O imobiliário nacional está a atravessar uma fase de crescimento consolidado, com os investidores internacionais a apostarem em Portugal para conseguirem um bom rendimento para os seus ativos.
Em 2024 o investimento imobiliário terá crescido qualquer coisa como 28%, face a 2023, atingindo um total de 2.170 milhões de euros, segundo as previsões da Cushman & Wakefield. E deste montante, o capital estrangeiro representa cerca de 74%, uma percentagem que cresceu face a 2023.
As preferências dos investidores situaram-se no segmento do retalho, que recebeu cerca de metade do valor investido (49%), e a hotelaria, cuja fatia ascendeu a perto de um quarto do montante total (22%).
A consultora imobiliária, liderada por Eric Van Leuven, destacou duas das maiores transações do ano na área do retalho, ambas em centros comerciais: a aquisição, pela Lighthouse Properties à Ceetrus, do Alegro Montijo e a compra, pela Castellana Properties à Harbert, do LoureShopping, 8.ª Avenida e RioSul Shopping. O primeiro negócio alcançou um valor de 178 milhões de euros e o segundo ficou próximo, com um montante de 117 milhões de euros.
Relativamente à ocupação deste segmento, o retalho manteve uma tendência ascendente, sobretudo devido ao nível da oferta futura de retail parks e do número de novas aberturas, que registou um acréscimo de 15% face ao ano anterior.
Foram vários os negócios de relevo realizados durante em 2024, na área do retalho, como a compra do Alegro Montijo, por 178 milhões de euros.
Já na hotelaria o destaque dos negócios do ano vai para a compra do Conrad Algarve, que passou das mãos da DK Partners para o Grupo Quinta do Lago, num negócio cujo valor ascendeu a 150 milhões de euros. Outro negócio de monta foi a aquisição do Sofitel Lisboa Liberdade, por um investidor privado, que pagou 75 milhões de euros à Accor Invest pela transação. Outro negócio de destaque foi a aquisição, pela BTG Pactual do The Oitavos, que pertencia ao Grupo Champalimaud, por um montante entre os 70 e os 80 milhões de euros.
Em geral, o segmento da hotelaria manteve um desempenho positivo durante o ano de 2024, com um aumento transversal dos principais indicadores, apesar do abrandamento natural nas taxas de crescimento. Até outubro, os proveitos totais cresceram 10% face ao mesmo período do ano anterior. Durante o ano de 2024 foram inauguradas perto de 60 novas unidades, que disponibilizaram 3.500 quartos. Uma das maiores aberturas foram o Locke de Santa Joana, em Lisboa, com uma oferta de 370 quartos, o B&B Hotel Porto Gaia com 210 quartos, e o Icon Apartments, no Porto, com 170 quartos.
Escritórios com aumento de procura
Representando 13% do total do investimento imobiliário, o segmento dos escritórios movimento cerca de 290 milhões de euros de negócios. Destaca-se aqui a aquisição da K Tower pela Real I.S. à Krestlis, um valor que se situou entre os 75 milhões de euros e 80 milhões de euros.
No que diz respeito à ocupação de escritórios esta registou aumentos significativos nos volumes de absorção das duas principais cidades do país: cerca de 120% na Grande Lisboa e 33% no Grande Porto.
Uma fatia de 12% do investimento imobiliário total foi canalizado para os ativos alternativos, nomeadamente na área de residências para estudantes. Aqui destaca-se a compra pela Xior do Home & Co Campo Pequeno por 58 milhões de euros e a aquisição pela Stoneshield Capital de duas unidades em Lisboa, num valor compreendido entre 55 milhões de euros e 60 milhões de euros.
Temos por fim a área industrial e de logística, que presenta apenas 5% do investimento total, ou seja, cerca de 100 milhões de euros. O negócio maior do ano foi a aquisição dos imóveis Imocar na Azambuja, feita pela SIVA à Norfin por um montante que ronda os 25 a 30 milhões de euros. A atividade ocupacional do mercado de industrial e logística registou um aumento homólogo de 36% nos três primeiros trimestres de 2024, ficando nesse período 19% acima do total anual de 2023.
O que 2025 reserva a este setor
As estimativas da Cushman & Wakefield apontam para que se mantenha o movimento de contração das taxas de referência dos bancos centrais, iniciado na segunda metade de 2024. “As expetativas apontam para um impacto positivo no mercado imobiliário comercial nacional, continuando em 2025 a tendência de recuperação já registada no segundo semestre de 2024. Após um período de estabilidade das taxas de rentabilidade transversal a todos os setores durante grande parte do ano de 2024, no último trimestre do ano registou-se uma compressão de yields apenas no setor de retalho. Para 2025 prevê-se uma redução de yields, e consequente aumento de valor, para os restantes setores. Em termos de valores de arrendamento, o aumento da procura por espaços e a escassez de oferta de qualidade deverá continuar a justificar aumentos pontuais das rendas brutas de referência para os melhores ativos”, comenta, a propósito, Eric van Leuven.