aumento dos custos da energia e as tarifas comerciais. Este ano o setor apenas vai crescer globalmente 2,1% e apenas terá um acréscimo de 1,5% em 2026.
Economia

Custos energéticos e alteração das políticas comerciais. Estes são dois dos principais fatores que estão a provocar a estagnação do setor químico na Europa, cujo crescimento será apenas residual de apenas 0,2% em 2025 e 0,4% em 2026.

Segundo um estudo da Crédito Y Caución, empresa de seguros de crédito interno e de exportação, a indústria química é altamente dependente dos preços da energia e das mudanças das políticas comerciais, pelo que o setor está a sentir vários constrangimentos a nível mundial. O crescimento global está, por isso, a desacelerar significativamente. Depois de um crescimento de 4,7% em 2024, o acréscimo deste ano deve ficar-se pelos 2,1% e no próximo ano será apenas de 1,5%.

Estima-se que nos próximos anos, a região Ásia-Pacífico continue a liderar o crescimento do setor químico, seguida dos Estados Unidos, que beneficiam do acesso a gás de xisto a preços competitivos. 

Trata-se de um setor condicionado por múltiplos fatores diretos e indiretos. A sua forte dependência de matérias-primas derivadas do petróleo e do gás, aliada à exposição às tensões comerciais internacionais, constitui uma vulnerabilidade crítica. Estima-se que nos próximos anos, a região Ásia-Pacífico continue a liderar o crescimento do setor químico, seguida dos Estados Unidos, que beneficiam do acesso a gás de xisto (gás natural extraído de rochas sedimentares) a preços competitivos.

No caso da Europa é ainda mais sintomático o impacto da guerra comercial e do aumento dos custos da energia, já que o crescimento é quase nulo. Por um lado, o impacto no setor dos custos da energia, acelerado pela guerra na Ucrânia, a partir de 2022, e por outro a redução do comércio global, com as tarifas às importações impostas pelo executivo de Donald Trump, têm sido um travão ao desenvolvimento desta indústria.

Os custos energéticos estruturalmente mais elevados continuam a ser um desafio fundamental para os produtores europeus. É provável que os preços do gás se mantenham acima dos níveis pré-crise por tempo indeterminado, uma vez que a Europa substitui o gás russo por importações globais de gás natural liquefeito. Os preços mais elevados do gás enfraquecerão a competitividade a longo prazo com os rivais americanos e asiáticos.

Crescimento deverá surgir a partir de 2027

Segundo os analistas da Crédito Y Cáucion, o setor deverá estabilizar a partir do próximo ano. “No entanto, esperamos que as taxas de crescimento dos produtos químicos se recuperem a partir de 2027, quando um importante pacote fiscal deverá entrar em vigor. Apesar do desempenho lento nos últimos dois anos, a situação financeira da indústria continua estável, com uma capitalização sólida, bom acesso a financiamento externo e um perfil de dívida bem equilibrado”, pode ler-se no relatório. O estudo ressalva ainda que, no entanto, como os preços da energia deverão permanecer acima dos níveis pré-crise, a menor competitividade internacional é uma questão preocupante. Existe a possibilidade de os fabricantes alemães de produtos químicos se mudarem para países onde os custos da energia são mais baixos.

Na Europa, o seu desempenho será suportado pela procura de indústrias como a da construção, da borracha e dos plásticos. O setor automóvel europeu, um dos seus maiores clientes, está igualmente a prejudicar o seu crescimento. A indústria automóvel alemã, que atravessa dificuldades, é um importante setor comprador, e as tarifas dos estados Unidos aplicadas sobre as exportações de automóveis alemães estão a prejudicar o subsetor de tintas e vernizes. O research avança que as tarifas dos Estados Unidos podem desviar mais exportações chinesas para a Europa, reduzindo a procura por produtos europeus fabricados com produtos químicos locais.

Os custos energéticos estruturalmente mais elevados continuam a ser um desafio fundamental para os produtores europeus.

Além disso, a China deverá expandir a sua produção química a uma taxa de crescimento anual composta de 10% nos próximos três anos, agravando o excesso de oferta global de produtos químicos e provavelmente pressionando ainda mais os preços globais dos produtos químicos. Isto tornará ainda mais difícil para os produtores europeus competir. A fim de reduzir custos e melhorar a eficiência operacional, várias instalações foram encerradas nos últimos dois anos na União Europeia e no Reino Unido. Em julho de 2025, a Comissão Europeia lançou um Plano de Ação da Indústria Química Europeia com o objetivo de apoiar o setor químico europeu. Este plano aborda desafios urgentes, tais como os elevados custos energéticos, a concorrência global, a complexidade regulamentar e a sustentabilidade ambiental.

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