Um novo índice, conhecido como o Índice da Humanidade (IH), foi delineado na Humanity Summit que decorre em Portugal – Lisboa e Faro – até dia 22, onde estão reunidos defensores dos direitos humanos, sociedade civil, chefes de estado, membros do parlamento, agentes de mudança, investidores de impacto, empresas e estudantes.
O grande objetivo da criação deste novo Índice prende-se com a necessidade da aplicação de uma ferramenta que vá além das métricas tradicionais de avaliação do crescimento económico para assinalar o verdadeiro progresso humano.
O Índice da Humanidade, agora desenvolvido, pode ser comparado a outras medidas bem conhecidas, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Indicador de Progresso Genuíno (GPI).
De acordo com a organização do Humanity Summit, este Índice foi projetado com o objetivo de fornecer uma visão mais abrangente das condições de vida das pessoas em todo o mundo, levando em consideração múltiplas dimensões da existência humana, incluindo a tão falada “justiça epistémica”.
O IDH, um dos índices mais amplamente utilizados, avalia o desenvolvimento humano com base em três dimensões principais: expectativa de vida, educação e rendimento. Contudo, o IDH não incorpora indicadores relacionados à liberdade política ou transparência, que são componentes fundamentais do Índice da Humanidade. Assim, o IH adota uma metodologia mais aprofundada, incorporando perspetivas interseccionais feministas e procedimentos de ponderação.
O GPI é outro índice notável que mede o bem-estar económico, social e ambiental, incluindo preocupações como criminalidade e poluição. Embora o GPI leve em conta alguns indicadores de justiça social e sustentabilidade ambiental, não aborda explicitamente a liberdade política ou a educação como componentes centrais.
Uma ferramenta para a equidade
Assim, o novo IH destaca-se pela sua abordagem mais abrangente e interseccional feminista na avaliação do bem-estar e progresso humanos. Ao considerar fatores como liberdade política, educação e justiça económica, esta ferramenta oferece uma perspetiva mais completa do desenvolvimento humano. O IH promete ser uma ferramenta valiosa para formuladores de políticas e defensores que buscam promover sociedades mais equitativas e sustentáveis. O seu enfoque interseccional torna-o particularmente sensível às necessidades e experiências das comunidades marginalizadas, representando um passo significativo em direção a um futuro mais inclusivo e igualitário.
No documento, a que a FORBES teve acesso, que detalha este índice, é destacada a importância de medir estes aspetos para alcançar um desenvolvimento humano sustentável e equitativo em todo o mundo.
O documento também fornece uma visão geral dos componentes e subcomponentes do IH, onde é explicada a metodologia usada para calcular as pontuações de cada indicador. Além disso, detalha os procedimentos de ponderação e normalização utilizados para garantir que todos os indicadores sejam tratados de maneira adequada. Adicionalmente, são apresentadas as fontes de dados e as medidas de controle de qualidade que garantem a precisão e confiabilidade do índice.
Para calcular o novo Índice, cada país é avaliado em relação a indicadores específicos, como a expectativa de vida, taxa de alfabetização, desigualdade de rendimento e liberdade política.
O diferencial deste índice está na ponderação desses indicadores, levando em consideração a sua relevância relativa para o desenvolvimento humano global. Por exemplo, fatores como educação e justiça económica podem receber um peso maior do que indicadores relacionados a direitos migratórios, dependendo do contexto específico e dos objetivos do índice.
Uma vez que as pontuações são atribuídas a cada indicador, elas são normalizadas numa escala de 0 a 100, onde 0 representa o pior cenário possível e 100 indica o melhor desempenho. Este critério possibilita uma comparação fácil entre países ao longo do tempo e oferece uma visão clara do progresso em direção ao alcance do desenvolvimento humano sustentável.
O IH também se destaca pela sua abordagem holística, reconhecendo a complexa interseção das diferentes dimensões da vida humana. Por exemplo, a desigualdade económica e a falta de acesso à saúde podem afetar de forma desproporcional comunidades marginalizadas, como mulheres, pessoas de diferentes raças e indivíduos LGBTQ+.
Uma das principais aplicações do IH é servir como base para o desenvolvimento de políticas. Ao avaliar diversos aspetos do bem-estar humano, o índice identifica áreas em que um país ou região pode estar a ficar para trás. Por exemplo, se o índice revelar que a educação é um ponto fraco, os decisores políticos podem priorizar o financiamento da educação e implementar iniciativas políticas direcionadas para melhorar este componente essencial.
Outra função crucial é responsabilizar os governos pelos seus compromissos com o bem-estar humano e o progresso. Defensores e organizações da sociedade civil podem utilizam o documento para pressionar os governos a cumprir as suas promessas. Por exemplo, se um governo se comprometeu a promover a igualdade de género, mas o índice revelar que o país está com baixas pontuações na subcomponente de igualdade de género, essa informação pode ser usada como uma ferramenta poderosa para pressionar para ações concretas.
Além disso, é uma ferramenta valiosa para promover mudanças sociais. Ao aumentar a conscientização sobre questões relacionadas ao bem-estar humano e ao progresso, o índice pode mobilizar o apoio da comunidade e promover ações efetivas. Se o índice revelar que grupos ou regiões específicas enfrentam barreiras significativas para alcançar prosperidade económica ou liberdade política, os defensores podem usar esses dados para impulsionar mudanças significativas.